Vídeo: Ford Maverick chega até março para enfrentar Toro e picapes médias
Buscando atrair quem nunca teve uma picape, Ford Maverick deixa poucas dúvidas quanto à sua versatilidade. Preço alto, porém, pode estragar vendas
Quando apresentou a Maverick ao mundo, a Ford tratou de elencar suas qualidades para depois brincar: “citamos que se trata de uma picape?”. A pequena ousadia em algo tão formal quanto declarações à imprensa foi só um aperitivo das provocações da nova concorrente da Fiat Toro no Brasil.
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Cada vez mais focada em SUVs e caminhonetes, a Ford vem passando por uma transformação conturbada, como um time que muda seu estilo de jogo após eras. Para não perder fãs de modelos como o Focus, entretanto, a Ford fez uma caminhonete híbrida — em diferentes sentidos.
O mais óbvio dele se refere ao trem-de-força que une um motor elétrico ao 2.5 a gasolina, mas que não chegará no Brasil. Teremos apenas o Ecoboost 2.0 de 253 cv e 38,4 kgfm, também usado no Bronco Sport. Tecnicamente distinto do nosso, o teste oficial de consumo da “Maveca” nos Estados Unidos animou, com médias de 9 km/l na cidade e 12,3 km/l na estrada.
Já o sentido mais amplo de “híbrida” se refere à ideia de investir em cabines cada vez maiores, criando meio que SUVs com caçambas. Essa tendência não se restringe à Ford, e a Hyundai fez o mesmo com a concorrente Santa Cruz.
Ainda se aprumando após o turbulento ano de 2020 no Brasil, a marca não ousará tanto, trazendo apenas a versão topo de linha da picape em um primeiro momento. A Maverick Lariat FX4 é inclusive mais equipada que a equivalente do Norte, uma vez que o pacote off-road FX4 é opcional lá.
Além do interior com evidente qualidade e ótimo aproveitamento de espaço, o modelo conta com protetor de cárter, conjunto de suspensão calibrado para atividades fora de estrada e pneus todo-terreno. Simultaneamente, a Ford quebra o repetitivo apelo rural de picapes maiores e usa poucos apliques plásticos para mostrar que o modelo também sabe ser veloz. Também será testada sua aptidão para tarefas urbanas, onde a Fiat Strada manda bem mas a Toro não preenche a lacuna entre as caminhonetes pequenas e médias, como a Ranger.
Na Maverick brasileira haverá cabeamento especial na caçamba, permitindo que o dono instale suas próprias tomadas de três pinos ou outro tipo de conexão elétrica. Serve para alimentar as caixas de som à beira da praia, mas também para ligar ferramentas de trabalho, mas isso é problema da intermediária XLT, que virá em seguida.
Outro aceno ao “faça você mesmo” está na saída de ar traseira, onde um inocente encaixe teve sua forma disponibilizada pela Ford na internet. Desse modo, é possível criar qualquer objeto em softwares de desenho e simplesmente acrescentar o plugue que o encaixará, em seguida imprimindo o objeto em 3D.
Acredite: é mais barato imprimir do que comprar o acessório equivalente; além do mais, caso deseje algo extremamente específico, a tecnologia está ao seu dispor.
Tanta ousadia já vem dando certo na América do Norte, e das mais de 100.000 unidades encomendadas nos Estados Unidos, os pedidos de mulheres são 150% maiores do que a média do segmento, totalizando um quarto do total. Os jovens adultos, de 18 a 35 anos, também acumulam 25% dos pedidos — o dobro do normal.
Há poucas dúvidas quanto à qualidade da Maverick, que é importada do México e, portanto, goza de isenções fiscais. Seu preço, entretanto, será salgado e superará os R$ 200.000, dizem fontes. O lançamento será no primeiro trimestre de 2022.
Se de um lado a Ford corre o risco de, mais uma vez, vender caro demais seus carros, por outro a caminhonete abusada pode surpreender ao atacar picapes médias, oferecendo desempenho equivalente com dimensões reduzidas e mais adequadas à cidade.