Volvo V40 T4 se garante na segurança contra Audi A3 e Mercedes Classe A
Safety Car: airbag para pedestre, assistente de mudança de faixa, leitura de placas de trânsito...
O hatch C30 deixou de frequentar o show-room das 20 concessionárias brasileiras da Volvo no início do ano. Era a fase final da estratégia que preparava a chegada do V40. A respeito do nome de registro, aliás, os “volvistas” mais tradicionais precisarão se acostumar a ver a letra V batizando um hatch e não uma station, como é o caso da V60, a perua do sedã S60.
Com 4,37 metros de comprimento, o V40 está mais para um hatch anabolizado que para uma miniperua, sendo apenas um pouco mais longo que seus principais rivais, os alemães MercedesBenz Classe A (4,29 metros), BMW Série 1 (4,32) e Audi A3 Sportback (4,31).
Como de costume entre as fábricas, o modelo enviado para nossa avaliação estava recheado com todos os opcionais. Apesar de bastante equipado desde o nível de entrada, o V40 tem preços que variam de 115 950 (básico) a 152 950 reais (completo).
Ou seja, o lançamento da marca carrega 37 000 reais (31,9% do valor do carro) só de extras. Os itens pagos à parte se dividem em três pacotes: Sport (de 12 000 reais, com teto panorâmico, faróis de xenônio adaptativos e rodas aro 18), High Tech (de 10 000 reais, com GPS, câmera traseira, assistente ativo de manobra e DVD) e Safety (de 15 000 reais, com airbag externo para pedestre, piloto automático adaptativo e sistemas de alerta de ponto cego, sonolência, tráfego cruzado, detecção de pedestre, mudança involuntária de faixa e de leitura de placas de sinalização viária).
De acordo com a Volvo, os pacotes são independentes e, segundo uma fonte ligada à marca sueca, “a versão básica responderá, sozinha, por metade dos V40 vendidos no Brasil”. Sobre a possibilidade de fabricar o V40 por aqui, a direção da marca despista. “Estudos nesse sentido existem, mas não há nada definido”, diz Paulo Solti, presidente da Volvo no Brasil.
A marca pertence à chinesa Geely desde 2010, quando foi adquirida da Ford por 1,8 bilhão de dólares. Montado sobre a plataforma da nova geração do Focus, que estreia no Brasil em setembro, vinda da Argentina, o V40 é um dos últimos projetos da Volvo oriundos do casamento anterior.
Se a plataforma é compartilhada, o motor é um clássico Volvo – nesse caso, literalmente. O V40 utiliza o motor T4 (B5204T8), um cinco-cilindros 2.0 20V turbo de 180 cv desenvolvido no início da década de 90. Em sua oitava versão, este motor está prestes a dar a vez a uma nova e mais eficiente geração.
Seguindo a estratégia que a Ford adotou ao criar o EcoBoost, os novos motores VEA da Volvo serão todos turbinados, com variadas cilindradas para atender de seis a sete modelos da casa, do grandalhão S80 ao compacto V40. Ou seja, a versão que estreia no Brasil em junho e que você está conhecendo agora terá vida curta.
Moderador de apetite
Nosso teste evidenciou a urgência de novidades na Volvo. Nascido para enfrentar os compactos alemães, o sueco saiu da nossa pista de testes com números menos animadores que os obtidos pelo BMW 118i e Mercedes A200, comparados na edição passada.
Nas provas dinâmicas (aceleração e retomadas de velocidade), o V40 foi um pouco melhor do que o A200, mas pior do que o 118i. Nas provas de consumo, porém, o sueco perdeu feio dos alemães. Com 9,2 km/l na cidade e 12,8 km/l na estrada, ele ficou muito aquém dos resultados do A200 (12 e 19,2 km/l) e do 118i (10,7 e 15,4 km/l).
O V40 de entrada, que custa 115 950 reais, perde boa parte dos recursos tecnológicos e de segurança, é verdade, mas mesmo assim o hatch tem seus destaques exclusivos. Ar-condicionado digital, airbags frontais, laterais, do tipo cortina e de joelho para o motorista, ABS, controles de estabilidade e tração, volante multifuncional e sistema start-stop.
De acordo com a assessoria de imprensa da marca, o banco elétrico também será item de série, apesar de não equipar o modelo (completo) cedido para nossa avaliação. No fim das contas, o V40 tem conteúdo similar ao dos rivais com preço equivalente. Com uma dinâmica mais próxima da do Classe A, o V40 prioriza o conforto: só não é mais macio por causa dos pneus esportivos (225/40 R18).
O bom nível de acabamento e a qualidade de materiais notados na cabine do Volvo também o habilitam para o confronto com os alemães. O painel emborrachado se destaca, assim como a montagem, com vãos regulares e sem exageros. Marca registrada dos Volvo, o console central vertical mantém teclas e botões de telefonia, climatização e rádio em posição pouco ergonômica.
Atraente e cheio de personalidade, o V40 precisará esperar a chegada dos novos motores Volvo de baixa cilindrada para encarar os rivais alemães na pista. Até lá, dificilmente conseguirá fazer frente a eles, com o pouco eficiente cinco-cilindros.
DIREÇÃO, FREIO E SUSPENSÃO
A suspensão prioriza o conforto, mas se mostrou ruidosa ao rodar em baixa velocidade sobre paralelepípedo.
★★★★
MOTOR E CÂMBIO
Os rivais do V40 provam que é possível unir desempenho e baixo consumo. Um sistema de dupla embreagem também seria bem-vindo.
★★★☆
CARROCERIA
Apesar da chegada das quatro portas, o V40 tem linhas mais esportivas que as do antigo C30. O espaço para cabeça é um tanto reduzido.
★★★★
VIDA A BORDO
Banco elétrico é de série para o motorista. Mesmo no nível básico, o hatch tem um bom pacote de equipamentos.
★★★★
SEGURANÇA
Frenagem automática sob risco de atropelamento ou colisão e sistema ativo que evita a mudança involuntária de faixa, além de capô com airbag externo para pedestre, são opcionais.
★★★★☆
SEU BOLSO
Plataforma e motor não devem ser utilizados por muito mais tempo. A previsão de mudanças torna o futuro (e o investimento) incerto.
★★★
OS RIVAIS Audi A3
A nova geração do A3 com quatro portas terá plataforma nova e motor 1.4 turbo. Estreia no Brasil em julho.
BMW Série 1
A tração traseira garante ao BMW uma dinâmica única no segmento. É a opção ideal para quem gosta de pilotar.
VEREDICTO
Bom de dirigir, mas fora da nova ordem mundial para os compactos premium, que prevê modelos de alta eficiência, o V40 já chega carente de mudanças. Dificilmente conseguirá se impor em vendas diante dos alemães.