Porsche reativa produção do 911 GT2 RS só para atender quatro brasileiros
Naufrágio deixou clientes do país sem receber os carros, cuja fabricação já havia sido encerrada. Ao todo, 37 Porsche afundaram com o navio
Quer saber se você é um cliente especial para a fabricante de seu carro? Pergunte pra eles o que fariam se o veículo fosse danificado irreversivelmente durante o transporte e ele já não fosse mais fabricado.
Para a maioria das pessoas comuns a empresa vai acionar sua seguradora e te dar um reembolso — e, no máximo, um bônus pela dor de cabeça.
No caso de quatro felizardos brasileiros que compraram os últimos 911 GT2 RS, a Porsche vai retomar a produção do carro, que saiu de linha com a chegada da última geração do esportivo.
O tratamento mais que diferenciado se dá principalmente por um motivo bastante específico. O navio Grande America, que transportava as quatro unidades da Alemanha para o Brasil, naufragou na costa da França por conta de um incêndio.
Mas aí, bem… Quem paga R$ 2,3 milhões por um carro não é exatamente “qualquer cliente”… Por isso a fabricante vai produzir outros quatro exemplares apenas para enviar aos brasileiros que ficaram na mão.
Também pudera: o 911 GT2 RS é ‘só’ o Porsche mais rápido da atualidade. Sim, ele supera até o 918 Spyder na mítica pista de Nürburgring Nordschleife.
Seu seis-cilindros de 700 cv faz o supersportivo arrancar de 0 a 100 km/h em 2,8 segundos, com velocidade máxima de 340 km/h. Já imaginou a sensação de comprar um desses e deixar de recebê-lo porque seu carro afundou em alto mar?
Em uma carta enviada aos proprietários do modelo, a Porsche explica o caso aos clientes, avisa que mandará outro carro no lugar e “agradece pela compreensão” com o infortúnio. Nada como ter tratamento VIP…
A única ressalva é que os proprietários terão que esperar até junho para receberem seu novo GT2 RS. A previsão inicial era de que recebessem os veículos que naufragaram entre março e abril.
Procurada por QUATRO RODAS, a Porsche do Brasil confirmou a história e informou que foi ela que solicitou à matriz na Alemanha que retomasse a produção em regime de exceção para atender aos clientes atingidos, no que foi “gentilmente atendida”.
No total, 37 veículos da marca alemã afundaram junto com o Grande America e mais algumas centenas de modelos da Audi. Os clientes destes veículos também receberão seus automóveis — que, ao contrário do GT2 RS, ainda estão em produção.
Protegidos e segurados
Incidentes com navios de transporte de automóveis são raros, mas sempre chamam a atenção pela quantidade de veículos envolvidos.
Diversas embarcações conseguem levar 3.000 ou mais automóveis em uma só viagem. Isso é possível porque em navios da categoria RoRo e ConRo (caso do Grande America) os carros são armazenados como se estivessem em um grande estacionamento.
Para evitar danos, os veículos recebem proteção na carroceria e uma série de modificações na cabine e até no software do motor.
Naturalmente isso não impede prejuízos em caso de incêndio ou naufrágio. Para essas situações a empresa transportadora conta com uma seguradora, que irá ressarcir os clientes afetados.