Comparativo de gerações: Chevrolet Zafira x Chevrolet Spin
As duas minivans da Chevrolet levam sete pessoas, mas por que a Spin nunca convenceu os donos da finada Zafira?
Mesmo que a Chevrolet Zafira tenha pendurado suas chuteiras há quatro anos, até hoje há órfãos saudosos pelo Brasil por falta de opção.
A vida de quem precisa de sete lugares não é fácil. Hoje, abaixo dos R$ 100.000, restam apenas três modelos como ela: Fiat Doblò (R$ 82.000), JAC J6 (R$ 66.990) e a Chevrolet Spin LTZ (R$ 70.990).
É justamente esta última a sucessora natural da Zafira, que até vende bem: de janeiro a novembro, a média foi de 2.031 carros por mês. A questão é que ela ainda sofre por não atender às expectativas de quem conheceu a Zafira.
É o caso de Claudia Ribeiro, diretora de RH e dona de uma Zafira Elegance 2010/2011 desde zero-quilômetro. Ela pensou em trocar por uma Spin no início do ano, mas foi convencida por amigos a desistir. “Disseram que meu carro estava muito novo e que a Spin são seria tão boa.” Claudia nem foi conhecer a Spin.
Seria a Spin tão inferior ou ela realmente é vítima de preconceito? Para matar a charada, deixamos uma Spin LTZ 2017 com Claudia por um final de semana. Na hora de devolver, um elogio de pronto: “A Spin tem direção mais leve e macia e ainda passa a sensação de estar na mão em velocidades mais altas”, compara.
Em 2016, o monovolume passou por mudanças no conjunto mecânico para ficar mais eficiente. Uma delas foi a troca da direção hidráulica pela elétrica, que aumenta o peso conforme a velocidade vai subindo – este ano, revelamos uma possível mudança no criticado visual do modelo.
Frente à antiga Zafira, que tem um projeto 12 anos mais antigo, a Spin não só é mais econômica como é mais rápida. Mas nenhuma pode se gabar dos motores: tanto o antigo 2.0 8V Família II como o atual 1.8 8V Família I têm suas origens nos anos 80.
Ainda assim, a Zafira tem robustos 140 cv e 19,7 mkgf de torque frente aos 111 cv e 17,7 mkgf da nova Spin, diferença considerável se as transmissões automáticas não equilibrassem o jogo. A caixa de quatro marchas poda o desempenho da Zafira com suas relações longas, enquanto a de seis marchas da Spin tira o melhor do motor 1.8.
Mesmo assim, Claudia estranhou a quantidade de trocas de marcha da Spin nas retomadas. Testada com álcool, ela chega a 100 km/h em 11,7 segundos, quando as nossas medições de 2011 apontam 13,4 para a Zafira, também com etanol.
Vale comparar as fichas de teste mais abaixo para ver como a Spin leva vantagem no desempenho, mas precisa de mais espaço para frear. Se por um lado ela é 170 kg mais leve, por outro usa pneus mais estreitos (195/65 R15 contra 205/55 R16).
O QUE IMPORTA
Ter uma minivan ágil é bom, mas a versatilidade também deve ser posta na balança. O projeto dessa Zafira data de 1999, mas só estreou no Brasil em 2001. Faz tanto tempo que ela ainda trazia videocassete e monitor de TV como opcional. Mas a Zafira ainda pode ser considerada referência em espaço interno.
É verdade que você nota a idade do projeto na iluminação laranja no painel, na alavanca de câmbio em forma de T e pela necessidade de destravar as portas por um pino. Contudo, tem esmero no painel emborrachado, no couro macio que reveste portas e bancos (algo que a Spin não tem de série) e nos botões dos vidros elétricos iluminados, que já naquela época tinham função “um toque”.
Ar-condicionado automático digital já não é algo tão raro como há 15 anos, mas mesmo assim a Spin só oferece ar manual.
O motorista senta-se em posição mais baixa e avançada na Zafira, com visão melhor do que se passa na frente. “Me senti enclausurada na Spin: o painel fica muito alto e longe do motorista. E não dá para entender o porquê de se sentar tão afastado da porta”, conta Claudia, que ainda elogia a maior área envidraçada da Zafira.
Com 4,36 metros, a Spin é 3 cm mais comprida do que a Zafira, mas seu entre-eixos de 2,62 metros é 8 cm menor. Não é pouco, contudo, não é essa a impressão que se tem ao sentar no banco traseiro. Na Zafira, sobra espaço para as pernas dos passageiros.
Ambas têm terceira fileira de assentos, mas não podem se gabar do espaço lá atrás, suficiente só para crianças grandes. Porém, só a Zafira tem a segunda fila que corre em um trilho, que permite negociar um espaço extra com quem sentar no fundão.
Partindo do pressuposto que não é sempre que se carrega sete pessoas, a Zafira ainda leva vantagem por esconder os assentos extras no assoalho (seu famoso sistema Flex7), liberando espaço para a bagagem.
Na Spin, o processo é mais trabalhoso e exige força: você dobra o pesado banco inteiriço, rebate e o prende na segunda fileira com elástico.
“Parece que ele não foi feito para mulheres. Tive de pedir ajuda para soltar o elástico, enquanto na minha Zafira eu só preciso apertar uma alavanca”, diz Claudia.
No porta-malas, outra vantagem: enquanto a Zafira acomodou todas as cinco malas em pé, na Spin foi necessário colocar uma em cima da outra. Mas todas couberam bem nas duas minivans. E nos números, a Spin também perde: 553 litros contra 600 da rival. Agora você entende a saudade que tanta gente tem da Zafira?
VEREDICTO
Apesar do desempenho e consumo, a Zafira ainda é a melhor minivan com logotipo Chevrolet. Procure uma das últimas 2012 bem cuidadas e seja feliz.
Chevrolet Spin LTZ | Chevrolet Zafira 2010 | |
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Aceleração de 0 a 100 km/h | 11,7 s | 13,4 s |
Aceleração de 0 a 1.000 m | 33,5 s – 152,6 km/h | 34,7 s – 158 km/h |
Retomada de 40 a 80 km/h (em D) | 5,0 s | 5,7 s |
Retomada de 60 a 100 km/h (em D) | 6,8 s | 8 s |
Retomada de 80 a 120 km/h (em D) | 8,9 s | 9,6 s |
Frenagens de 60 / 80 / 120 km/h a 0 | 15,3 / 26,7 / 61,8 m | 14,8 / 26,7 / 58,2 m |
Consumo urbano | 8,3 km/l | 6,3 km/l |
Consumo rodoviário | 10,6 km/l | 8,5 km/l |
Chevrolet Spin LTZ | Chevrolet Zafira 2010 | |
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Motor | flex, diant., transv., 4 cil., 1.796 cm3, 8V, 111/106 cv a 5.200 rpm, 17,7/17,1 mkgf a 2.600 rpm | flex, diant., transv., 4 cil., 1.998 cm3, 8V, 140/133 cv a 5.600 rpm, 19,7/18,9 mkgf a 2.600 rpm |
Câmbio | automático sequencial, 6 marchas, tração dianteira | automático, 4 marchas, tração dianteira |
Suspensão | McPherson (diant.)/eixo de torção (tras.) | McPherson (diant.) / eixo de torção (tras.) |
Freios | disco ventilado (diant.) / tambor (tras.) | disco ventilado (diant.) / sólido (tras.) |
Direção | elétrica, 10,9 m (diâm. giro) | hidráulica , 10,5 (diâm. giro) |
Rodas e pneus | liga leve, 195/65 R15 | liga leve, 205/55 R16 |
Dimensões | comprimento, 436 cm; altura, 167,9 cm; largura, 173,5 cm; entre-eixos, 262 cm; peso, 1.235 kg; porta-malas, 553 l (5 lug.)/162 l (7 lug.); tanque, 52 l | comprimento, 433 cm; altura, 169 cm; largura, 174 cm; entre-eixos, 270 cm; peso, 1.405 kg; porta-malas, 600 l (5 lug.)/150 l (7 lug.), tanque, 58 l |
Equipamentos de série | sensor de chuva, multimídia sem GPS, piloto automático | ar automático, regulagem elétrica dos faróis, banco de couro |
Preço | R$ 70.990 | R$ 31.795 (Fipe) |