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Teste: sedã mais barato do Brasil, Fiat Cronos 1.0 é bom herdeiro do Siena

Fiat Cronos 2023 ganha motor Firefly 1.0 e fica mais econômico e ágil. O sedã tem fôlego e espaço para agradar no dia a dia, já na estrada...

Por Isadora Carvalho Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 23 nov 2022, 12h22 - Publicado em 22 nov 2022, 17h01

Substituir um carro que saiu de linha é uma tarefa árdua, em especial quando o antigo não era um sucesso em vendas e o novo modelo tem a missão de melhorar a situação. É exatamente essa a tarefa do Fiat Cronos 2023 equipado pela primeira vez com o motor 1.0 Firefly (75 cv/10,7 kgfm).

Ele toma o lugar do Grand Siena, que foi descontinuado na virada do ano. Por isso, na linha 2023, o Cronos ganhou duas versões com o motor tricilíndrico: a de entrada (sem nome) e a Drive, apresentada aqui.

Teste: sedã mais barato do Brasil, Fiat Cronos 1.0 é bom herdeiro do Siena
Única mudança visual são as duas barras paralelas na grade dianteira (Fernando Pires/Quatro Rodas)

A Fiat trata o Cronos 2023 como reestilização, mas praticamente não houve alterações em design. A grade dianteira, ao invés da única barra horizontal, agora tem duas aletas, o para-choque permanece inalterado, mas era esperado que recebesse uma nova peça como o Argo.

fiat Cronos 1.0 Drive
O entre-eixos não é o maior, mas oferece bom espaço (Fernando Pires/Quatro Rodas)

A outra alteração é no interior, que ganhou o mesmo volante que estreou no Pulse, com centro menor e o logo maior, mais harmônico.

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O 1.0 Firefly é um dos motores mais requisitados pelas marcas do grupo Stellantis e só em 2022 foi escolhido para equipar o Peugeot 208, o recém-lançado Citröen C3 e continua no Mobi e Argo. Agora o cobiçado motor também estreia no Cronos. E tem seus méritos.

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Seu principal atributo é entregar o máximo de torque (10,7 kgfm), o maior entre os rivais, em rotação relativamente baixa, aos 3.250 rpm.  E essa foi a intenção da Fiat ao definir que seriam apenas duas válvulas por cilindro, em vez de quatro – como é padrão em todos os outros motores três-cilindros aspirados do mercado.

Essa característica faz com que o propulsor trabalhe boa parte do tempo perto de 2.000 giros – proporcionando redução no consumo de combustível e no ruído que invade o interior.

Cronos 1.0 Drivedfd
Novo volante veio emprestado do Fiat Pulse (Fernando Pires/Quatro Rodas)
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Ao volante esse comportamento faz diferença e agrada o motorista em uma rodagem urbana, mas na estrada a impressão muda.

Em regimes de velocidades mais altas, em rodovias com pistas duplas, condição que não há tanta necessidade de fazer ultrapassagens, o motor dá conta do recado e as acelerações são progressivas.  Mas, em estradas com pistas simples, já na primeira ultrapassagem é notável a morosidade do motor, que gasta um tempo longo e incômodo nas retomadas.

Em termos de potência, esse é o motor 1.0 aspirado menos potente do segmento. O Chevrolet Onix Plus rende até 82 cv e o Hyundai HB20S oferece até 80 cv de potência.

Cronos 1.0 Drive
Quadro de instrumentos analógico é acompanhado de mostrador digital (Fernando Pires/Quatro Rodas)

Na nossa pista, o Cronos fez de 0 a 100 km/h em 16,3 segundos — enquanto o concorrente HB20S levou 14,5 segundos. Suas retomadas também foram inferiores às do rival.  O Fiat levou 14 segundos de 60 a 100 km/h e 22,8 segundos de 80 a 120 km/h. O Hyundai fez essas provas em respectivos 13,3 e 20,1 segundos.

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O consumo com o novo conjunto mecânico é satisfatório, principalmente na cidade, condição que essa versão mais deve rodar. Em nossos testes, o Cronos 1.0 fez 13,1 km/l no ciclo urbano e 16,4 km/l no rodoviário. Perde por pouco para o HB20S, que obteve as médias de 13,2 km/l na cidade e 17, l/km na estrada.

Central multimídia

Ao volante, o Cronos também tem altos e baixos. A posição de dirigir é correta e fácil de encontrar graças aos ajustes de altura do banco e do volante. Mas o curso do pedal da embreagem é longo. O câmbio manual com cinco marchas também tem engates longos e imprecisos – condição que atrapalha o motorista quando ele tenta obter respostas mais ágeis do motor.

Cronos 1.0 Drive d
Central multimídia tem tela de 7” e é intuitiva (Fernando Pires/Quatro Rodas)

Em relação ao comportamento dinâmico, é uma grata surpresa observar como a suspensão do sedã foi bem acertada. O conjunto cumpre o papel de garantir estabilidade mesmo privilegiando o conforto.

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Cronos 1.0 Drive
Volante e banco têm ajustes de altura (Fernando Pires/Quatro Rodas)

As frequências características dos pisos acidentados são bem filtradas pelo sistema, que é competente ao segurar a carroceria nas curvas.

No interior, destaque para o bom acabamento com peças bem encaixadas e plásticos com textura que causa boa impressão, porém a ausência de um espaço exclusivo para o celular e porta-copos bem estreitos desagradam no dia a dia.

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Outro ponto que deixa a desejar é a tela da central multimídia de 7″, a menor entre os rivais, e ela fica ainda menor quando conectada ao Android Auto ou Apple CarPlay devido a uma borda que exibe um menu na parte inferior.

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Mas vale o destaque para a operação, que é intuitiva e a resolução de boa qualidade. No que diz respeito ao espaço interno, que pode definir a compra de um sedã, o Cronos se destaca pelo porta-malas, principalmente.

Cronos 1.0 Drive
Bancos dianteiros liberam espaço atrás (Fernando Pires/Quatro Rodas)

Com capacidade de 525 litros, esse é o maior porta-malas da categoria. O espaço na cabine é regular. Com 252,1 cm de entre-eixos, o Cronos oferece 90 cm de espaço para as pernas dos passageiros traseiros, o que é uma distância dentro da média do segmento.

Os bancos dianteiros mais finos ajudam a dar uma sensação de espaço. Mas o terceiro passageiro do assento traseiro não viaja confortavelmente, em razão do túnel central e do console que avança na área dos pés.

Vice-líder

A configuração escolhida para esta avaliação foi a intermediária, Drive, pois é a dona do melhor custo/benefício entre as equipadas com o motor 1.0 Firefly.

Cronos 1.0 Drive
O porta-malas oferece 525 litros de capacidade (Fernando Pires/Quatro Rodas)

Ela custa R$ 84.490, enquanto a de entrada sai por R$ 80.490. Mais bem equipada, a Drive justifica plenamente o investimento extra, de R$ 4.000, a começar pela central multimídia de 7 polegadas, que não está disponível na versão básica, que não traz nem rádio. Há ainda sensor de estacionamento, rodas de 15” com calotas e vidros traseiros elétricos.

O pacote de equipamentos é bom, mas fica devendo itens importantes. Tem apenas o airbag duplo obrigatório e os laterais não estão disponíveis nem como opcionais. Controle de estabilidade e tração só entram como opcionais e aumentam a conta em R$ 1.978 — chegando a R$ 86.468.

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Rodas aro 15 vêm com calotas. (Fernando Pires/Quatro Rodas)

Onix Plus e HB20S dispõem de seis airbags e dos controles de estabilidade e tração desde as versões de entrada. E com preços bem próximos: o Chevrolet parte de R$ 85.470 e o Hyundai de R$ 85.890. Considerando esses preços, o Cronos completo, com os controles de tração e estabilidade, é mais caro que os rivais e perde em desempenho e consumo.

Porém, é agradável de dirigir, tem o maior porta-malas e um design atraente. Além disso, não é dos mais caros de manter. Esses atributos, combinados com uma motorização mais econômica, podem alavancar as vendas do sedã, que está na vice-liderança do ranking de vendas entre os sedãs compactos.

Cronos 1.0 Drive d
O motor tem três cilindros e seis válvulas (Fernando Pires/Quatro Rodas)

Veredicto

O Cronos ganha o motor Firefly 1.0 e fica mais econômico, porém peca no conteúdo, no desempenho e no preço.

Teste

Aceleração
0 a 100 km/h: 16,3 s
0 a 1.000 m: 37,3 s – 140,9 km/h
Velocidade máxima: n/d
Retomadas
3a 40 a 80 km/h: 8,7 s
4a 60 a 100 km/h: 14 s
5a 80 a 120 km/h: 22,8 s
Frenagens
60/80/120 km/h a 0: 15,4/27,9/65,4 m
Consumo
Urbano: 13,1 km/l
Rodoviário: 16,4 km/l
Ruído interno
Neutro/RPM máx.: 41,4/63,2 dBA
80/120 km/h: 62,6/69,5 dBA
Aferição
Velocidade real a 100 km/h: 98 km/h
Rotação do motor a 100 km/h: 3.250 rpm
Volante: 2,7 voltas
Seu Bolso
Preço básico:R$ 84.490
Garantia: 1 ano
Condições de teste: alt. 660 m; temp., 30,5 °C; umid. relat., 30%; press., 1.010,5 kPa. Realizado no TMT Campo de Provas

Ficha Técnica

Motor: flex, diant., transv., 3 cil. em linha, 999 cm3; 6V, 75/71 cv a 6.000 rpm, 10,7/10 kgfm a 3.250 rpm
Câmbio: manual, 5 marchas, tração dianteira
Direção: elétrica, 10,5 m (diâmetro de giro)
Suspensão: McPherson (diant.), eixo de torção (tras.)
Freios: disco ventilado (diant.), tambor (tras.)
Pneus: 185/60 R15
Peso: 1.140 kg
Dimensões: comprimento, 436,4 cm; largura, 172,6 cm; altura, 151 cm; entre-eixos, 252,1 cm; porta-malas, 525 litros; tanque, 47 litros

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