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O colecionador que se tornou guardião do único Alfa Romeo feito no Brasil

De tanta dedicação, Marcelo Paolillo se tornou uma referência internacional quando o assunto é esse modelo de origem italiana

Por Fábio Black
Atualizado em 3 ago 2020, 11h51 - Publicado em 31 jul 2020, 07h00
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  • Paolillo na garagem onde repousam mais de 20 exemplares do sedã 2300 (Fernando Pires/Quatro Rodas)

    O que faz você feliz? Se fizer essa pergunta ao colecionador de carros Marcelo Paolillo, de 48 anos, a resposta será “os carros”. Mas não quaisquer carros.

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    Sua paixão se concentra em uma marca, a italiana Alfa Romeo, mais especificamente em um modelo, o 2300, o único Alfa Romeo fabricado no Brasil.

    O primeiro 2300 da coleção de Marcelo. Os 2300 dominam a cena da Confraria 2300 (Fernando Pires/Quatro Rodas)

    Produzido entre os anos de 1974 e 1986, o 2300 era um sedã grande para os padrões do nosso mercado de carros de luxo (com sua carroceria de quatro portas) e também esportivos (como todo Alfa Romeo).

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    Quatro faróis e grande área envidraçada: inspiração na Alfetta de 1972
    Quatro faróis e grande área envidraçada: inspiração na Alfetta de 1972 (Xico Buny/Quatro Rodas)

    Antes dele existiram outros projetos da marca no país, mas eram feitos sob licença, sem usar o nome Alfa Romeo.

    O interesse de Paolillo pelo carro começou quando ele, fazendo uma busca despretensiosa na internet, encontrou uma unidade do modelo muito parecida com a que seu pai teve.

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    O modelo B mostra evolução na ergonomia: pedaleiras suspensas, alavanca de freio de mão entre os bancos e comandos na coluna de direção
    O modelo B mostra evolução na ergonomia: pedaleiras suspensas, alavanca de freio de mão entre os bancos e comandos na coluna de direção (Xico Buny/Quatro Rodas)

    Segundo ele, o carro estava em ótimo estado de conservação e com um preço honesto. Ao ver o veículo de perto, a nostalgia bateu e ele lembrou de sua infância, com seu pai ao volante.

    Viajávamos para Águas de Lindoia todo final de semana escutando Roberto Carlos e eu sentado no descanso de braço do banco traseiro”, diz.

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    Painel parece completo, mas não era: faltava manômetro e amperímetro
    Painel parece completo, mas não era: faltava manômetro e amperímetro (Xico Buny/Quatro Rodas)

    “Como corria aquele carro!”, lembra emocionado. “O velocímetro marcava 220 km/h! O carro fazia muita curva. E eu me divertia rolando nos bancos”, conta.

    Quando todas essas memórias vieram à tona, ele acabou fechando negócio e tornou-se o feliz proprietário de seu primeiro Alfa Romeo 2300.

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    O 2300 era o único carro de luxo nacional baseado na escola europeia: nos anos 70, modelos quatro portas não estavam ao gosto do grande público
    O 2300 era o único carro de luxo nacional baseado na escola europeia: nos anos 70, modelos quatro portas não estavam ao gosto do grande público (Xico Buny/Quatro Rodas)

    Referência histórica

    Com o carro na garagem, Paolillo resolveu se informar mais sobre os Alfa. Os primeiros a rodar no Brasil foram os modelos fabricados no início dos anos 1960 pela extinta FNM – Fábrica Nacional de Motores, estatal brasileira assumida pela Alfa Romeo (também estatal, da Itália) em 1968.

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    Do outro lado do Atlântico, na Itália, estava nascendo um projeto batizado de 102/12, que depois ficou conhecido como 2300. Esse modelo ficou pronto em 1971, sendo enviado ao Brasil para testes em 1972.

    Ayrton Senna - Interlagos - Afla Romeo 2300 ti
    Ayrton Senna Testando o 2300: câmbio com engates suaves e painel completo (Claudio Laranjeira / Saulo Mazzoni/Quatro Rodas)

    O 2300 tinha motor de 2.311 centímetros cúbicos de cilindrada, quatro cilindros, duplo comando de válvulas e câmbio manual de cinco marchas.

    Os freios já usavam disco nas quatro rodas. Por dentro, a lista de itens de série era extensa: conta-giros, voltímetro, barômetro, sensor de desgaste das pastilhas de freio, banco traseiro bipartido, encosto de cabeça para motorista e passageiros, ar-condicionado, direção hidráulica progressiva e comandos elétricos das travas, vidros, retrovisores e porta-malas.

    Alfa Romeo Alfetta Berlina
    Suas formas deram origem ao Alfa 2300 nacional (Xico Buny/Quatro Rodas)

    E possuía até abertura elétrica do tanque de combustível. Era um carro muito além do que havia no mercado brasileiro, na época.

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    Na versão 2300 Ti 4, seu motor produzia 149 cv e fazia o sedã atingir impressionantes 174 km/h de velocidade.

    Em 1978, a Fiat assumiu a Alfa Romeo no Brasil (movimento global), passando a fazer o 2300 em Betim (MG) até o final da produção, em 1986.

    No passeio para comemorar os 40 anos do 2300, em frente a antiga fabrica da Alfa Romeo em Xerem (Marcelo Paolillo/Divulgação)

    Confraria 2300

    Depois de estudar o carro e sua história, Paolillo passou a se interessar mais pelo Alfa, iniciando sua adoração pelo modelo que fazia parte da sua história pessoal e também da indústria automobilística brasileira.

    E assim teve início sua coleção. Na época em que começou a comprar outros 2300, por volta de 2006, eles eram carros  renegados, abandonados, praticamente sem valor, mas Paolillo, muitas vezes chamado de “catador de latinhas”, foi adquirindo alguns modelos.

    Com o tempo, porém, ele  se tornou uma referência entre os colecionadores daqui e do exterior e logo seu apelido mudou para Mister 2300.

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    Um desses aficionados, o suíço Axl Marx, recebeu Paolillo em sua casa, na cidade de Lugano, na Suíça, e juntos foram ao museu da Alfa Romeo, em Milão, na Itália.

    “Eles (os italianos) sabem da nossa existência no Brasil e nos respeitam muito por preservar a história da marca”, diz Paolillo.

    Em sua viagem de 2300 pelas estradas italianas, Paolillo catalogou seu livro, sobre a história da Alfa Romeo no Brasil (Marcelo Paolillo/Divulgação)

    Em outra ida à Europa, o brasileiro rodou pelo Velho Continente ao volante de um 2300 (emprestado de seu amigo suíço) dirigindo até Milão, para doar  um exemplar do livro sobre a história do 2300 – que ajudou a escrever e que ficou catalogado como um documento sobre a produção da marca no Brasil – ao Museo Storico Alfa Romeo, que cuida da memória da marca.

    Marcelo junto de Marco Fazio, no Centro Storico Alfa Romeo (Marcelo Paolillo/Divulgação)

    Quando o modelo completou 40 anos, ele organizou um passeio até o distrito de Xerém (RJ), na antiga fábrica da FNM (hoje funciona a Marcopolo).

    Em 1978 a Fiat assume a Alfa Romeo, e o modelos 2300 passa a ser fabricado em Betim, na planta da Fiat (Xico Buny/Quatro Rodas)

    De lá foram até a Fiat, em Betim (MG), última fábrica a construir o 2300. Andaram mais de 2.700 km e foram recebidos com festa.

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    Paolillo não conta quantos Alfa Romeo 2300 tem. A garagem em que mantém os carros, pertence a um grupo de colecionadores chamado Confraria 2300.

    Nesse local estão guardados mais de 20 modelos 2300, reunindo exemplares de todos os anos de fabricação no Brasil, além dos ancestrais, como o famoso FNM JK (1960-1968), que era uma variação do Alfa Romeo 2000, e alguns outros modelos italianos da Alfa, além de exemplares da marca Fiat.

    Os membros da Confraria 2300 se encontram para trocar ideias, rodar com seus carros e receber motoristas interessados em ver de perto as raridades. Para 2024, eles estão programando uma grande viagem pelo continente americano para comemorar os 50 anos do 2300, a bordo de seus exemplares.

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