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Impressões: novo Mercedes-Benz GLA enfim pode ser chamado de SUV

O SUV ganhou novos motores, visual atualizado central multimídia com inteligencia artificial e já não parece um Classe A de salto alto

Por Joaquim Oliveira
3 jul 2020, 07h00
Mercedes-Benz GLA 250 2020
Grandes tomadas de ar e ressaltos no capô compõem visual esportivo (Divulgação/Mercedes-Benz)

O tempo mostrou que a primeira geração do Mercedes GLA era urbana demais para ele ser chamado de SUV. Lançado em 2013, o GLA podia ser considerado um Classe A “de salto alto”.

Na época, diante do estranhamento do mercado, os executivos da empresa, como é habitual nas marcas alemãs, preferiram considerar que foi o consumidor que não entendeu a proposta.

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Agora, porém, na segunda geração, a Mercedes decidiu adaptar-se ao que o cliente realmente deseja (nos Estados Unidos, o GLA anterior vendia apenas 25.000 unidades/ano, cerca de um terço do volume do GLC ou a milhas de distância do meio milhão de unidades do Toyota RAV4).

Mercedes-Benz GLA 250 2020
SUV terá mais duas versões ainda inéditas: esportiva AMG e híbrida (Divulgação/Mercedes-Benz)

Para atender o consumidor, a altura do novo GLA foi elevada em 10 cm, isso mesmo, 10 cm, enquanto a largura total aumentou 3 cm, tendo as bitolas (distância entre as rodas no mesmo eixo) sido ampliadas em 4 cm, de modo que o substancial crescimento vertical não comprometesse a dinâmica do veículo em curvas e a estabilidade geral.

Em contrapartida, o comprimento encolheu ligeiramente (1,4 cm) e a distância entre-eixos foi esticada em 3 cm, beneficiando o espaço na segunda fila de bancos – que pode deslizar ao longo de um trilho de 14 cm, privilegiando o espaço para as pernas ou para a bagagem.

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Mercedes-Benz GLA 250 2020
Suspensão com amortecimento variável é opcional na Europa (Divulgação/Mercedes-Benz)

A capacidade do porta-malas começa em 435 e chega a 1.430 litros, com os bancos (40/20/40) todos rebatidos.

No visual, os designers alemães foram menos ousados do que poderiam ter sido, até porque se o GLB se destina a um perfil mais conservador, o GLA poderia ir atrás de um cliente que se sente mais seduzido por SUVs com ares mais esportivos, como o sedutor Audi Q3 Sportback ou o BMW X2.

Soluções de design como a traseira com uma descida gradual e os vincos no capô, que sugerem força, reforçam a aparência masculina do carro, que também é destacada pelos ombros largos na lateral traseira.

Mercedes-Benz GLA 250 2020
Lanternas e faróis de led incorporam nova identidade visual da linha de SUVs da Mercedes (Divulgação/Mercedes-Benz)
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A gama de motores de quatro cilindros do SUV é bem conhecida dos outros membros da família. O GLA conta com as opções 1.3 turbo (163 cv), 2.0 turbo (224, 347 e 387 cv) e 2.0 turbo diesel (116, 150 e 190 cv).

E receberá a companhia, no final de 2020, de uma configuração híbrida plug-in que utiliza o motor 1.3, com um rendimento total de 218 cv de potência e 45,9 kgfm de torque e uma autonomia elétrica de 61 km, mais do que os concorrentes existentes no mercado.

O topo de linha será o AMG 35 S 4Matic com um pico de potência de 421 cv. E é justamente essa versão mais nervosa que vai marcar a estreia do GLA no Brasil.

Mercedes-Benz GLA 250 2020
(Divulgação/Mercedes-Benz)

A Mercedes informa que a nova geração do SUV estreia aqui em setembro de 2020, nesta versão topo de linha. Mas não dá mais detalhes em relação ao restante da gama.

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Antes da pandemia do coronavírus, a empresa tinha planos de seguir fabricando o modelo no país, na planta de Iracemápolis (SP), junto com o sedã da Classe C. Mas esse planejamento foi revisado e, oficialmente, não se fala sobre o que foi decidido.

Mercedes-Benz GLA 250 2020
Telas reúnem todas as informações do carro e da central com sistema MBUX (Divulgação/Mercedes-Benz)

As opções de entrada, 1.3 e 2.0, seriam as mais interessantes para a marca brigar na mesma faixa de preço das versões regulares de BMW X1 e Audi Q3. E a híbrida se encaixaria no segmento de Volvo XC40 e Lexus UX 250h. Mas, por enquanto, não existe nada de concreto nesse sentido.

A linha da primeira geração, que tem motor 1.6 de 156 cv, ainda está à venda no país, parte de R$ 185.900, na versão 200 Style, e chega a R$ 198.900 na 200 Advance.

Mercedes-Benz GLA 250 2020
O espaço foi ampliado na segunda geração do SUV. Na frente, os bancos têm ajustes elétricos (Divulgação/Mercedes-Benz)
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Estas impressões ao dirigir foram ao volante da versão GLA 250, equipada com o motor 2.0 turbo de 224 cv e tração nas quatro rodas (4Matic).

Já nos primeiros quilômetros, ficou claro que o GLA mostra respostas contundentes desde baixos regimes graças à total disponibilidade do torque máximo de 35,7 kgfm a partir de 1.800 rpm e a rapidez do câmbio automatizado de oito marchas face ao de sete do GLA 200, mesmo tendo ambos o mesmo princípio técnico.

Mercedes-Benz GLA 250 2020
Atrás, o banco é dividido em três partes (40/20/40) e se desloca em um trilho (Divulgação/Mercedes-Benz)

De qualquer forma, essa caixa não chega a ser tão evoluída quanto a automática com conversor de torque usada no GLC, mais suave e silenciosa.

Nas versões com tração nas quatro rodas, o seletor de modo de tração também influencia a distribuição de torque de acordo com três mapeamentos: em Eco/Comfort, é feita na proporção 80:20 (eixo dianteiro:eixo traseiro); em Sport, muda para 70:30 e em Off-Road, a embreagem atua como bloqueio de diferencial, igualando a distribuição, 50:50.

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Mercedes-Benz GLA 250 2020
(Divulgação/Mercedes-Benz)

O novo GLA apresenta suspensão independente nas quatro rodas, com o subchassis traseiro montado com buchas de borracha para minimizar as vibrações que são transferidas para a carroceria, o que produziu bons resultados.

A calibragem do conjunto é dura, mas esse problema só afeta as versões menos equipadas, o que não será o caso da AMG 35 que chegará ao Brasil.

Nesta (e em outras, na Europa, em que o sistema de amortecimento variável é oferecido como opcional) é possível fazer variar as propriedades do rolamento de acordo com o programa de acionamento selecionado, tal como acontece com a direção, a resposta do motor e da transmissão.

Essa suspensão inclui a instalação de quatro amortecedores com válvula eletrônica que varia o fluxo de óleo, o que faz com que as características do amortecimento se alterem durante a condução, com uma nítida diferença entre os programas Sport e Comfort.

Mercedes-Benz GLA 250 2020
Porta-malas leva 435 litros de bagagem (Divulgação/Mercedes-Benz)

A direção, por sua vez, responde de forma suficientemente direta (2,6 voltas entre batentes) mesmo não sendo especialmente comunicativa. Mas, quando queremos torná-la mais esportiva – selecionando o modo Sport –, a sensação é de que existe um certo artificialismo na forma como se torna mais pesada.

No modo de condução mais esportivo, o som do motor se faz mais presente (ele é amplificado pelos alto-falantes do sistema áudio) e a resposta do conjunto motor/câmbio mais agressiva (passa mudanças em regime mais alto, reduz antes e o mapeamento do acelerador se torna mais rápido).

Na aceleração de zero a 100 km/h, o SUV leva 6,7 segundos, de acordo com a fábrica, e a velocidade máxima é de 240 km/h.

Mercedes-Benz GLA 250 2020
Motor 2.0 de 4 cilindros gera 224 cv de potência (Divulgação/Mercedes-Benz)

A vida a bordo melhorou bastante na segunda geração e não apenas pelo espaço interno mais amplo. Chegou a vez de o GLA receber o novo sistema MBUX (que estreou no Classe A) repleto de parâmetros personalizáveis e incluindo recursos de navegação com realidade aumentada e sistema de comando de voz interativo (Hey Mercedes).

Há duas telas que reúnem todas as informações do carro e podem ser consultadas por meio de toques (há mouses no volante e no console), voz ou gestos.

O head-up display também exige um pagamento extra em alguns mercados. Também chama a atenção as saídas de ventilação com aparência de turbinas metálicas. O acabamento traz o padrão esperado para o segmento premium, com materiais que agradam visão e tato.

O preço do Mercedes GLA 250 4Matic, na Europa, parte de 51.150 euros (R$ 306.900).

Veredicto

O visual poderia ser mais ousado. Mas, agora, o GLA já merece ser chamado de SUV.

Ficha técnica

Preço: 51.150 euros (R$ 306.900)
Motor: gasolina, dianteiro, transversal, 4 cilindros, DOHC, 16V, 1.991 cm3; 83 x 92 mm, 10,5:1, 224 cv a 5.500 rpm, 35,7 kgfm de 1.800 a 4.000 rpm
Câmbio: automatizado, 8 marchas, 4×4
Suspensão: McPherson (dianteiro)/multibraços (traseiro)
Freios: disco ventilado (dianteiro), disco sólido (traseiro)
Direção: elétrica; diâmetro de giro, 11,4 m
Rodas e pneus: liga leve, 215/60 R17
Dimensões: comprimento, 441 cm; largura, 183,4 cm; altura, 161,1 cm; entre-eixos, 282,9 cm; peso, 1.600 kg; tanque, 51 l; porta-malas, 435-1.430 l
Desempenho: 0 a 100 km/h, 6,7 s; velocidade máxima, 240 km/h*
*Dados de fábrica

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Capa 734
(Arte/Quatro Rodas)
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