Teste: Mercedes-Benz A 200 traz prestígio e conteúdo em embalagem compacta
Apesar de menor, o Classe A mostrou nesta avaliação que não deve nada, em sofisticação e tecnologia, aos sedãs de maior porte da Mercedes
Por incrível que pareça, a menção a um Mercedes Classe A para muita gente ainda remete àquele antigo monovolume com pinta de hatch que a marca fez por aqui. Mas a realidade é bem diferente, o Classe A evoluiu para um hatch modernoso, que chegou à sua segunda geração e agora tem até uma versão sedã, e está entre os carros mais baratos da marca no Brasil.
Esse posto de sedã foi ocupado momentaneamente pelo CLA 180, tido como “simples demais” para um Mercedes, algo prontamente corrigido pela nova geração do Classe A sedã. Embora parta de palpáveis R$ 190.900, na versão Style, e chegue a R$ 213.900 na Advance mostrada aqui, um dos Mercedes mais baratos do catálogo passa ao largo de ser básico.
Se você estava na dúvida de dar aquele salto de um sedã médio nacional para algo mais sofisticado, não sentirá que o gasto extra será à toa. O ótimo acabamento da marca está presente, bem como itens que chamam atenção, como as telas de 10 polegadas que servem ao painel de instrumentos e à central multimídia.
A cabine é um tanto minimalista, com muitas funções concentradas na tela central e poucos botões físicos. Ainda assim, tudo é simples de usar. A tela é sensível ao toque, algo que facilita a interação, mas é possível acessar o sistema por meio dos botões no volante, pelos comandos no console central ou ainda por voz.
A central multimídia MBUX é mais fácil de usar do que a antiga Comand e ajuda muito no dia a dia. É possível conectar rapidamente um telefone ao Bluetooth, sem muitas firulas, e ainda há CarPlay e Android Auto de série. A interface é intuitiva e as várias possibilidades de interação com o sistema ajudam bastante.
Os comandos de voz, no entanto, por mais legais que sejam, ainda precisam melhorar. Embora dizer “Oi Mercedes” possa ser algo cada vez mais corriqueiro para usuários mais jovens, principalmente os millennials, a assistente pessoal do Classe A ainda precisa de algumas aulas com a Siri, da Apple, e a Alexa, da Amazon. Falta entender expressões menos robóticas.
Seu sistema requer comandos bem definidos para executar algumas funções. Mas nada a que não seja possível se acostumar. Ainda assim, conseguir regular a temperatura do ar-condicionado, inserir endereços no GPS e até abrir ou fechar o forro do teto solar apenas com comandos de voz é muito prático, e dá um quê de futurista ao pequeno Mercedes.
Suas telas, aliás, são muito funcionais. O painel de instrumentos é configurável e pode assumir diversas configurações. O botão sensível ao toque no raio esquerdo do volante comanda o que aparece na tela central. Do lado direito, outro pad sensível ao toque comanda a central multimídia.
De início, os vários comandos no volante podem ser difíceis de assimilar, mas, com o tempo, a interação se torna fácil e intuitiva. No painel, é possível alterar as informações do computador de bordo, bem como o que aparece em toda a seção esquerda do mostrador.
O acabamento, diferentemente do CLA 180, não deve nada a outros Mercedes mais caros. O couro dos bancos é de boa qualidade, bem como os materiais usados em painel e portas. O painel, aliás, é bonito, com direito a três saídas de ar circulares no centro da peça e acabamento preto brilhante em várias partes.
Há banco do motorista com ajustes elétricos, com os tradicionais comandos localizados na porta, ar-condicionado automático e bancos de couro de série na versão A 200 Advance. A cabine também é silenciosa e tem a atmosfera de luxo esperada de um Mercedes. Nisso, o Classe A até surpreende, se nivelando aos irmãos maiores Classe C e até E.
No entanto, não espere encontrar um vasto espaço interno na cabine. O Mercedinho acomoda bem motorista e passageiro da frente, mas quem for atrás poderá precisar de alguns contorcionismos. Primeiro para entrar, já que o belo caimento da linha do teto se traduz numa abertura um bocado baixa para os passageiros. E, uma vez dentro do carro, qualquer carona com mais de 1,70 metro irá raspar a cabeça no teto.
O espaço para pernas é até bom, graças ao entre-eixos de 2,72 metros, mas o teto baixo limita o conforto de quem for atrás. O A 200 é notoriamente mais apertado do que um Toyota Corolla, por exemplo.
Na hora de acelerar, não se engane com o diminuto 1.3 sob o capô. O quatro-cilindros é turbinado e entrega nada menos que bons 163 cv e 25,5 kgfm de torque. O 1.3 dificilmente fará os ocupantes colarem no banco em acelerações, mas o A 200 é bem espertinho. O câmbio de dupla embreagem faz trocas rápidas e ganha pontos por não ser indeciso e ficar procurando as marchas. As mudanças são precisas e o sedã é gostoso de dirigir.
O modo Sport deixa as reações ao acelerador mais prontas, mas se faz pouco necessário. Mesmo na configuração mais confortável, o sedã mantém as respostas agradáveis. Na cidade, o A 200 é esperto, e o motorista conseguirá navegar pelo trânsito sem nenhuma dificuldade para poder pegar aquela brecha entre uma moto e outra para mudar de faixa.
As dimensões compactas também ajudam. O A 200 é quase 10 cm mais curto do que um Corolla, embora tenha entre-eixos ligeiramente maior. A diferença de tamanho é visível nos balanços dianteiro e traseiro mais curtos no Mercedes. Isso se traduz numa notável facilidade para estacionar. O modelo, aliás, tem câmera traseira e sensores na frente e atrás para ajudar nas manobras.
Já a suspensão sofre um pouco em nossas ruas esburacadas. E é preciso tomar cuidado particularmente com valetas, onde a frente baixa pode raspar com alguma facilidade. Ainda assim, o conjunto é confortável, mesmo com enormes rodas de 18 polegadas e pneus de perfil baixo.
Ao volante, o sedã de tração dianteira é muito seguro e apresenta um rodar bastante sólido e requintado. Se em pisos ruins o acerto mais firme da suspensão pode causar alguns solavancos, em asfalto bom o A 200 brilha. As reações são neutras e dificilmente o modelo dará algum susto no motorista. Na estrada, em ritmo de cruzeiro, o Mercedes A 200 segue grudado no chão.
Na pista de testes, os números traduzem o bom rendimento. O A 200 acelerou de 0 a 100 km/h em 8,2 segundos. O peso relativamente baixo de 1.365 quilos contribui para a agilidade. A velocidade máxima, segundo a fábrica, é de 230 km/h. Junto ao bom desempenho, o A 200, com seu pequeno motor 1.3, conseguiu ainda ser razoavelmente frugal na hora de abastecer.
O modelo rodou 13,3 km/l de gasolina nas simulações feitas em regime urbano. E, no ciclo rodoviário, foram bons 18,2 km/l, o que rende ótima autonomia ao A 200. O senão é que, diferentemente dos C 180 e GLA 200, que são flex, o sedãzinho bebe apenas gasolina.
Ficha técnica – Mercedes-Benz A 200 Sedan:
Motor: gasolina, dianteiro, transversal, 4 cilindros em linha injeção direta, 16V, 1.332 cm³, 72 X 81 mm, 163 cv a 5.500 rpm, 25,5 kgfm a 1.620 rpm
Câmbio: automatizado de dupla embreagem, 7 marchas, tração dianteira
Direção: elétrica, diâmetro de giro: 11 m
Suspensão: McPherson (dianteira) e eixo de torção (traseira)
Freios: disco ventilado (dianteira) e sólido (traseira)
Pneus: 225/45 R18
Dimensões: comprimento, 454,9 cm, largura, 179,6 cm, altura, 144,6 cm, entre-eixos, 272,9 cm, vão livre do solo, 10,4 cm, porta-malas, 430 litros, tanque de combustível, 43 litros, peso/potência, 8,5 kg/cv, peso/torque, 54,3 kg/kgfm
Teste
Aceleração
0 a 100 km/h: 8,1 s
0 a 1.000 m:
28,96 s – 185,4 km/h/
Retomada
40 a 80 km/h em D: 3,34 s
60 a 100 km/h em D: 4,38 s
80 a 120 km/h em D: 5,96 s
Frenagens
60/80/120 km/h – 0: 14,5/25,6/57,6
Consumo
Urbano: 13,3 km/l
Rodoviário: 18,2 km/l
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