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Grandes Brasileiros: Alfa Romeo 2300 B

Para evoluir, o Alfa 2300 mudou de proposta, dieta e até de casa para ampliar sua participação no mercado de luxo brasileiro

Por Felipe Bitu
20 jun 2017, 18h30
Quatro faróis e grande área envidraçada: inspiração na Alfetta de 1972
Quatro faróis e grande área envidraçada: inspiração na Alfetta de 1972 (Xico Buny/Quatro Rodas)

O Alfa Romeo 2300 foi o primeiro – e até hoje o único – modelo da marca italiana a ser fabricado no Brasil. Ele consolidou a presença da casa milanesa no país quando foi apresentado em 1974.

A mistura de luxo e esportividade justificava o preço elevado pela exclusividade técnica do duplo comando de válvulas, freios a disco nas quatro rodas, câmbio de cinco marchas e cintos de segurança de três pontos.

Mas nem tudo ia bem para a Alfa: o 2300 sofria dos problemas de qualidade que comprometeram a imagem dos sedãs produzidos pela antecessora FNM em Duque de Caxias (RJ). Corrosão, panes elétricas, vedação falha e problemas mecânicos eram inaceitáveis para um modelo que concorria com os melhores automóveis do mercado, nacionais ou estrangeiros.

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A situação só viria a melhorar em 1976: a proibição das importações de carros favoreceu o 2300, então o único nacional de luxo oriundo da escola europeia.

O 2300 era o único carro de luxo nacional baseado na escola europeia: nos anos 70, modelos quatro portas não estavam ao gosto do grande público
O 2300 era o único carro de luxo nacional baseado na escola europeia: nos anos 70, modelos quatro portas não estavam ao gosto do grande público (Xico Buny/Quatro Rodas)

Da noite para o dia, ele passou a atrair não só os entusiastas alfistas, mas também o público habituado às versões mais caras do Opala, Dodge Dart e Galaxie, além de importados como BMW e Mercedes.

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Ciente da oportunidade, a Alfa deu início ao aperfeiçoamento do 2300, para suavizar as características do projeto original e sanar alguns de seus defeitos, sem perder o espírito esportivo peculiar do fabricante. O resultado foi o modelo 2300 B, que se tornou uma das maiores estrelas do Salão do Automóvel de 1976.

As maiores modificações estavam no interior, com painel acolchoado, volante em plástico injetado (com regulagem de altura), revestimento dos bancos e laterais de portas em tecido imitando veludo e rádio AM/FM com antena elétrica. Os bancos dianteiros eram reclináveis e tinham ajuste milimétrico, e o banco traseiro oferecia maior conforto ao quinto passageiro.

O modelo B mostra evolução na ergonomia: pedaleiras suspensas, alavanca de freio de mão entre os bancos e comandos na coluna de direção
No 2300 B, alavanca do freio de mão passou a ficar entre os bancos (Xico Buny/Quatro Rodas)

Externamente, os detalhes que mais chamavam atenção na reformulação do sedã ítalo-fluminense eram as lanternas traseiras maiores e as maçanetas embutidas nas portas.

A grade dianteira perdeu os frisos cromados, enquanto o tradicional escudo triangular ficou maior. A nova denominação era exibida por meio de um emblema no lado direito da tampa do porta-malas.

Outro ponto de evolução foi na ergonomia: pedaleiras suspensas, alavanca do freio de mão entre os bancos dianteiros (e não mais embaixo do painel) e comandos dos faróis e limpador de para-brisa na coluna de direção. O volante estava mais leve graças a uma nova geometria de direção e por trás dele estava um painel de fundo azul e iluminação verde, inspirado nos BMW.

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Painel parece completo, mas não era: faltava manômetro e amperímetro
Painel parece completo, mas não era: faltava manômetro e amperímetro (Xico Buny/Quatro Rodas)

A modificação técnica mais significante ocorreu no trem de força. Consumidor voraz da gasolina azul de alta octanagem, o motor foi recalibrado para consumir gasolina amarela, mais comum e barata. Para tanto foi preciso alterar o perfil dos comandos de válvulas, o coletor de escapamento e a curva de avanço do distribuidor.

Como resultado, o torque subiu de 21 para 21,5 mkgf e a potência, de 140 para 141 cv. Era preciso explorar o câmbio de cinco marchas para impulsionar seus 1.336 kg. Uma de suas virtudes era a autonomia, graças ao tanque de 100 litros e ao quatro cilindros que fazia média de 8,4 km/l.

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Em 1978, a Fiat assumiu o controle da produção, transferida para sua sede em Betim. O fabricante mineiro melhorou a proteção contra corrosão e diminuiu o nível de ruído.

Fabricação da Fiat a partir de 1978
Fabricação da Fiat a partir de 1978 (Xico Buny/Quatro Rodas)

O exemplar das fotos é um modelo 1980, do colecionador Marcelo Paolillo: “Foi o último ano de produção do 2300 B, substituído pelo 2300 SL”. Apesar da valentia contra os novos Del Rey, Monza e Santana, o 2300 custava quase o dobro dos concorrentes – foram cerca de 30.000 unidades produzidas até 1986, número que evidencia sua exclusividade.

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Teste QUATRO RODAS – janeiro de 1977

  • Aceleração de 0 a 100 km/h: 14,2 s
  • Velocidade máxima: 164 km/h
  • Consumo médio: 8,4 km/l
  • Preço (julho de 1978): CR$ 208.950
  • Preço (atualizado IGP-DI/FGV): R$ 162.792

Ficha técnica – Alfa Romeo 2300 B 1980

  • Motor: longitudinal, 4 cilindros em linha, 2.311 cm3, comando de válvulas duplo no cabeçote, carburador, 141 cv a 5.700 rpm, 21,5 mkgf a 3.500 rpm
  • Câmbio: manual de 5 marchas, tração traseira
  • Dimensões: comprimento, 469 cm; largura, 196 cm; altura, 144 cm; entre-eixos, 273 cm; peso, 1.336 kg
  • Pneus: 185 SR 14
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