Tudo começou com os primeiros Peugeot 206 importados da França, em 1999. Aqueles 206 Soleil de duas ou quatro portas chegavam todos com o motor TU5JP, um 1.6 8V de 90 cv e 14 kgfm. Não era nada mal para um hatch compacto, ainda mais com o design tão à frente dos rivais.
Mas o assunto por aqui é o motor, que evoluiu pela primeira vez quando o Peugeot 206 começou a ser fabricado em Porto Real (RJ), em meados de 2001. A partir daí seria um 1.6 16V (o TU5JP4) que tinha seus 110 cv estampados nos para-lamas do 206. Esse motor teve diversas mudanças e evoluções ao longo de 25 anos, mas está aposentado pela Peugeot no Brasil após o lançamento do Peugeot 208 2025.
O motor equipou o 206, o 207 e duas gerações do 208, além de todos os respectivos derivados e do SUV 2008. Mas sua última aplicação na Peugeot foi o 208 Roadtrip, uma série especial que chegou a conviver com o motor 1.0 turbo de origem Fiat.
O 1.6 16V começou a ser fabricado no Brasil em 2002, com seu bloco de ferro fundido e o cabeçote de alumínio nacionalizados. Mas evoluiu muito deste então, com a versão flex surgindo em 2005 com 113 cv.
Mas a maior evolução foi feita em 2012, com uma série de mudanças em componentes internos focadas na redução de atrito e de peso para aumentar a eficiência. Com isso, adotaram o comando de válvulas variável, a bomba de óleo variável, os tuchos hidráulicos, acelerador eletrônico e sistema de partida a frio sem tanquinho.
Foi neste momento que o motor passou a ser chamado de EC5JP4, que mantinha exatamente os mesmos diâmetro e curso dos pistões, mas alcançava os 122 cv e até 16,4 kgfm de torque. Foi o seu auge, pois as seguintes regras de emissões mais rigorosas obrigaram a fabricante a alterar as entregas de potência e torque por diversas vezes.
Quando a PSA Peugeot Citroën passou a integrar a Stellantis, ficou decidido que os motores de origem francesa seriam gradativamente substituídos pelos 1.0 e 1.3 desenvolvidos pela Fiat e é o que está acontecendo. Contudo, esse movimento é mais acentuado no Brasil.
O Peugeot 208 1.6 está fora de linha no Brasil, mas ainda existe na linha 2025 na Argentina. A demanda para exportação, seja para uso em outros países ou pelos Citroën para exportação fabricados em Porto Real sustentarão a produção nacional do motor 1.6 EC5 por anos a fio: as normas de emissões não são tão rígidas nos países vizinhos.
Além do mais, o motor 1.6 16V ainda não está completamente aposentado no Brasil. O Citroën C4 Cactus segue em produção e à venda, ainda que isso não por muito mais do que alguns meses.