Tudo o que você precisa saber e fazer antes de trocar de carro
No jogo da burocracia, confira todas as vistorias que devem ser feitas antes e depois de comprar o carro
A compra de um carro é como um jogo daqueles que você tem de andar várias casinhas para chegar ao fim e, se adotar uma estratégia correta, vencer.
Antes ou depois de adquirir um veículo, o tabuleiro traz um caminho de etapas burocráticas. Vistorias necessárias para avançar e poder desfrutar do prêmio, que é dirigir com tranquilidade.
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São inspeções que devem ser feitas antes de comprar um carro usado, e outras que podem ser realizadas depois de adquiri-lo – aí tanto faz se o modelo é um seminovo ou um zero-km. Só que neste jogo é preciso estar atento para não pegar atalhos ou errar e correr o risco de ter que voltar três casas – ou para o início do jogo.
Escolha as peças
Se você pensa na compra de um usado, talvez seja interessante começar o jogo com a chamada vistoria cautelar. Sim, há diversas empresas que fazem um verdadeiro raio X do veículo. Desde a documentação até o estado de conservação.
Os peritos checam o histórico dos carros para ver se há multas pendentes, impostos em atraso ou mesmo registro de sinistros, clones e roubos. Também fazem uma vistoria presencial para averiguar as condições do carro, se há sinais que indiquem batidas e se tudo funciona perfeitamente bem.
Ao final, é emitido um laudo técnico recomendando a compra ou não daquele carro pelo cliente. Esse tipo de vistoria cautelar pode ser contratado por preços que variam de R$ 200 a R$ 1.000, conforme a abrangência da inspeção.
Ao mesmo tempo, há um serviço mais específico para quem busca o veículo, chamado popularmente de “personal car”. Neste, consultores especializados buscam o carro conforme as necessidades e desejos manifestados pelo cliente em um questionário inicial.
Filtradas as opções de acordo com o perfil, os consultores também fazem uma vistoria minuciosa para ver as condições mecânicas, de uso e também do histórico veicular.
Então, é emitida uma nota de 0 a 10 em que, de oito para cima, a compra do carro é recomendada. Nesse tipo de avaliação, os planos custam de R$ 600 a R$ 2.000, dependendo do serviço, dos básicos até os mais completos.
“O que eu sempre recomendo é nunca comprar um carro sem uma avaliação técnica profissional. Assim como a compra do imóvel envolve um corretor, o auxílio de uma assessoria é importante para a aquisição de um automóvel”, diz Aline de Lima Deolindo, fundadora e sócia-proprietária da empresa O Carro Ideal.
Comece o jogo
Hora de lançar os dados e de estar atento às inspeções obrigatórias, que podem variar conforme a unidade da federação. Isso porque algumas exigências e os calendários de vistorias costumam ser diferentes em cada Detran estadual.
Também há uma diferença de procedimentos para quem compra carro novo ou usado. A turma do zero-km não precisa fazer vistoria se o automóvel não recebeu nenhuma alteração mecânica profunda ou de caracterização (cor, por exemplo) antes de sair da concessionária. Basta, com a nota fiscal, dar entrada no CRLV e no CRV para fazer o emplacamento.
Mas para quem compra um carro usado a história muda. Isso porque os Detrans, como os de São Paulo, do Rio de Janeiro e de Minas Gerais, costumam exigir uma vistoria para transferência de propriedade. De qualquer forma, o procedimento também pode variar de acordo com a região.
No estado de São Paulo, as inspeções são realizadas pelas Empresas Credenciadas de Vistoria (ECVs). O dono do veículo precisa acessar o Portal do Detran local (www.detran.sp.gov.br) e escolher uma empresa.
No Rio, são efetuadas nos próprios postos do Detran e devem ser agendadas no site do órgão. Nessas avaliações, se faz a verificação do estado geral do carro e dos pneus, e de funcionamento dos principais equipamentos.
Em algumas unidades da federação há a checagem do nível de emissões. Tais inspeções também são exigidas para outros casos, como baixa de alienação (quando o carro foi adquirido por alguns tipos de financiamento e leasing), transferência ou mudança de registro para outro município ou estado, mudanças nas características do carro ou alteração facultativa para a placa padrão Mercosul.
Quem tem kit GNV
O dono de um carro com Gás Natural Veicular precisa de umas rodadas a mais. É que o Denatran exige uma inspeção anual no kit de combustível alternativo. O serviço também é feito por empresas credenciadas junto ao órgão nacional de trânsito.
A lista de companhias homologadas para fazer o serviço está no site do Denatran (https://www.gov.br/infraestrutura/pt-br/assuntos/denatran). A empresa verifica o estado de segurança de todo o sistema, desde os cilindros até a adaptação no motor. A partir daí, é emitido um laudo que vai permitir que o motorista faça a renovação do documento do carro.
Seguro
É fundamental garantir a cobertura do seguro antes de sair rodando por aí. “Sempre é muito importante que o veículo esteja com o seguro para que o proprietário saia com ele. Todos que trabalham com veículos ou seguros têm uma série de histórias de pessoas que bateram imediatamente após deixar a loja. Não vale o risco de forma alguma”, ressalta Emir Zanatto, sócio e COO da TEx, empresa especializada em soluções online para corretoras de seguros.
Para quem compra um carro zero, não há necessidade de inspeção da seguradora. Basta enviar a nota fiscal de compra para o corretor. Nos casos de transferência de seguro, as inspeções podem variar. Em geral, o corretor indica o local para a vistoria. Um profissional avalia carroceria, vidros, quilometragem, entre outros. Após a inspeção, emite um laudo para a mudança na apólice.
Em tempos de pandemia, as seguradoras têm investido em formas alternativas para realizar as vistorias. De qualquer forma, antes de sair com o carro, certifique-se com o corretor sobre os prazos entre a inspeção e a validação do seguro.
“Até que a vistoria seja realizada, após a proposta já ter sido emitida pela seguradora, o veículo já está segurado. Porém, é necessário verificar com o corretor os prazos para que seja feita. Se exceder o prazo, a proposta pode ser cancelada por falta de vistoria e, nesse caso, o veículo ficará sem seguro”, observa Zanatto.
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