Participamos de vários encontros com a Volkswagen para conhecer design e a plataforma do novo Polo. Quando chegou a hora do test drive, só pudemos dirigir unidades com carroceria camuflada. Fomos pacientes e finalmente pudemos conhecê-lo por inteiro – e com direito a teste completo em nossa pista.
Serão oferecidas três opções de motorização combinadas à quatro versões de acabamento: 1.0 MPI, 1.6 MSI, 1.0 TSI Comfortline e 1.0 TSI Highline – as duas primeiras equipadas com câmbio manual de cinco marchas e as outras com câmbio automático de seis.
Os preços do Polo estão próximos aos valores praticados pela concorrência: de R$ 49.990 (1.0 MPI) a R$ 69.190 (1.0 TSI Highline) sem opcionais.
Aqui, reunimos a versão Highline 1.0 TSI com seus rivais em versões igualmente caras e completas: Hyundai HB20 1.6 Premium e Fiat Argo 1.8 Precision.
No caso do HB20, o único opcional são os bancos de couro – fazendo o preço subir de R$ 65.680 para R$ 67.280. Já o Fiat traz um pacote de opcionais mais encorpado: a marca acrescenta airbags laterais, ar-condicionado digital, quadro de instrumentos com tela TFT e sensores de chuva, de luz e de estacionamento, bancos de couro e rodas aro 16, entre outros itens.
Completo, o Argo sobe de R$ 67.800 para R$ 77.400.
Diante destes valores, escolhemos o Polo Highline 1.0 TSI (R$ 69.190) para o comparativo. Se equipado com todos os opcionais (como bancos de couro, sensores de chuva, de luz e de pressão dos pneus, frenagem automática pós-colisão, rodas aro 17, central Discover Media e painel de instrumentos digital), o Polo salta para R$ 74.490 – ou R$ 75.940 com pintura metálica. Com essas quantias em mente, analisamos os prós e os contras de cada opção.
3º Hyundai HB20 Premium – R$ 65.680
Fazer comparativos de hatches compactos estava se tornando monótono nos últimos anos, pois o HB20 sempre ganhava os confrontos. Lançado em 2012, ele foi um projeto feito sob medida para o nosso mercado, com o que havia de mais moderno para o segmento e levando em conta as deficiências dos rivais.
O Hyundai ainda é uma opção interessante, mas já não é mais a referência em todos os aspectos. Ele continua a ser um carro bem construído, confiável e dinamicamente equilibrado. Mas já não representa o que existe de mais moderno no segmento.
Seu motor 1.6 16V, outrora admirado pelo rendimento, ainda consegue se equiparar com o 1.0 TSI do Polo em potência; rodando com etanol, ambos têm 128 cv. Mas perde para o do Argo 1.8, com 139 cv.
E, quando se compara o torque, é o mais fraco. O Hyundai gera 16,5 mkgf a 6.500 rpm contra 19,3 mkgf a 3.750 rpm do Fiat e 20,4 mkgf entre 2.000 e 3.500 rpm do VW.
Essa diferença se traduziu na pista, onde o HB20 andou menos e consumiu mais. Nas acelerações, o HB20 fez de 0 a 100 km/h em 12 segundos, enquanto o Argo conseguiu o tempo de 11,3 segundos e o Polo, 10,6 segundos.
No consumo urbano, o HB20 ficou com a média de 10,9 km/l, face 12,1 km/l dos rivais, empatados.
Outra área em que o HB20 já foi forte e hoje ficou vulnerável é a do conteúdo. Alinhado na versão mais completa, é o único que não traz itens como ESP, piloto automático e auxiliar de partida em rampa nem opcionalmente, enquanto nos outros são de série.
O HB20 também é o único com direção hidráulica (que prejudica o consumo), partida na chave (os outros têm botão de partida) e cinto de segurança subabdominal para o passageiro traseiro central (os demais trazem cintos de três pontos).
Até certo ponto essa defasagem pode se justificar pelo fato de o HB20 custar R$ 7.000 a menos que o Polo. Mas não só por isso, já que a opção por direção hidráulica e cinto subabdominal revela o uso de tecnologia ultrapassada.
Com o menor espaço interno, o HB20 até vence no pós-venda (é o único com cinco anos de garantia), mas, com a cobertura 24 horas de um ano, não fica muito longe do Argo, com três anos de garantia e três anos de serviços de assistência.
2º Fiat Argo Precision 1.8 – R$ 67.800
O bom desempenho nos comparativos e no mercado transformou o HB20 em referência e foi, declaradamente, um dos carros estudados pela Fiat durante o desenvolvimento do Argo.
Como ele chegou cinco anos depois, a Fiat teve tempo para não só reproduzir as qualidades do rival como também de superar alguns desses padrões.
No porte, por exemplo, o Argo ficou maior do que o HB20. Por fora, o Fiat é mais comprido, largo e alto; por dentro, oferece mais espaço. Isso é percebido pelos ocupantes, que conseguem se acomodar e se movimentar com mais liberdade.
A posição do Argo é mais elevada que a do HB20, mas não chega a ser uma diferença qualitativa, já que as duas são muito boas – assim como no Polo.
Para quem viaja no banco de trás, porém, os ocupantes do Argo têm a seu favor o fato de o assento traseiro estar em posição mais elevada em relação aos dianteiros, favorecendo a postura e também a visão do que acontece fora do veículo. Em relação ao porta-malas, os três oferecem 300 litros.
No que diz respeito aos equipamentos, além de piloto automático, assistente de partida em rampas, botão de partida e cintos de três pontos para todos os ocupantes – que o HB20 fica devendo –, o Argo sai de fábrica com ESP, iluminação ambiente, sensor de pressão dos pneus e sistema start-stop. O Polo tem ESP (de série) e sensor de pressão dos pneus (opcional).
O Argo ficou em uma posição intermediária na pista de testes, precisando de 11,3 segundos de 0 a 100 km/h e 6,3 segundos nas retomadas de 60 a 100 km/h, em Drive. Seu motor 1.8 tem um pouco menos torque que o 1.0 TSI, mas o que atrapalhou o desempenho foi o câmbio mais lento nas trocas.
Nas medições de consumo, o Fiat conseguiu igualar o melhor rendimento do VW na cidade, com a média de 12,1 km/l, e o pior do Hyundai na estrada, com 14,3 km/l.
No pós-venda, o Argo equilibrou forças ao oferecer três anos de assistência 24 horas, mas perdeu terreno no custo das revisões. Ao final de seis anos ou 60.000 km, o dono do Argo desembolsaria hoje R$ 3.504, enquanto o do HB20 pagaria R$ 3.064 e o do Polo R$ 3.036 (ainda sem o desconto de 17% que a VW dá a quem pagar as três primeiras revisões no ato da compra do carro).
1º VW Polo 1.0 TSI Highline – R$ 69.190
Seguindo a trilha do Argo, o Polo também elevou os padrões estabelecidos pelo HB20. Mas a evolução do VW foi ainda maior. Daí ele ficar em primeiro neste comparativo. Os três hatches têm plataformas novas.
A da Hyundai estreou no próprio HB20, em 2012, e foi adotada posteriormente no coreano i20.
A da Fiat também foi apresentada com o Argo, embora tenha 20% dos componentes vindos da plataforma do descontinuado Punto. E a da VW é uma versão menor da festejada MQB, que inaugurou o conceito modular. Ela foi apresentada em 2012 e de lá para cá vem sendo aplicada à maioria dos lançamentos da marca, de Polo a Passat e passando por Tiguan.
Segundo a VW, essa estratégia trouxe vários benefícios, mas o principal para o consumidor é o fato de permitir o uso de tecnologias que em matrizes inteiras só estariam disponíveis em modelos específicos (tanto do ponto de vista técnico quanto do financeiro).
De acordo com a fábrica, graças à MQB, o Polo traz recursos como bloqueio do diferencial (ajuda nas curvas), controle de freio motor (aderência em pisos escorregadios) e limpeza automática dos freios, entre os itens de série.
Também há frenagem automática pós-colisão (para evitar um segundo choque em razão da energia residual do primeiro), disponível como opcional na Highline.
Mas o conteúdo do Polo se destaca não só por esses sistemas de segurança. A lista de itens de série do 1.0 TSI Highline contempla faróis de neblina direcionais, controle de tração, sensor de estacionamento dianteiro e suporte para celular (itens exclusivos), ESP e botão de partida (presentes também no Argo), sensor de estacionamento traseiro e ar digital (de série no HB20) e trio elétrico (disponível nos dois rivais).
A central multimídia de série é a Composition Touch, mais simples que a Discover Media mostrada nas fotos. Não é colorida e só faz conexão com celulares Android, enquanto a Discover Media tem mais recursos e se conecta também a aparelhos Apple. Outro opcional é o painel de instrumentos digital Smartcluster.
Outro item vendido à parte são as rodas aro 17, no lugar das rodas de 15 polegadas oferecidas de série.
Assim como o Argo, o Polo também é maior que o HB20, e acomoda cinco adultos com mais conforto. Mas o painel horizontal e menos encorpado que o do Argo dá uma sensação de maior espaço para o motorista.
Os três hatches são equivalentes na qualidade do acabamento, com plástico duro nas partes superiores, apliques em preto brilhante e frisos cromados ou cinza.
Mas o Polo exibe texturas com melhor aparência e a faixa frontal de seu painel tem qualidade superior à do Argo.
Ao volante, os três são bons de guiar, mas o Polo mostrou-se mais obediente, graças à direção precisa , e confortável devido à calibragem macia da suspensão.
Ele se revelou o mais confortável dos três nesse aspecto – surpresa, uma vez que a VW sempre preferiu ajustes mais firmes.
Na pista, o Polo foi o mais rápido, com 10,6 segundos no 0 a 100 km/h, e obteve o melhor consumo rodoviário: 16 km/l. No urbano, empatou com o Argo com a marca de 12,1 km/l.
Mais rápido, econômico, equipado e confortável, o Polo foi o vencedor deste comparativo.
Veredicto:
O HB20 ainda é um carro interessante, mas ficou defasado diante das novidades. O Argo se mostrou bem equipado e dono de bom comportamento dinâmico. Mas o Polo tem o melhor conjunto incluindo seu motor 1.0 TSI, que apresentou o melhor rendimento. E é natural que seja assim: muito raro um produto inédito chegar ao mercado com características piores que um rival já com alguns anos de estrada.
Teste de pista (com gasolina)
Polo 1.0 TSI | Argo 1.8 16V |
HB20 1.6 16V | |
Aceleração de 0 a 100 km/h | 10,6 s | 11,3 s | 12 s |
Aceleração de 0 a 1.000 m | 32,1 s – 162,2 km/h | 32,7 s – 159,5 km/h | 33,5 s – 155,7 km/h |
Retomada de 40 a 80 km/h (em 3ª) | 4,7 s | 4,9 s | 5,7 s |
Retomada de 60 a 100 km/h (em 4ª) | 5,9 s | 6,2 s | 7,3 s |
Retomada de 80 a 120 km/h (em 5ª) | 7,4 s | 8 s | 9,1 s |
Frenagem de 60 / 80 / 120 km/h a 0 | 15,6/27,7/61,9 m | 16,5/28/64,9m | 16,7/29,6/70,1 m |
Consumo urbano | 12,1 km/l | 12,1 km/l | 10,8 km/l |
Consumo rodoviário | 16 km/l | 14,3 km/l | 14,3 km/l |
Ruído interno (neutro / RPM máximo) | 39,3/68,4 dBA | 42,2/71,8 dBA | 41,3/70,3 dBA |
Ruído interno (80 / 120 km/h) | 61,7/66,9 dBA | 63,8/68,3 dBA | 63,2/69,8 dBA |
Aferição real do velocímetro a 100 km/h | 95 km/h | 95 km/h | 98 km/h |
Rotação do motor a 100 km/h em Drive | 1.900 rpm | 2.000 rpm | 2.250 rpm |
Preço | R$ 69.190 | R$ 67.800 | R$ 65.680 |
Garantia | 3 anos | 3 anos | 5 anos |
Revisões | R$ 3.036 | R$ 3.504 | R$ 3.064 |
Seguro | n/d | R$ 7.510 | R$ 8.064 |
Ficha técnica
Polo 1.0 TSI | Argo 1.8 16V | HB20 1.6 16V | |
Motor | flex, diant., transv.,. 3 cil., 12V, injeção direta, 999 cm³, 74,5 x 76,4 mm, 128/116 cv a 5.500 rpm, 20,4 mkgf de 2.000 a 3.500 rpm | flex, diant., transv., 4 cil., 16V, 1.747 cm³, 80,5 x 85,8 mm, 139/135 cv a 5.750 rpm, 19,3/18,8 mkgf a 3.750 rpm | flex, diant., transv., 4 cil., 16V, 1.591 cm³, 83 x 92 mm, 128/122 cv a 6.000 rpm, 16,5/16 mkgf a 5.000/4.500 rpm |
Câmbio | aut., 6 marchas, tração dianteira | aut., 6 marchas, tração dianteira | aut., 6 marchas, tração dianteira |
Suspensão | McPherson (diant.), eixo de torção (tras.) | McPherson (diant.), eixo de torção (tras.) | McPherson (diant.), eixo de torção (tras.) |
Freios | discos vent.(diant.) e sólidos (tras.) | a disco (diant.) e tambores (tras.) | discos ventilados (diant.) e tambores (tras.) |
Direção | elétrica, 11 m (diâmetro de giro) | elétrica, 10,5 m (diâmetro de giro) | hidráulica, 10,2 m (diâmetro de giro) |
Rodas e pneus | 185/65 R15 | 185/60 R15 | 185/60 R15 |
Dimensões | compr., 405,7 cm, larg., 175,1 cm; alt., 146,8; entre-eixos, 256,5 cm. Porta-malas, 300 l; tanque, 52 l; peso, 1.147 kg; peso/potência, 8,96/8,89 kg/cv; peso/torque, 56,2 kg/mkgf | compr., 400 cm, larg., 175 cm; alt., 150,5; entre-eixos, 252,1 cm. Porta-malas, 300 l; tanque, 48 l; peso, 1.243 kg; peso/potência, 8,9/9,2 kg/cv; peso/torque, 64,4/66,1 kg/mkgf | compr., 392 cm, larg., 168 cm; alt., 147 cm; entre-eixos, 250 cm. Porta-malas, 300 l; tanque, 50 l; peso, 1.071 kg; peso/potência, 8,4/8,8 kg/cv; peso/torque, 64,9/66,9 kg/mkgf |