VW Jetta 1.4 Comfortline x Toyota Corolla XEi 2.0
Agora com motor 1.4 TSI, o Jetta ganha fôlego para brigar de verdade com o líder de vendas entre os sedãs médios
Corolla e Jetta têm uma relação próxima e distante ao mesmo tempo. Apesar de oferecidos na mesma faixa de preço, eles se mantém distantes em números de emplacamentos. Em 2015, foram 67.339 unidades emplacadas do Toyota, enquanto o Volks teve 9.265.
Em 2016, o alemão ganhou nacionalidade brasileira e motorização turbo em todas as versões (aposentando o cansado 2.0 8V), enquanto o japonês permanece intacto desde seu lançamento, há exatos dois anos. Os números de fevereiro ainda não revelam os resultados das novidades do VW, onde o Corolla fechou o mês com 4.997 exemplares emplacados e o Jetta apenas 707. Mas, afinal, será que agora o sedã da Volkswagen tem fôlego para chegar mais perto do Toyota?
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Preço:
Se comparadas as versões de entrada de cada um, o Jetta Trendline parte de R$ 78.890, com motor 1.4 turbo de 150 cv e câmbio manual. O Corolla GLi sai por R$ 68.740, com motor 1.8 de 144 cv e câmbio manual. Ao contrário do que sugere a análise simples dos valores, o Jetta leva vantagem, pois justifica cada centavo do degrau de R$ 10.150 com uma lista de equipamentos e mecânica mais afiados. Mas a briga mais violenta ocorre no andar intermediário de ambos: Jetta Comfortline e Corolla XEi.
De cara, há um aparente empate técnico: R$ 90.890 o Jetta, R$ 89.990 o Corolla. Mas aqui o Jetta pede a compra do pacote Exclusive de opcionais para brigar em condições de igualdade de conteúdo com o Corolla. Por R$ 6.540 entram sistema multimídia mais completo (com GPS), chave presencial para abertura de portas e partida do motor por botão, ar digital de duas zonas, retrovisores com rebatimento elétrico e aquecimento, couro e sensores de chuva e luminosidade.
Equipamentos:
Feita a equivalência de conteúdo, temos em ambos ar-condicionado, trio elétrico, piloto automático, faróis de neblina, airbags frontais e laterais e central multimídia com tela sensível ao toque.
Entretanto, os modelos ficam devendo um para o outro em alguns aspectos. O Corolla possui câmera de ré, mas não sensores de estacionamento, enquanto o Jetta tem sensores dianteiros e traseiros, mas não a câmera. A central multimídia do Corolla oferece navegador GPS, item disponível apenas como opcional no Jetta, que tem acendimento automático dos faróis, não disponível no japonês. O Toyota, por sua vez, tem airbag de joelho para o motorista e ar-condicionado digital. E o mais importante: o VW traz controle eletrônico de estabilidade, item ausente no Corolla — uma falta gravíssima, principalmente pelo fato de pertencer a um segmento familiar e custar R$ 90.000.
Estilo e acabamento:
É fato que nenhum dos dois usa traços ousados para cativar seus potenciais compradores. Mesmo com linhas mais sinuosas e grandes faróis e lanternas, o Corolla mantém seu visual recatado e elegante. O modelo abusa de cromados, tem lanternas com leds e rodas de 16 polegadas com acabamento diamantado.
O interior é igualmente discreto. O painel com a porção frontal quase reta tem aparência pesada e uma duvidosa mistura de texturas, sem falar no criticado relógio digital que parece saído de um carro dos anos 1980. Os bancos são de couro e o quadro de instrumentos com iluminação azul e fundo escuro tem boa boa visibilidade. No geral, a cabine do Corolla aparenta ser de um modelo mais antigo e barato do que realmente é – especialmente em relação ao concorrente aqui citado.
O Jetta traz linhas até mais sóbrias que o Corolla (e com a desvantagem, para alguns, de ter a mesma cara de toda a linha VW), mas com certo apelo esportivo. A reestilização de 2015 deu a ele novos para-choques, lanternas retocadas e rodas de 16 polegadas com acabamento diamantado (de 17 polegadas como opcional). Por dentro, o jogo muda. Mais moderno em relação ao Corolla, o painel confere maior sensação de amplitude à cabine. Materiais de toque agradável, encaixes perfeitos e acabamento fosco mostram cuidado por parte da VW, assim como a adoção do volante multifuncional herdado do Golf. Diferentemente do japonês, porém, os bancos são revestidos em tecido. O couro, como já dito, vem no pacote Exclusive.
Vida a bordo:
Com seus 4,66 metros de comprimento o Jetta garante mais comodidade aos ocupantes. Além do maior espaço para as pernas na traseira (96,8 cm contra 96), ele ainda é capaz de levar 510 litros de bagagem no porta-malas — o Corolla leva 40 litros a menos, algo como uma mala média. Mais um ponto para o Jetta por suas saídas de ar-condicionado dedicadas para quem vai atrás, não disponíveis no Corolla. Em ambos, o espaço para ombros e cabeça não gera reclamações.
Motorização:
Aqui está o grande trunfo do Jetta. Agora nacional, o Volks adotou a mesma motorização do Golf: o 1.4 TSI de injeção direta, 150 cv de potência e 25,5 mkgf de torque – mas que bebe apenas gasolina. Em conjunto com a transmissão automática Tiptronic de seis velocidades, ele vai de 0 a 100 km/h em 10,3 segundos, enquanto o consumo (urbano/rodoviário) ficou em 11,5/14,7 km/l — os testes de QUATRO RODAS são realizados com 100% de gasolina no tanque.
O Corolla mantém seu 2.0 aspirado flex com 153/143 cv e 20,7/19,4 mkgf regido pelo câmbio CVT com sete marchas virtuais. Ele vai de 0 a 100 km/h no mesmo tempo do rival (10,3 segundos), mas perde no consumo: média de 10,9/14,6 km/l.
Ao volante:
É neste ponto que Corolla e Jetta mostram suas principais distinções, que os separam entre a tradição e a razão, respectivamente.
O japonês faz jus à sua fama e aos seus números de vendas, com uma direção afinada para os amantes dos sedãs médios mais conservadores. O motor 2.0 entrega bom desempenho e o câmbio CVT permite um rodar silencioso e sem trancos. Nas ultrapassagens, porém, a redução de marcha faz o motor girar alto, comprometendo o conforto a bordo. As retomadas do CVT costumam anestesiar a pilotagem: não há aquela sensação de fôlego imediato, parece um carro com câmbio manual com embreagem patinando. O conjunto de suspensão tem acerto notadamente voltado ao conforto, com longo curso de atuação e calibração suave de molas e amortecedoes.
Já o alemão se beneficia da motorização turbo. O bom torque de 25,5 mkgf é entregue a apenas 1.500 rpm e dá ao Jetta boa dose de agilidade. Ao volante, o VW se mostra mais vivo que o Corolla, com respostas mais imediatas aos movimentos aplicados no volante. O acerto um pouco mais firme da suspensão reforça essa impressão de carro mais conectado com o motorista. Não há, porém, perda significativa de conforto. O sistema multilink na traseira — mais sofisticado que o eixo de torção do Corolla — combina com o acerto mais quente do Jetta. Em uma curva de raio aberto, um Jetta se mostra muito mais equilibrado que um Corolla. E, de novo, fica evidente a falta do controle de estabilidade no Toyota.
A criticada transmissão Tiptronic de seis marchas tem como caracterítica negativa o repasse para a cabine de um leve solavanco pouco antes de o carro parar totalmente. Em algumas situações, como ao acelerar mais forte após transpor uma lombada, em baixa velocidade, o câmbio demora para colocar a primeira marcha. É um vacilo de fração de segundos, mas incomoda.
Pós-venda:
O conjunto mecânico superior do Jetta tem seu preço. O pacote de seis revisões (até 60.000 km), soma caros R$ 2.952,30. Vale destacar que o valor cobre a versão Trendline com câmbio manual, única disponível para conferência no site da Volkswagen com a nova motorização. O Corolla cobra R$ 2.744 para os mesmos serviços. A garantia é de três anos para os dois, enquanto a Volkswagen tem 636 concessionárias no país e a Toyota, 141.
Mais do que isso, o atendimento é ponto crucial no segmento ocupado por eles. E aí o Toyota sai bonito na foto. Durante os testes de Longa Duração de QUATRO RODAS, Corolla e Etios completaram a jornada de 60.000 km com um dos melhores atendimentos já recebidos em visitas às concessionárias. Por outro lado, a Volkswagen decepcionou durante a estada de Up! e Golf em nossas avaliações.
Veredicto:
Há tempos o segmento de sedãs médios deixou de ser concorrido e se tornou uma espécie de monopólio da Toyota. Enquanto o Corolla, primeiro colocado, emplaca a média de 5.000 unidades ao mês, o Civic, segundo colocado, se esforça para ultrapassar a barreira dos 1.500 exemplares.
Mesmo assim, o Corolla mostra que a preferência por ele é baseada na tradição e confiança. O Jetta ganha o comparativo pelo melhor conjunto mecânico e interior de maior qualidade, mostrando que tem potencial para brigar por lugares mais altos no ranking de vendas.
Toyota Corolla XEi 2.0 | Volkswagen Jetta Comfortline 1.4 TSI | |
---|---|---|
Motor: | flex, diant., 4 cil., 16V, 1.986 cm³, 12:1, 154/143 cv a 5.800 rpm, 19,3/20,7 mkgf a 4.800 rpm | gasolina, diant, 4 cil., 16V, turbo, injeção direta, 1.395 cm³, 150 cv a 5.000 rpm e 25,5 mkgf a 1.500 rpm |
Câmbio: | CVT Multidrive com sete marchas simuladas | Automático Tiptronic de seis marchas |
Direção: | Elétrica | Elétrica |
Suspensão: | McPherson (diant.) e eixo de torção (tras.) | McPherson (diant.) e multilink (tras.) |
Freios: | Discos ventilados (diant.) e discos sólidos (tras.) | Discos ventilados (diant.) e discos sólidos (tras.) |
Pneus: | 205/55 R16 | 205/55 R16 |
Peso: | 1.315 kg | 1.298 kg |
Dimensões: | comprimento, 462 cm; largura, 177,5 cm; altura, 147,5 cm; entre-eixos, 270 cm; porta-malas, 470 l; tanque de combustível, 60 l; | comprimento, 465,9 cm; largura, 202 cm; altura, 147,3 cm; entre-eixos, 265,1 cm; porta-malas, 510 l; tanque de combustível, 55 l; |
Aceleração (0 a 100 km/h): | 10,3 s | 10,3 s |
Frenagem (120 a 0 km/h): | 67,5 m | 58,2 m |
Consumo (ciclo urbano): | 10,9 km/l | 11,5 km/l |
Preço: | R$ 89.990 | R$ 90.890 |