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Teste: JAC e-JS4 é apenas um SUV compacto elétrico – e isso é bom

SUV com porte de Nissan Kicks e preço de Peugeot 208 e-GT é trunfo da chinesa JAC na guerra da eletrificação

Por Eduardo Passos
Atualizado em 18 jul 2022, 11h54 - Publicado em 24 set 2021, 10h58
JAC EJS4
Dianteira troca a velha grade por placas reflexivas (Fernando Pires/Quatro Rodas)

Quando a União Europeia  apresentou, em julho deste ano, seu plano de abolir carros a combustão a partir de 2035, muito se falou a respeito dos nobres planos de fazer do Velho Continente o primeiro neutro em carbono até 2050.

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Quem se aventura pelo calhamaço de 264 páginas da proposta, porém, se depara com um outro motivo, talvez tão importante quanto: os europeus assumem, preocupados, que estão perdendo a corrida dos elétricos para a China, e o JAC e-JS4 é uma boa dica do motivo disso.

Ele não é o mais tecnológico ou o mais excitante carro elétrico à venda no Brasil, mas talvez seu trunfo seja focar em uma normalidade que concorrentes carregados de simbologia e conceitos não conseguem. Enquanto as marcas tradicionais transformam seus VEs quase num manifesto sociopolítico, o SUV da JAC foca na experiência do usuário e quase nada mais do que isso.

JAC EJS4
Design é um dos mais “normais” entre elétricos à venda no Brasil (Fernando Pires/Quatro Rodas)

É uma comodidade exclusiva dos chineses, sem fãs puristas capazes de bater à porta das fábricas em protesto mediante a “heresia” da vez. Ao mesmo tempo que a JAC exibe o pequenino e-JS1, VE mais barato do Brasil, ela goza de liberdade ao seguir um caminho diferente no e-JS4.

Não que ele seja barato, mas, como se trata de um SUV médio, o encarecimento inevitável se dilui em meio aos preços médios do segmento, bons equipamentos e espaço interno.

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Isso fica evidente à primeira vista, quando o sucessor do iEV60 já toma distância dos hatches que comandam a guinada das montadoras tradicionais, graças às suas dimensões generosas, quase iguais às de um Volvo XC40, por exemplo.

JAC-EJS4
DRLs separadas dos fárois lembram a Fiat Toro. Régua traseira é iluminada e futurista em boa medida junto às lanternas (Fernando Pires/Quatro Rodas)

A semelhança, entretanto, é bem maior com o Nissan Kicks – seja em porte, seja na aparência –, ainda que a JAC prefira compará-lo ao Jeep Compass, enquanto cobra o equivalente a um Peugeot 208 e-GT pelo carro de versão única, R$ 249.990.

Ainda custa muito caro, mas sinaliza que a fabricante talvez se aproxime do ponto com o qual todo CEO automotivo sonha e coloca em suas orações atualmente: o dia em que seus elétricos custarão tanto quanto um equivalente a combustão.

As marcas da Stellantis focam em 2026, mas nesse ritmo a JAC chegará antes. Com tanta pretensão, a marca faz elevar o rigor da crítica, com o repórter vistoriando o carro sempre à procura de um “mas” que não vem.

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Interior agrada pelos equipamentos a bordo e também pelo nível de acabamento (Fernando Pires/Quatro Rodas)

Sóbrio, o carro tem bom gosto na decoração e pintura em dois tons, com belas lanternas traseiras de led e faróis bipartidos, como é tendência. Já seu interior é amplo e confortável, com bom nível de acabamento.

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De fato não há estilo excitante e digno de likes, mas o cuidado nos detalhes aparece nos poucos plásticos à mostra, partes em preto reflexivo e entalhes dourados ao redor da cabine, que, iluminada através do teto solar panorâmico e de vidro claro, se enche de luz, nos dois sentidos.

Mesma coisa ocorre com a excelente central multimídia de 10,25 polegadas, com brilho, resolução e dimensões raras aos SUVs médios. Seu pecado é um software falho e mal traduzido, que torna mais fácil usá-lo em inglês; um problema que some quando ligo o Android Auto para seguir viagem.

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Bancos não apoiam bem os ocupantes e suspensão garante rodagem confortável, ainda que um pouco barulhenta. Porta-malas é bom até para SUVs médios, com mais volume que Jeep Compass (410 l) e Volkswagen Taos (498 l) (Fernando Pires/Quatro Rodas)

A tela também é muito útil para exibir as quatro câmeras espalhadas pelo carro. Elas servem desde a marcha a ré à mudança de faixa, quando as unidades dos retrovisores oferecem, em ótima resolução, uma visão estendida do ambiente externo.

Em movimento, o e-JS4 também faz bonito, com a entrega quase instantânea dos 150 cv e 34,7 kgfm, facilitando muito o deslocamento urbano. Desde o para e segue do semáforo a uma retomada exigente, o conforto de ter o carro na mão é viciante, sempre deixando saudades na volta à gasolina.

A suspensão lida bem com um modelo mais alto frente aos pares e o SUV balança pouco, seja em pisos bons ou ruins. Com bastante peso perto do solo e bitola larga, era o que faltava para que a posição de dirigir fosse alta mas gostosa.

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JAC-EJS4
Quadro digital tem ótima resolução, mas interface é confusa e mal traduzida (Fernando Pires/Quatro Rodas)
JACEJS4
Câmeras salientes nos retrovisores externos contribuem para mudanças de faixa e balizas (Fernando Pires/Quatro Rodas)

O maior problema em termos de conforto diz respeito aos passageiros do banco de trás, que têm ótimo espaço para as pernas e os ombros, mas sofrem com barulho acima do esperado a mais de 100 km/h. Uma questão simples, porém capaz de quebrar um pouco da mística dos “carros silenciosos”.

Mas se o e-JS4 é tudo isso, por que motivo ainda não supera seus concorrentes? O engenheiro de produtos da marca, Vitor Bueno, destaca o preconceito com carros chineses como a grande vulnerabilidade do modelo. E tem razão.

Seu maior defeito, entretanto, também vem da Ásia, já que o sistema de carregamento brasileiro não se entende com o utilitário nem usando adaptadores inclusos.

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Controles não têm resposta tátil, distraindo o motorista mais do que o ideal (Fernando Pires/Quatro Rodas)

O carregamento doméstico salva, mas as 11 horas na tomada residencial não servem para o dia a dia e, com bateria de 55 kWh, os 420 km de autonomia só se obtém na estrada com pé muito leve e convívio inusitado com os amigos da boleia, sempre à direita.

Sim, ter um elétrico ainda exige comprometimento com a causa, mas a JAC parece mais avançada que gigantes do Ocidente. E a União Europeia sabe muito bem.

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JAC-EJS4
Console no teto traz porta-óculos, teclas das luzes e de acionamento do teto solar (Fernando Pires/Quatro Rodas)

Veredicto

Seu destaque é o custo/benefício, mas o carregamento é ponto sensível e que precisa ser melhorado, assim como dados de performance e carregamento.

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Rodas têm design aerodinâmico. Sob o capô: visual nada parecido com um V8 (Fernando Pires/Quatro Rodas)

Ficha Técnica – JAC e-JS4

Motor: dianteiro, elétrico síncrono permanente, 150 cv, 34,7 kgfm
Baterias: íons de lítio, 55 kWh, recarga de 9 horas (CA) e 31 minutos (CC)
Câmbio: automático, uma marcha

Direção: elétrica
Suspensão: McPherson (diant.), eixo de torção (tras.)
Freios: disco ventilado (diant.), disco sólido (tras.)
Pneus: 225/45 R17 nas quatro rodas
Dimensões: compr., 439,8 cm; larg., 178,2 cm; alt., 165,6 cm; entre-eixos, 262 cm; porta-malas, 520 l

JAC-EJS4
Dificuldades no carregamento foram pontuais e serão corrigidas, garante JAC (Fernando Pires/Quatro Rodas)

Teste – JAC E-JS4

Aceleração
0 a 100 km/h: 9,1 s
0 a 1.000 m: 30,7 – 157,1 km/h

Velocidade máxima: 160 km/h (dado de fábrica)

Retomadas
D 40 a 80 km/h: 3,6 s
D 60 a 100 km/h: 4,7 s
D 80 a 120 km/h: 6,4 s

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Frenagens
60/80/120 km/h a 0: 15,9/28,4/62,9 m

Consumo
Urbano: 7,5 lm/kWh
Rodoviário: 6,3 km/kWh

Ruído interno
Neutro/rpm máx.: -/- dBA
80/120 km/h: 65,4/70,2 dBA

Aferição

Velocidade real a 100 km/h: 99 km/h
Rotação do motor a 100 km/h em 7a marcha: –
Volante: 2,5 voltas

Seu Bolso
Preço básico: R$ 249.990
Garantia: 5 anos

Condições de teste: alt. 660 m; temp., 31 °C; umid. relat., 55%; press., 1.013 kPa

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CAPA quatro rodas setembro edição 749
(arte/Quatro Rodas)
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