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Clássicos: Volkswagen Santana nasceu luxuoso, mas morreu simples e pelado

Carro que colocou a VW entre a elite dos carros nacionais saiu de cena em 2006, mas deixou uma legião de fãs no Brasil

Por Sergio Berezovsky
Atualizado em 3 abr 2022, 20h52 - Publicado em 29 ago 2020, 11h00
Santana GLS, modelo 1989 da Volkswagen, testado pela revista Quatro Rodas. (Marco de Bari/Quatro Rodas)

Publicado originalmente em novembro de 2006

“Se eu achar 1 kg de ouro puro, garanto que compro um carro desses para mim.” O então repórter de QUATRO RODAS, Mário Serapicos, ouviu a frase de um garimpeiro que olhava o recém-lançado Santana, às margens do rio Madeira, em Rondônia.

Em uma viagem de avaliação ao longo de 7.000 km, o modelo CD reunia público por onde passava. Não era para menos. Tratava-se do primeiro modelo de luxo do mais popular fabricante de carros do Brasil, a Volkswagen.

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Na Alemanha, onde começou a ser vendido em 1981, ele nunca fez grande sucesso. Pudera, concorria com os irmãos Audi (modelos 80, 100 e 200) que, além da fama de contar com mecânica refinada e tecnologia avançada, ainda tinham um quê de esportividade graças ao título mundial de rali conquistado pela versão Quattro em 1983. Mas por aqui o cenário era diferente.

Santana GLS, modelo 1989 da Volkswagen, testado pela revista Quatro Rodas.
(Marco de Bari/Quatro Rodas)

Depois de 25 anos fabricando modelos que faziam jus ao nome de carro do povo, a VW finalmente teria um modelo para concorrer no segmento de luxo, ocupado por Ford Del Rey, Chevrolet Monza, Opala Diplomata e Alfa Romeo.

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Para uma empreitada desse porte, a fábrica precisou de sete anos de preparação (1977 a 1984) e um investimento de 50 milhões de dólares. Enquanto o Santana (nome do vento forte do sudoeste da Califórnia) era ainda só a sigla BEA 112, um comitê se reunia nas tardes de segunda-feira para discutir o andamento do projeto.

Painel do Santana GLS, modelo 1989 da Volkswagen, testado pela revista Quatro Rodas.
(Marco de Bari/Quatro Rodas)

Do briefing constavam premissas consideradas essenciais no novo VW. Por exemplo: os bancos e encostos deveriam ser mais confortáveis que os do Passat e ter regulagem leve, sem folgas nem ruídos; o retrovisor interno deveria desacoplar em caso de colisão; as portas, ao serem fechadas, emitiriam som forte e sólido.

Comandos elétricos do Santana GLS, modelo 1989 da Volkswagen, testado pela revista Quatro Rodas.
(Marco de Bari/Quatro Rodas)

Poucos meses antes de iniciada a produção, 600 funcionários de todas as áreas da fábrica foram selecionados e envolvidos no desenvolvimento de novas rotinas e processos. Dentre as novidades, o jumbo, uma máquina enorme que tinha por função aplicar 100 pontos de solda de uma só vez.

Banco dianteiro do Santana GLS, modelo 1989 da Volkswagen, testado pela revista Quatro Rodas.
(Marco de Bari/Quatro Rodas)

Segundo relatos de funcionários da época, a preocupação com qualidade era quase paranoica. Durante a fase de testes, 47 protótipos rodaram 1,75 milhão de quilômetros até o Santana chegar às lojas, em junho de 1984.

Espelho iluminado do Santana GLS (Marco de Bari/Quatro Rodas)

Eram três versões: CS (Comfort Silver), mais simples, CG (Comfort Golden), intermediária, e CD (Comfort Diamond), top de linha. Na lista de equipamentos disponíveis, dois artigos de luxo na época: ar-condicionado e direção hidráulica. Câmbio automático era privilégio do modelo CD. O motor 1.8 era o maior já feito pela fábrica no Brasil e tinha opção de álcool ou gasolina.

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Banco traseiro do Santana GLS, modelo 1989 da Volkswagen, testado pela revista Quatro Rodas.
(Marco de Bari/Quatro Rodas)

Na linha 1987, o Santana, que já contava com a perua Quantum na família desde 1985, passou por uma leve restilização e suas diferentes versões mudaram de nome, passando a ser CL, GL e o mais luxuoso, o GLS. Como o belo espécime que aparece nestas páginas.

O webdesigner Tiago Telhado, da cidade de Santos (SP), comprou este modelo 1989 no ano passado e é seu segundo dono. O carro faz parte da safra dos modelos 2000, referência ao motor de 2 litros, com desempenho nitidamente superior aos 1.8. A versão a álcool tinha 112 cv, ante os alegados 99 do motor a gasolina (na época, motores até 100 cv pagavam alíquota mais baixa de IPI).

Motor do Santana GLS, modelo 1989 da Volkswagen, testado pela revista Quatro Rodas.
(Marco de Bari/Quatro Rodas)

A grande mudança no Santana ocorreu em 1991, quando foi totalmente remodelado. Com linhas inspiradas no Passat alemão, mas desenvolvidas no Brasil, o carro abriu distância sobre seu mais próximo concorrente, o Monza. Tanto que só receberia pequenas modificações em 1996.

Mas na essência manteve-se praticamente inalterado até o fim da vida, em maio de 2006. Bem, quase isso. Ao longo do tempo ele foi perdendo elementos do acabamento que um dia o fizeram ser uma referência de conforto no segmento dos nacionais de luxo. E tornou-se apenas uma opção econômica e espaçosa para os motoristas de táxi.

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Santana20.jpg
(QUATRO RODAS/Quatro Rodas)

Depois de mais de duas décadas de existência, um final nem tão auspicioso para o automóvel que inaugurou o uso do freio ABS nos carros nacionais, que atingiu a respeitável marca de 548.494 unidades produzidas e que tem uma crescente comunidade de fãs, como o pessoal do Santana Clube. Mas isso aqui no Brasil.

(Divulgação/Volkswagen)

Na China, o primeiro Santana seguiu em produção até 2007 na versão sedã e 2013 na perua (a Quantum, por lá chamada de Variant. A reestilização que apareceu por aqui em 1999 foi produzida até 2012, quando ganhou uma novíssima geração baseada na plataforma PQ25, do antigo Polo. Tem versão perua e até uma aventureira.

VW Santana

Teste QUATRO RODAS – maio de 1988
Aceleração 0 a 100 km/h – 11,4 s
Velocidade máxima – 167 km/h
Frenagem 80 km/h a 0 – 30,3 m
Consumo – 6,13 km/l (cidade); 8,81 km/l (estrada)

Preço

Maio de 1988 – Cz$ 2.761.267
Atualizado – R$ 263.567 (IGP-DI/FGV, agosto de 2020)

Ficha técnica

Motor: dianteiro, longitudinal, 4 cilindros, 1998 cm3, a álcool Diâmetro x curso: 86 x 86 mm Taxa de compressão: 12:1 Potência: 112 cv a 5200 rpm Torque máximo: 17,3 mkgf a 3400 rpm
Câmbio: manual de 5 marchas, tração dianteira
Carroceria: de aço, 3 volumes
Dimensões: comprimento, 453 cm; largura, 169 cm; altura, 140 cm; entre-eixos, 255 cm; peso, 1110 kg (capota de lona)
Suspensão: dianteira: independente, tipo McPherson com molas helicoidais traseira: semi-independente, com braços longitudinais e molas helicoidais
Freios: disco (diant.) e tambor (tras.)
Direção: pinhão e cremalheira

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