A JAC tem se segurado no mercado brasileiro graças a sua ofensiva elétrica e pode ser considerada a marca mais versátil, nesse segmento. Afinal, vende desde hatch compacto (o E-JS1 é o elétrico mais barato do país) até SUV médio e acaba de lançar o primeiro sedã grande, o JAC E-J7.
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A proposta desse modelo, tanto pelo porte quanto pelo desempenho, é mostrar o que a marca chinesa tem de melhor em casa. O E-J7 foi construído em plataforma própria, mas quem assina o desenvolvimento é a alemã Volkswagen, dona de 75% da divisão de elétricos da JAC.
Além da parte da engenharia, a VW também influenciou no design. É indiscutível a semelhança da sua traseira com a do SUV elétrico ID.4, graças às lanternas interligadas por uma elegante régua reflexiva. Ainda na traseira, uma outra inspiração no grupo VW são as setas dinâmicas, assim como os Audi.
O estilo fastback da carroceria, com a abertura da tampa do porta-malas junto com o vidro traseiro (assim como nos hatchs, peruas e SUVs), é um dos destaques do design.
A linha de teto não forma nenhum ângulo com o porta-malas. A lateral ganha evidência ao por um vinco em alto relevo que eleva a linha de cintura do modelo, a qual, combinada com a área envidraçada reduzida, confere uma sensação de robustez ao carro.
A grade frontal fechada, como em todo elétrico, ganhou uma portinhola que dá acesso às tomadas de recarga.
E nesse ponto, a JAC comete um equivoco, porque os plugues do E-J7 (assim como de outros modelos da linha) são compatíveis com o padrão chinês GB/T, que é raro de achar nos carregadores públicos disponíveis no Brasil. O padrão mais utilizado em nosso país é o chamado Tipo 2 e isso torna necessário o uso de um adaptador (fornecido pela marca).
QUATRO RODAS teve a experiência de utilizar adaptador para recarga no teste com o E-JS1 e verificou que esse recurso limita a potência do sistema, aumentando o tempo necessário para a recarga das baterias.
A JAC garante que na tomada convencional ou wallbox, o dono do sedã precisará de pouco mais de seis horas para carregá-lo (20% a 100%). E, em um sistema de carga rápida, seriam necessários somente 30 minutos.
Segundo a fábrica, o grande trunfo do sedã está no fato de ser relativamente leve e isso contribui para uma autonomia maior. De fato, isso é bom. Mas não compensa a dificuldade criada pelos plugues chineses. O E-J7 pesa 1.650 kg e pode rodar até 402 km, de acordo com a JAC.
O conjunto de baterias de fosfato de ferro de lítio totalizam 50,1 kWh de capacidade – a mesma oferecida pelo Peugeot 208 e-GT que pesa apenas 120 kg a menos e tem autonomia de 340 km.
Custando R$ 264.900, a fábrica tem a ambição de posicionar o JAC E-J7 como alternativa aos sedã médios alemães de luxo, equipados com motor a combustão. Com esse objetivo, na apresentação que fez para a imprensa, em um circuito fechado, a JAC organizou uma prova de arrancada alinhando o elétrico com Audi A4, BMW Série 3 e Mercedes Classe C.
De fato, o E-J7 sai na frente de todos, mas isso já era esperado, afinal, nos elétricos o torque máximo disponível é imediato, enquanto nos carros equipados com motores térmicos essa força só é alcançada em uma faixa de giro específica.
O motor elétrico do chinês oferece 193 cv e o torque é de 34,7 kgfm. O BMW 320i, que é o líder do segmento, proporciona 184 cv e 30,6 kgfm. Assim, enquanto o E-J7 acelerou de 0 a 100 km/h em 5,9 segundos, o BMW precisou de 7,6 segundos.
Só tivemos a oportunidade de dirigi-lo em circuito fechado, mas foi possível observar que em curvas mais acentuadas a carroceria rola mais do que deveria e os pneus perdem aderência com facilidade. E esse ruído também foi percebido em frenagens mais bruscas, apesar do ABS. Essa perda de aderência pode ser creditada aos pneus ou à suspensão ineficiente, embora o E-J7 tenha suspensão multilink na traseira.
Na cabine, o JAC se aproxima dos sedãs de luxo com o uso de materiais de boa qualidade no acabamento. A tela central de 13” tem formato vertical, assim como os elétricos da BYD, com conexão com Apple CarPlay e Android Auto, por cabo.
O pacote de equipamentos é completo, há airbags frontais, laterais e de cortina e sistemas de auxílio à condução como ESP, assistente de partida em rampas e monitoramento de pressão de pneus. Porém, não espere tecnologias mais avançadas como piloto automático adaptativo e frenagem autônoma de emergência – presentes nos sedãs alemães.
O JAC é mais barato que os sedãs premium, os quais nas diferentes versões custam entre R$ 280.000 e R$ 380.000. Para conquistar o público das marcas de luxo, no entanto, não bastam preço e desempenho e eficiência.
Veredicto – Primeiro sedã elétrico de luxo da JAC, o E-J7 é mais rápido e barato que os alemães, mas falta conteúdo tecnológico e de segurança.
Ficha técnica – JAC E-J7
- Preço: R$ 264.900
- Motor elétrico: 193 cv, 34,7 kgfm; baterias de fosfato de ferro de lítio, 50,1 kWh
- Câmbio: automático, 1 m., tração dianteira
- Direção: elétrica Suspensão: McPherson (diant.), multilink (tras.)
- Freios: disco ventilado (diant.), sólido (tras.)
- Pneus: 215/55 R17
- Dimensões: comprimento,477 cm; largura, 182 cm; altura, 151 cm; entre-eixos, 276 cm; peso, 1.650 kg; porta-
-malas, 590 l;
Desempenho:
0 a 100 km/h – 5,9 s
Velocidade máxima – 150 km/h