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Estranho, mas funcional: Lotus Europa era quase um carro de F1

O estilo controverso do esportivo inglês escondia soluções simples e eficientes para extrair o máximo de pequenos motores de quatro cilindros

Por Felipe Bitu Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
19 jun 2022, 12h56

Sete vezes campeã mundial de F1, a Team Lotus era uma das equipes mais renomadas na década de 1960. Fundada e chefiada pelo engenheiro Colin Chapman, a equipe colaborou para consolidar a configuração do motor central-traseiro na solução técnica que seria aplicada com êxito no Lotus Europa, em 1966.

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Sua história começa em 1963, época em que o diretor Ron Hickman apresentou a proposta da Lotus para o que viria a ser o Ford GT40. As negociações não prosperaram e a Ford firmou parceria com a concorrente Lola Cars.

Denominado Lotus 46, o projeto foi batizado como Europa devido à pretensão de Chapman de comercializá-lo em todo o mercado europeu.

Lotus Europa
Versão S2 era equipada com motor 1.5 de 82 cv e pesava 662 kg. A relação peso/potência era de 8 cv/kg (Fernando Pires/Quatro Rodas)

A independência foi reforçada pela substituição do motor Lotus-Ford Twin Cam pelo francês A1K do Renault 16: com bloco de alumínio, o quatro-cilindros, de 1,5 litro, desenvolvia 82 cv, enviados às rodas traseiras por um câmbio manual de quatro marchas.

Custando pouco mais de 1.000 libras, o Europa S1 era um esportivo acessível e logo superou a popularidade de precursores como René Bonnet Djet e De Tomaso Vallelunga.

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Leve e resistente, o chassi mantinha o mesmo esquema de espinha dorsal do Lotus Elan, formado por chapas de aço dobradas e soldadas. Extremamente baixa, a carroceria de plástico reforçado com fibra de vidro era colada ao chassi para aumentar ainda mais sua rigidez torcional.

Lotus Europa
Painel de madeira chegou em 1968. O espaço interno era limitado e único ajuste era o das pedaleiras (Fernando Pires/Quatro Rodas)

O estilo peculiar assinado por John Frayling era bem funcional: as laterais traseiras altas e a tampa do motor elevada resultavam em um coeficiente aerodinâmico de apenas 0,29.

Pesando 610 kg, o Europa S1 era muito rápido e veloz para a época: acelerava de 0 a 96 km/h em 9,3 segundos e chegava aos 195 km/h.

Freios a disco e suspensões independentes nas quatro rodas proporcionavam um comportamento dinâmico notável, mesmo com os estreitos pneus com 155 mm de largura: a imprensa especializada afirmava que o Europa S1 era o automóvel de rua que mais se aproximava de um Fórmula 1.

Lotus Europa
(Fernando Pires/Quatro Rodas)

Os primeiros exemplares tinham janelas laterais fixas e um interior minimalista, sem maçanetas ou forrações nas portas. A ergonomia não era das melhores, com o espaço interno limitado, o único ajuste permitido ao motorista era o da pedaleira.

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Foram produzidas menos de 650 unidades do Europa S1 até 1968, todas destinadas ao mercado europeu, como Chapman havia planejado.

O Europa S1 originou uma versão de pista denominada Lotus 47: além de uma carroceria ainda mais leve, o esportivo era impulsionado por um motor Cosworth de 165 cv baseado no Lotus-Ford Twin Cam acoplado a um câmbio Hewland com cinco marchas e diferencial autoblocante. Estima-se que menos de 70 unidades tenham sido produzidas, quase todas destinadas a equipes privadas.

Lotus Europa
Modelo tinha chassi de chapas de aço e carroceria de plástico (Fernando Pires/Quatro Rodas)

No segundo trimestre de 1968, foi apresentado o Europa S2 (Lotus 54): além dos novos indicadores de direção, seu interior era bem mais civilizado, com bancos ajustáveis, vidros com acionamento elétrico e revestimento imitando madeira no painel.

A carroceria passou a ser parafusada ao chassi para facilitar reparos, e a versão de exportação para o mercado norte-americano (Lotus 65) recebia o motor Renault A2L de 1,6 litro.

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A Lotus produziu pouco mais de 3.600 unidades do Europa S2. Em 1971 surgiu o Europa Twin Cam (Lotus 74), impulsionado pelo tradicional motor Lotus-Ford de 1,6 litro com duplo comando de válvulas, dois carburadores horizontais e potência de 105 cv a 6.000 rpm.

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O habitáculo ficou um pouco mais espaçoso com a adoção de bancos redimensionados e a visibilidade traseira melhorou bastante com o rebaixamento das laterais.

Lotus Europa
Motor central-traseiro vindo das pistas (Fernando Pires/Quatro Rodas)

O último exemplar da linhagem foi o Lotus Europa Special, equipado com o cabeçote Big Valve desenvolvido pelo engenheiro Tony Rudd: a potência chegava a 126 cv a 6.500 rpm (113 cv no mercado norte-americano).

Seu opcional mais interessante era o câmbio Renault de cinco marchas: o Europa Special acelerava de 0 a 96 km/h em 6,6 segundos, com máxima de 198 km/h.

Quase 5.000 unidades do Twin Cam e Special deixaram a fábrica de Hethel até 1975. No total foram produzidas mais de 9.200 unidades do Europa em dez anos, um grande feito para um pequeno fabricante de esportivos artesanais.

O carisma do nome Europa foi resgatado entre 2006 e 2010, período em que batizou uma versão do Lotus Elise.

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Ficha Técnica – Lotus Europa S2 1969

Motor: longitudinal, 4 cilindros em linha, 1.470 cm3, alimentação por carburador
Potência: 82 cv a 6.500 rpm
Torque: 11 kgfm a 4.000 rpm
Câmbio: manual de 4 marchas, tração traseira
Carroceria: fechada, 2 portas, 2 lugares
Pneus: 155 HR 13
Dimensões: comprimento, 399 cm; largura, 163 cm; altura, 108 cm; entre-eixos, 231 cm; Peso: 662 kg

 

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