Comparativo: Fiat Pulse e VW Nivus têm suas qualidades, mas qual é melhor?
Será que a tecnologia e o motor do Fiat Pulse são suficientes para desbancar o cada vez mais desejado e eficiente Volkswagen Nivus?
Se o Fiat Pulse será mesmo um marco na história da Fiat, só o tempo dirá. Tem seus atributos e pioneirismos importantes, como o fato de ser o primeiro SUV da marca criado e produzido no Brasil.
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A Fiat evoluiu a clássica receita da transformação dos seus carros na linha Adventure. Para transformar um hatch em SUV, reforçaram a carroceria, criaram uma nova suspensão, mais elevada, trabalharam o visual para ficar mais robusto e incluíram novos equipamentos. O Fiat Pulse herdou portas, teto, vidros e para-brisa do Argo, exatamente os mesmos elementos que o arquirrival Volkswagen Nivus aproveitou do Polo.
Os dois SUVs de entrada têm mais em comum. Estão equipados com motores 1.0 turbo modernos, com injeção direta flex e mesmo torque, e prometem ser a resposta para quem não faz questão de porte.
Diante de tantas semelhanças, QUATRO RODAS convocou as versões mais caras e completas dos dois: o Fiat Pulse Impetus (R$ 115.990) e o Volkswagen Nivus Highline (R$ 125.990). É a hora de saber se o Fiat que teve 5.500 encomendas em quatro dias pode desbancar o Volkswagen que tem seis meses de fila de espera.
Antes, vale apresentar as minúcias do Fiat Pulse. Sua plataforma MLA tem mudanças no assoalho, nas suspensões, nos sistemas de direção e na arquitetura eletrônica que proporcionam melhora nos níveis de performance, conforto e segurança na comparação com o Argo.
A parte estrutural é composta por 87% de aços de alta resistência – o que inspira melhor desempenho nos testes de impacto frontal, lateral e traseiro. Contudo, nem o Pulse nem o Nivus foram submetidos a avaliações de segurança independentes, como as do Latin NCAP.
Além do esforço para aumentar a segurança, houve um empenho da Fiat em melhorar a qualidade da rodagem e reduzir os índices de NVH (sigla em inglês para ruído, vibração e aspereza). A fixação do motor e câmbio, de acordo com a marca, foi feita com buchas especiais que teriam permitido redução de até 32% de vibração no volante e 7% no banco.
A suspensão dianteira McPherson é toda nova, com subchassi próprio e uma nova geometria proporcionada pelas bandejas com buchas verticais.
Todas essas mudanças foram aliadas aos novos motor e câmbio.
O inédito 1.0 turbo flex é chamado de Turbo 200 em referência ao torque em newton metro (mesma lógica do 200 TSI da VW). Esse motor é equipado com injeção direta de combustível e também com o engenhoso sistema de comando de válvulas eletro-hidráulico Multiair de terceira geração. A promessa dessa combinação é bom desempenho e economia de combustível.
O Fiat Pulse fez jus aos 130 cv do motor 1.0 turbo mais potente do Brasil. Em nossa pista de testes, acelerou de 0 a 100 km/h em 9,8 segundos, enquanto o Volkswagen Nivus precisou de 11,2 segundos.
Nas retomadas de 40 a 80 km/h e de 60 a 100 km/h, o Pulse também foi soberano, com médias de 4,3 e 5,5 segundos, respectivamente, contra 4,8 e 6,2 segundos feitos pelo Nivus, que, contudo, teve as melhores frenagens e os melhores números de consumo.
Enquanto o Volkswagen fez 11,5 km/l em regime urbano e 15,2 km/l no rodoviário, o Fiat conseguiu média urbana de 10,4 km/l e rodoviária de 14,2 km/l. Ambos foram testados com gasolina. Em tempos de preços dos combustíveis nas alturas, o consumo tem ainda mais relevância. Ponto para o VW Nivus.
Pisando fundo
De nada adianta um bom conjunto mecânico se a dinâmica não for agradável e proporcionar conforto e diversão ao volante. Por enquanto, nosso contato com o Fiat Pulse foi apenas em pista fechada, mas suficiente para constatar o bom casamento entre o motor 1.0 turbo e o câmbio CVT – que, assim como o automático de seis marchas do Nivus, é fabricado pela japonesa Aisin.
O câmbio CVT tem comportamento suave e a simulação de sete marchas é mais ouvida do que sentida. Como o torque máximo está disponível desde 1.750 rpm, não é necessário pisar fundo para que o carro reaja com boas acelerações.
A suspensão privilegia o conforto, mas é notável como traz segurança e aderência em curvas mais fechadas sem deixar que a carroceria role. A direção é direta e nada anestesiada, trazendo o feedback do pavimento para o condutor.
E ela pode ficar ainda mais comunicativa e firme ao acionar o modo Sport em um botão vermelho no volante. O tempo de resposta do acelerador também muda e o câmbio passa a trabalhar com relações de marcha mais curtas.
O mérito do Fiat Pulse está em alcançar um comportamento não muito diferente do que se percebe no Nivus. O VW também tem seu câmbio automático de seis marchas bem casado com o motor, e suas trocas de marcha não reduzem a suavidade. A suspensão preservou o comportamento do Polo e ainda passou a filtrar melhor as imperfeições do asfalto.
Tamanho é documento
Uma das principais desvantagens do Pulse é o tamanho. O entre-eixos é apenas 1 cm maior que o do Argo: 2,53 metros, um dos menores do segmento. Perde para o rival alemão, que tem 2,56 metros.
Mas as diferenças mais significativas você confere nas dimensões internas. Mesmo com o estilo cupê, o Nivus tem 4 cm a mais no espaço para a cabeça dos ocupantes traseiros.
O Pulse perde, também, em porta-malas. A Fiat declara que o compartimento tem 370 litros de capacidade, mas não podemos compará-lo com os 415 litros do Nivus, pois cada um foi medido de um jeito diferente.
Enquanto a Fiat divulga a capacidade líquida, que só faz sentido se você fizer o porta-malas de caixa-d’água, a Volks segue o padrão VDA, que usa dois tipos de blocos retangulares com 1 litro de volume, método que melhor simula a vida real por não contabilizar espaços que nunca são ocupados. O porta-malas do Pulse tem mais que os 300 litros do Argo, mas não tanto.
Pulse e Nivus oferecem pacote de equipamentos equivalente. Nas versões mais caras, ambos têm frenagem autônoma de emergência, alerta de mudança de faixa, carregador por indução, câmera de ré, sensores de chuva e crepuscular, ar-condicionado automático e digital e central multimídia de 10 polegadas.
Apenas o Nivus, porém, tem piloto automático adaptativo, frenagem automática pós-colisão, freios a disco nas quatro rodas e seis airbags (o Pulse tem quatro).
Já o Pulse se difere pelo farol alto automático e o pacote Connect Me (R$ 2.650), que permite controlar funções do carro pelo celular ou pelos assistentes Google e Alexa, e oferece rede Wi-Fi 4G, ainda que com mensalidade paga à parte.
As centrais multimídia são fáceis de operar e podem ser atualizadas via internet. Apenas a Uconnect, da Fiat, tem conexão sem fio com Apple Car Play e Android Auto, enquanto a VW Play só é livre de cabos para o pareamento com Apple. Ela ganha vantagem ao oferecer uma loja de aplicativos, na qual é possível baixar o Waze, por exemplo, mas não poupa a bateria do seu smartphone por depender do compartilhamento da internet dele.
Falando em telas, o Pulse Impetus é o único da família com quadro de instrumentos digital com tela de 7 polegadas. No Nivus, a versão de entrada Comfortline tem tela de 8 polegadas. Neste Highline, a tela é ainda maior, com 10,25 polegadas.
Para decidir quem ganha este comparativo tão equilibrado, é necessário avaliar o conjunto da obra dos dois e as necessidades do público dos SUVs compactos. O Pulse chegou com preço competitivo, motor moderno e bom conteúdo. Porém, não é espaçoso nem oferece, mesmo como opcional, airbags de cortina ou um sistema semiautônomo completo, com piloto automático adaptativo.
O VW Nivus, mesmo que R$ 10.000 mais caro, entrega mais equipamentos de segurança, é maior e mais espaçoso para passageiros e bagagem, tem motor mais econômico e um custo de revisões mais baixo: R$ 2.511 até 60.000 km contra R$ 3.672 do Pulse. Diante disso, é do Volkswagen Nivus a vitória deste comparativo. Seu maior inimigo ainda é a longa fila de espera.
Veredicto
O Pulse chega com muitos atributos e preço atrativo – o que o credencia a ser um sucesso. Porém, seu tamanho modesto e a falta de alguns itens de segurança garantiram a vitória do Nivus.
Teste feito por QUATRO RODAS
Fiat Pulse Impetus | Volkswagen Nivus Highline | |
Aceleração | ||
0 a 100 km/h | 9,88 s | 11,18 s |
0 a 1.000 m | 31,67 s – 162,18 km/h | 32,57 s – 161,4 km/h |
Velocidade máxima | 189 km/h * | 189 km/h * |
Retomadas | ||
D 40 a 80 km/h | 4,32 s | 4,79 s |
D 60 a 100 km/h | 5,51 s | 6,19 s |
D 80 a 120 km/h | 8,01 s | 7,57 s |
Frenagens | ||
60/80/120 km/h a 0 | 13,4/24,2/53,6 m | 13/19,4/50,7 m |
Consumo | ||
Urbano | 10,4 km/l | 11,5 km/l |
Rodoviário | 14,2 km/l | 15,2 km/l |
Ruído interno | ||
Neutro/RPM máx. | 48,4/65,2 dBA | 40,2/67,4 dBA |
80/120 km/h | 67/71,4 dBA | 63,3/70,1 dBA |
Aferição | ||
Velocidade real a 100 km/h | 98 km/h | 99 km/h |
Rotação do motor a 100 km/h em 5a marcha |
2.000 rpm | 1.900 rpm |
Volante | 2,5 voltas | 3 voltas |
Seu Bolso | ||
Preço básico | R$ 115.990 | R$ 125.990 |
Concessionárias | 520 | 500 |
Revisões até 60.000 km | R$ 3.672 | 500 |
Condições de teste: alt. 660 m; temp., 21,5/19,5 °C; umid. relat., 66/67%; press., 1.013/1.009,5 mmHg
Ficha técnica – Fiat Pulse Impetus 1.0 Turbo CVT
Motor: dianteiro, transversal, 3 cil, 12 V, 999 cm³, turbo, injeção direta, 130/125 cv a 5.750 rpm, 20,4 kgfm entre 1.750 rpm e 3.500 rpm
Câmbio: Automático, CVT, com simulação permanente de 7 marchas e modo Sport
Direção: elétrica
Suspensão: Independente, McPherson (dianteira) e eixo de torção (traseira)
Freio: disco ventilado (dianteiro) tambor (traseiro)
Dimensões: comprimento, 410 cm; altura, 158 cm; entre-eixos, 253 cm; largura, 178 cm; porta-malas, 370 litros
Ficha técnica – Volkswagen Nivus Highline
Motor: flex, diant., transv., 3 cil., 12V, injeção direta, 999 cm³, 74,5 x 76,4 mm, 128/116 cv a 5.500 rpm, 20,4 kgfm de 2.000 a 3.500 rpm
Câmbio: automático, 6 marchas, tração dianteira
Direção: elétrica
Suspensão: McPherson (diant.), eixo de torção (tras.)
Freios: disco ventilado (diant.) e sólido (tras.)
Dimensões: comprimento, 426,6 cm; largura, 175,7 cm; altura, 149,3 cm; entre-eixos, 256,5 cm; altura livre do solo, 17,6 cm; porta-malas, 415 l, tanque, 52 l