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Mitos, verdades e cuidados que é preciso ter com o alinhamento

Alinhar as rodas garante segurança e economia, mas requer alguns cuidados

Por Moraes Eggers
Atualizado em 3 Maio 2021, 16h25 - Publicado em 7 dez 2016, 16h41
Trepidação, vibração e
Trepidação, vibração e “puxadas” para um dos lados indicam a necessidade de alinhamento (Marco de Bari)

Segurança e economia são essenciais quando o assunto é carro. Uma das fórmulas para obtê-las pode vir apenas de um serviço, quando bem executado: o alinhamento.

Ele tem a missão de deixar o volante centrado e as rodas paralelas entre si em relação ao centro do carro, de forma que a banda de rodagem dos pneus toque o solo de modo uniforme na trajetória do veículo.

Isso proporciona economia de combustível e evita desgastes excessivos e anormais de três componentes: amortecedores, molas e pneus.

Especialistas recomendam conferir o alinhamento a cada 10 000 km ou no caso de acontecer algum incidente que possa causar danos no veículo, como quando o carro encara um buraco mais profundo.

A suspensão dianteira dos automóveis é independente (em geral McPherson, mas as do tipo duplo A não são tão raras). A vantagem é que cada roda acompanha a irregularidade da pista sem afetar a outra, mantendo a estabilidade.

Todos os veículos possuem ajuste para a convergência dianteira, e os ângulos usados variam de acordo com os modelos e as montadoras, que os definem pensando no uso do carro, considerando aderência e desgaste de pneus, e na estabilidade.

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“Na maioria dos carros populares a suspensão é McPherson na dianteira e eixo de torção na traseira. Neles só é possível fazer o alinhamento de convergência no eixo dianteiro. Apenas quando há qualquer outro parâmetro diferente do nominal, seja na dianteira, seja na traseira, é necessário fazer alinhamento técnico, ou seja, deformar algum componente”, diz o engenheiro mecânico Felipe Marchesin, colaborador do Centro de Engenharia Automotiva da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo.

É uma deformação controlada e pequena. Para estes ajustes técnicos, usam-se recursos como calços, parafusos especiais e desempenadores. E para que um serviço de alinhamento tenha qualidade, o carro precisa estar em boas condições mecânicas.

“O mais frequente é a necessidade de trocar peças e componentes a fim de restabelecer os valores dos ângulos originais do alinhamento. É importante mostrar antes os problemas para que o cliente não ache que está sendo enganado. Se ele não aceita essas indicações, nem fazemos o serviço por questões de segurança”, diz Ricardo Lima, consultor de serviços e manutenção automotiva.

Em alguns casos, a substituição de peças desgastadas pode, sim, ser necessária para a realização do serviço. “Antes de se iniciar o alinhamento de rodas, devem ser avaliadas as condições dos pneus e calibragem e todas as peças e componentes da suspensão, para verificar se não têm irregularidades ou desgaste excessivo”, afirma Lima.

Vários fatores influenciam o acerto de suspensão e direção, da altura do carro em relação ao solo aos componentes que conectam as rodas ao chassi, como bandejas e buchas.

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“Rodas desalinhadas impedem o movimento natural do veículo, causando problemas de direção, cansaço no motorista e desgaste prematuro e irregular dos pneus”, diz Marchesin.

Ricardo Dilser, assessor técnico da Fiat, diz que, apesar de esse acerto de geometria ser um serviço de precisão, são normais diferenças nos ângulos usados, mesmo entre dois modelos iguais de veículo.

“Numa comparação entre dois carros de utilização diária, um pode ter um pneu mais gasto ou folga em buchas ou rolamentos que, mesmo em condições de uso e sem comprometer a segurança, podem requerer ângulos diferentes no alinhamento. No entanto, para serem aceitáveis, essas diferenças devem ser muito pequenas para manter as características originais do modelo, previstas pela engenharia no desenvolvimento do carro.”

Alinhamento de pneus
(Fabiano Cerchiari/Quatro Rodas)

Para verificar isso, levamos dois populares, de diferentes marcas, para fazer o alinhamento em seis oficinas e concessionárias de São Paulo, cidade com milhares de buracos e irregularidades em suas ruas.

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Antes passamos na Quadrelli Alinhamento e Balanceamento Especiais, que deixou os volantes descentralizados e alterou os ângulos para que fosse possível conferir o serviço depois que ele fosse realizado. O resultado surpreendeu. E não só pela diferença de preços.

Em todos os atendimentos, apesar de o resultado ficar dentro da tolerância, os valores dos ângulos foram diferentes dos iniciais. Nenhuma calibrou os pneus antes de alinhar. Três fizeram o rodízio de pneus, mas apenas uma avisou que um deles tinha desgaste anormal. Só um operador andou com o carro para testá-lo após o serviço. Uma cobrou por uma cambagem no lado esquerdo (desnecessária). E o pior: nenhuma alinhou o volante.

Então como saber se é mesmo preciso trocar peças e se o serviço foi bem executado? A fórmula para decifrar essa questão é seguir o plano de manutenção indicada pelo fabricante, conforme quilometragem ou período, e ficar atento para sentir se o veículo está sem estabilidade, além anomalias como ruídos e vibrações.

É possível verificar quando um amortecedor não está em boas condições. A carroceria tem oscilação maior que a normal em frenagens e curvas, e o carro tende a escapar da trajetória.

Ainda se pode checar se há vazamento de fluido entre o eixo e o corpo do amortecedor. Os pneus são outra referência. Se têm desgaste anormal, rápido ou irregular, indicam problemas de alinhamento.

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Para acompanhar a inspeção do mecânico e mostrar conhecimento de causa, é preciso checar as medições comparando os valores dos ângulos com os fornecidos pelo fabricante do veículo.

Ao fim do alinhamento, a máquina imprime um relatório com os ângulos medidos no carro e os valores recomendados pela montadora. Alguns já fornecem a tolerância aceitável. Basta conferir para ver o que não bate.

Outro aspecto é saber se a oficina faz a calibração das máquinas de medição periodicamente e verificar, logo após a realização do serviço, se o problema que o veículo apresentava foi eliminado.

Fora de linha

Para Wagner Quadrelli, da Quadrelli Alinhamento e Balaceamento Especiais, para evitar distorções por dados incorretos inseridos nas máquinas, o melhor é que o operador dirija o carro depois. “Esse é um serviço ligado à preservação da vida dos ocupantes do carro. Por isso, o homem ainda é fundamental para conferir o acerto do alinhamento.”

Wagner Quadrelli:
Wagner Quadrelli: “o homem ainda é importante para conferir o serviço” (Fabiano Cerchiari/Quatro Rodas)
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Alberto Trivellato, da Suspentécnica, pensa igual. “A sensibilidade é determinante para obter o melhor alinhamento, ainda mais no caso de máquinas de alinhamento abastecidas com valores que não correspondem ao que o carro precisa”, diz.

Marchesin acredita que essas máquinas são confiáveis, porém, como qualquer instrumento de medição, precisam ser constantemente verificadas: “Assim como o veículo perde o alinhamento, a máquina de alinhar também perde.”

 

 

Para tirar dúvidas, devem-se fazer pequenos testes que podem indicar se o carro está bem alinhado. Ao rodar devagar com o veículo em uma rua plana, basta soltar o volante e observar se o carro puxa para algum lado. Conferindo se o volante está centralizado, pisar gradativamente no freio permite sentir se o carro continua em trajetória reta.

Caso contrário, esqueça a recomendação dos 10.000 km e leve o carro para alinhar. Afinal, sua segurança e a dos ocupantes do seu carro não têm preço.

Alinhe quando…

1. O veículo puxar para a esquerda ou para a direita

2. Os pneus tiverem desgaste excessivo na área lateral superior

3. A banda de rodagem se desgastar em forma de escama ou serra

4. Um pneu tiver maior desgaste que outro

5. Houver trepidação das rodas dianteiras

6. O volante apresentar vibração

7. A direção ficar pesada

8. Os pneus cantarem em curvas ou manobras

9. O carro puxar para o lado quando os freios forem acionados

 

Alinhamento na tela

Direção por cabos pode tornar alinhamento e balanceamento obsoletos
(Fabiano Cerchiari)

Ao alinhar o carro, três pontos da suspensão devem ser ajustados: convergência (ou divergência), cáster e câmber. Estes dois só se alteram por acidentes ou avarias. A convergência muda pelo uso do carro e está diretamente ligada ao aumento da vida útil dos pneus.

Câmber: é o ângulo formado pela inclinação da linha normal da roda com relação à vertical.

Cáster: permite que as rodas mantenham-se em linha reta e responde pelo retorno automático do volante à posição central após a curva. Se não estiver correto, exigirá grande esforço para virar o volante.

Convergência: ângulo das rodas de modo que elas fiquem mais fechadas quando medidas na parte dianteira. É ela que compensa a tendência de abertura/fechamento dos pneus para garantir que eles rodem alinhados e evitar desgaste excessivo.

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