Quanto tempo demora para carregar um carro elétrico?
Fabricantes tentam garantir recarga em uma hora, mas depende da bateria, temperatura e potência do carregador; entenda
O tempo exato para a recarga completa de um carro elétrico depende de alguns fatores, como o tamanho da bateria, da potência do carregador, da potência máxima que o carro aceita para recarga e até mesmo da temperatura do ambiente e da bateria.
Em geral, carros elétricos pequenos, que têm baterias igualmente pequenas, costumam aceitar potência suficiente para serem recarregados em cerca de uma hora, isso em carregadores rápidos. É uma forma de evitar custos com sistemas elétricos que suportem potência maior.
Mas nenhum carro elétrico consegue carregar em potência máxima o tempo todo.
Carregamento rápido tem variáveis
A carga rápida é feita em corrente contínua (DC ou CC), que não depende de conversão pois baterias acumulam corrente contínua. Por isso, pode-se aumentar a entrega de potência e reduzir significativamente o tempo necessário para carregar o veículo. Mas dificilmente passará dos 80% com potência máxima.
Imagine que a bateria é uma garrafa vazia. Se você enche essa garrafa com água muito rápido, quando estiver próxima ao limite vai começar a jorrar e não vai encher por completo. Será necessário reduzir a vazão de água para completar a garrafa. É isso que acontece na bateria: a potência é reduzida para a energia ser distribuída entre as células da bateria e ocupar toda sua capacidade.
A temperatura também influencia na potência da recarga rápida: o carro pode limitar a potência entregue pelo carregador quando está muito frio ou muito quente. A temperatura ideal, porém, dependerá da tecnologia usada pela bateria.
No Brasil, há carros elétricos que aceitam entre 30 kW (Renault Kwid E-Tech) e 270 kW (Porsche Taycan, Audi E-tron GT) em carregadores rápidos. Mas existem pouquíssimos carregadores rápidos que entregam mais de 150 kW no Brasil.
Mas limitação de potência pode surpreender os mais incautosCarros elétricos compactos costumam manter uma relação entre o tamanho da bateria e a potência máxima de recarga. O Renault Kwid elétrico, por exemplo, carrega a no máximo 30 kW, mas sua bateria tem 28,6 kWh de capacidade. O BYD Dolphin Mini aceita 40 kW para recarregar uma bateria de 38 kWh. O Dolphin, que tem 44,9 kWh de capacidade, recarrega a 50 kW, mesma potência do Peugeot e-2008, que tem bateria de 50 kWh.
Uma exceção entre os compactos é o Fiat 500e, com bateria de 42 kWh e que aceita recarga a até 85 kW. Em teoria, pode ser recarregado por completo em meia hora recarregando na potência máxima.
Carros com baterias com capacidade acima de 60 kWh costumam aceitar recarga em potência entre 80 e 120 kW. Por isso, é comum que os fabricantes divulguem recarga ao redor dos 30 minutos para que a bateria passe 10 a 80%. Mas carregadores tão potentes são mais comuns em rodovias.
Recarga doméstica sempre é lenta
A carga lenta é feita em corrente alternada (AC ou CA), que é a corrente disponível na rede elétrica. Pouca gente sabe, mas os carros elétricos têm um carregador de bordo que é responsável por transformar a corrente alternada em corrente contínua antes de armazená-la na bateria. E esse carregador também pode limitar a recarga do carro.
É possível recarregar um carro elétrico em qualquer tomada comum em casa, mas a potência é limitada. Para isso, usa-se os carregadores portáteis, que entregam entre 2 kW (110 V) e 3,5 kW (220 V). Como a entrega de potência é baixa, a recarga demora mais.
A recarga lenta também pode ser feita por carregadores do tipo Wallbox, que dependem de instalação elétrica com protetores, e são capazes de usar corrente de até 32A para entregar 7,4 kW (que são os mais comuns) ou instalação trifásica, podendo entregar 11 kW (16A) ou 22 kW (32A). Estes últimos são mais comuns em estabelecimentos comerciais, que têm infraestrutura elétrica mais robusta.
Mas são poucos os carros elétricos que aceitam carga lenta a 22 kW.
Um carregador de bordo potente é maior, mais pesado e muito mais caro. Por isso a maioria dos carros elétricos têm conversor CA/CC de baixa potência. Para ter ideia, os Audi Q8 e-tron têm o conversor de 22 kW como opcional por R$ 16.500 – o padrão é 11 kW, que é a média entre os carros elétricos à venda no Brasil.
Exceções são os carros elétricos da BYD, que carregam a no máximo 6,6 kW em carga lenta. Logo, a recarga de um BYD Dolphin (44,5 kWh) levará cerca de 7h e a do BYD Seal (82,56 kWh) levará 12h30 – ou um dia inteiro com carregador portátil.
Um Renault Kwid E-Tech recarrega em cerca de 3h em wallbox de 7,4 kW, enquanto um Mini Cooper SE recarrega sua bateria de 32,6 kWh em cerca de 4h a 11 kW. Mas um Volvo XC40, com bateria de 78 kWh e potência limitada a 11 kW precisa de pouco mais de 7h.
Poucos carros elétricos vendidos no Brasil têm carregador onboard de 22 kW, como o Renault Megane E-Tech e o BMW iX1.
Como saber a potência máxima em carga lenta:
Potência máxima de recarga AC – CA | Potência do carregador (Kw) | ||||
Potência do carregador onboard (kW) | 3,6 | 7,4 | 11 | 22 | |
3,6 | 3,6 | 3,6 | 3,6 | 3,6 | |
7,4 | 3,6 | 7,4 | 7,4 | 7,4 | |
11 | 3,6 | 7,4 | 11 | 11 | |
22 | 3,6 | 7,4 | 11 | 22 |
A vantagem do wallbox é permitir a recarga completa do carro ao longo de uma noite, o que pode não acontecer com um carregador portátil, dependendo do tamanho da bateria do carro.
A conta para ter uma ideia do tempo para a recarga completa da bateria do carro elétrico é dividir a capacidade da bateria pela potência máxima da recarga.
Por exemplo, o Peugeot e-2008 tem bateria de 50 kW e aceita carga lenta de até 7,4 kW. 50 dividido por 7,4 dá aproximadamente 6,75. Convertendo em horas, a recarga completa levaria 6h45. Se o carro estiver com 20% da carga, a conta é feita considerando os 40 kW necessários para a recarga completa: dá 5h24.