Ex-presidente da Fiat Chrysler Automobiles (FCA) e da Ferrari, Sergio Marchionne morreu nesta quarta-feira, 25, aos 66 anos. Ele estava internado em um hospital na cidade de Zurique (Suíça) desde o início do mês, quando fez uma cirurgia no ombro direito.
De acordo com a imprensa italiana, a cirurgia era para tratar de um sarcoma invasivo no ombro direito. Mas, durante a operação, Marchionne teria sofrido uma embolia cerebral que causou danos irreversíveis e teria o levado a coma.
Nascido na Itália, Sergio Marchionne imigrou com sua família para o Canadá aos 13 anos, onde estudou filosofia, economia e direito. Fez carreira como auditor e executivo de finanças.
Entrou na Fiat indicado como membro independente do board de diretores da empresa, em 2003. No ano seguinte foi indicado para CEO da empresa, inicialmente para um período de dois anos. Neste período conseguiu transformar o prejuízo de 6 bilhões de euros em lucro. Foi o suficiente para permanecer no cargo nos últimos 14 anos.
Marchionne foi responsável pela compra de 20% da Chrysler, então em concordata, em 2009 – quando a Fiat ainda era considerada uma empresa em crise. Quando completou a compra do grupo norte-americano, em 2014, surgiu a FCA, que também foi capitaneada por ele.
Em 2014, Sergio assumiu o controle da CNH, empresa da família Agnelli (fundadora da Fiat) que fabrica ônibus e tratores. Nos últimos anos também tornou-se CEO da Ferrari e a Maserati.
Marchionne foi responsável por uma guinada na estratégia da FCA. Passou a focar em SUVs, como os Fiat 500X, Alfa Romeo Stelvio, Maserati Levante e os bem-sucedidos Jeep Renegade e Compass. Há mais por vir: em junho foram anunciados três novos SUVs para o Brasil.
O executivo também esteve por trás da separação entre Ferrari e Fiat, com o objetivo de deixar a fabricante de esportivos com finanças e operações independentes.
Sergio Marchionne era conhecido como um executivo que não tem medo de tomar decisões difíceis e como um trabalhador inveterado.
Sua última meta era vender a FCA para outro grupo estrangeiro. Mas já planejava sua aposentadoria para 2019.
Quatro pessoas o substituirão nas empresas que comandava. Diante do agravamento de sua situação na última sexta-feira, executivos dos três grupos (FCA, Ferrari e CNH Industrial) reuniram-se no último fim de semana para escolher os novos CEOs.
Mike Manley, que coordenava a Jeep desde 2009, é o novo CEO da FCA. Quem assume a Ferrari é Louis Camilleri, presidente do conselho de administração da Philip Morris (fabricante dos cigarros Marlboro e parceira de longa data da marca de Maranello).
Suzanne Haywood, então diretora da holding EXOR, da família Agnelli, assumirá a CNH.
E John Elkann, herdeiro da família, substituirá Marchionne em outros cargos, como o de presidente do conselho de administração da Ferrari.
Serão eles os responsáveis por encarar novos desafios estratégicos e tecnológicos, como a condução autônoma e a eletrificação dos veículos.
Marchionne deixou traçado o plano das empresas até 2022, que receberia sua atenção até a aposentadoria.
Anunciado em junho, prevê 45 bilhões de investimentos e 25 novos modelos. Mas seu legado é muito maior que isso.