Teste: Volkswagen Tera anda menos e é mais econômico que Pulse híbrido
Ele seduz em visual, acabamento, tecnologia e, principalmente, nos preços agressivos; mas seu rendimento tem altos e baixos entre desempenho e economia

Um pequeno desenho gravado no vidro traseiro do Volkswagen Tera pode até passar despercebido por quem não se dedica a procurá-lo, mas ele está lá, simbolizando o significado deste novo SUV compacto para a marca. Trata-se de um desenho que mostra, em sequência, as linhas do Fusca, do Gol e do Tera. Esse é o tamanho da importância dada pela marca a ele, que, enfim, chega às lojas após revelações grandiosas, com aparições no Rock in Rio e no Carnaval do Rio de Janeiro, no início deste ano.
Na estreia, o Tera será vendido em quatro versões: MPI (R$ 99.990), TSI (R$ 116.990), Comfort (R$ 126.990) e High (R$ 139.990). A MPI será a única com motor 1.0 aspirado de 84 cv e câmbio manual, e a TSI, a única com motor 1.0 turbo de 116 cv e câmbio manual.

As demais, Comfort e High, têm o motor turbo aliado ao câmbio automático. Por aqui, é a topo de linha que dá as caras primeiro, equipada com o pacote opcional Outfit The Town (exclusivo da configuração High e que custa R$ 3.000). O kit adiciona ao Tera High acabamento escurecido às rodas diamantadas de 17”, teto e retrovisores pintados de preto, e bancos com revestimento exclusivo, em preto e branco, com detalhes em um tom claro de azul.

Desde a versão MPI, é equipado com quadro de instrumentos digital (neste caso, de 8”), central multimídia de 10,1″, faróis full-led, seis airbags, frenagem automática de emergência, detector de fadiga e piloto automático.

Na mais cara, há ainda ACC, quadro de instrumentos digital de 10,25” e carregador de celular por indução. O pacote opcional ADAS, de R$ 2.839 e disponível apenas para a High, acrescenta assistente de mudança involuntária de faixa e alerta de pontos cegos.
Além dos equipamentos, o Tera também vai bem em acabamento, com boa montagem, variedade de materiais e texturas (com direito a uma faixa central macia no painel, a partir da versão TSI), bancos de padronagem atraente e iluminação ambiente com uma faixa de luz branca no painel (este último, só na topo de linha).

O espaço fica na média do segmento e leva duas pessoas de até 1,75 m com conforto, além de ter um porta-malas de 350 l (VDA) – ou 407 l pelo padrão adotado pela Fiat e utilizado no comparativo a seguir, contra Fiat Pulse e Renault Kardian. Quem vai atrás tem à disposição duas portas USB-C, mas nada de saídas de ar-condicionado.
Se tudo até aqui vai bem, o Tera escorrega no desempenho. A versão High é equipada com motor 1.0 turbo de 109/116 cv (gasolina/etanol) e 16,8 kgfm, e câmbio automático de seis marchas. É o mesmo conjunto do Polo, mas com fôlego inferior – seja por atualizações do Proconve L8, seja pelas dimensões do carro, já que o Tera de topo pesa 1.169 kg, apenas 15 kg a mais do que um Polo Highline.

Nos nossos testes, feitos com gasolina, o Tera levou 12,2 segundos para ir de 0 a 100 km/h. O Polo levou 11,8 s. Saídas e retomadas que exijam mais agilidade também exigem cuidado, já que, além do delay do acelerador, também falta fôlego ao motor.
No anda e para das cidades, e em condução mais suave e linear nas rodovias, ele responde bem. Mas guarda um trunfo: o consumo. Com gasolina, o SUV chegou às boas médias de 13,3 km/l na cidade e 17,4 km/l na estrada, em nossos ciclos de teste. Compradores de carro na faixa de preço do Tera se importam mais com o consumo do que com o desempenho.

A dirigibilidade não causa surpresas, o que é bom. O Tera é um legítimo Volkswagen, com direção leve e precisa, e uma suspensão de ajuste mais firme que dá a ele uma intenção quase esportiva, embora não tenha nenhuma pretensão de ser um esportivo.

Há uma boa solidez e estabilidade no rodar, sem inclinações exageradas ou balanços da carroceria, ao mesmo tempo que há uma maciez na absorção dos impactos, esta mais nítida do que em outros carros da Volks. A posição de dirigir tem ajustes para todos os gostos: da mais alta, para quem quer a experiência completa de um SUV, à mais baixa, para quem prefere uma tocada mais esportiva. É uma raridade no segmento.

Por outro lado, os bancos dianteiros são estreitos e poderiam apoiar melhor a lombar. Em pouco tempo ao volante há um incômodo na região inferior das costas, onde o banco parece ter um recuo – enquanto deveria ter um apoio.
O VW Tera não tem ambições modestas, a ver pelo desafio de suceder Fusca e Gol. E, além dos predicados para repetir a trajetória de seus antepassados, ele estreia com uma política de preços agressiva, algo que há tempos não se via na linha da marca no mercado brasileiro.

Ficha técnica – VW Tera High
Motor: flex, dianteiro, transversal, 3 cilindros, turbo, 12V, 999 cm³, 109/116 cv (gasolina/etanol) a 5.000 rpm, 16,8 kgfm a 1.750 rpm
Câmbio: automático, 6 marchas, tração dianteira
Direção: elétrica
Suspensão: McPherson (diant.), eixo de torção (tras.)
Freios: disco ventilado (diant.), disco sólido (tras.)
Pneus: 205/55 R17
Dimensões: comprimento, 415,1 cm; largura, 198,6 cm; altura, 150,4 cm; entre-eixos, 256,6 cm; porta-malas, 407 litros (volume teórico); tanque de combustível, 49 litros; peso, 1.169 kg; peso/potência, 10,7/10,1 kg/cv; peso/torque, 69,6 kg/kgfm

Testes Quatro Rodas – VW Tera High
Aceleração
0 a 100 km/h – 12,2 s
0 a 1.000 m – 33,4 s – 158,5 km/h
Velocidade máxima (dado de fábrica) – 184 km/h
Retomadas
D 40 a 80 km/h – 5,1 s
D 60 a 100 km/h – 6,4 s
D 80 a 120 km/h – 8,3 s
Frenagens
60/80/120 km/h a 0 – 13,6/24/54,6 m
Consumo
Urbano – 13,3 km/l
Rodoviário – 17,4 km/l
Ruído interno
Neutro/RPM máx. – 38,7/60 dBA
80/120 km/h – 64,8/71 dBA
Aferição
Velocidade real a 100 km/h – 98 km/h
Rotação do motor a 100 km/h – 2.000 rpm
Volante – 2,7 voltas
Seu bolso
Preço básico – R$ 139.990
Garantia – 3 anos