Teste: Peugeot 208 Style 1.0 faz mais de 14 km/l e tem até teto solar
A Peugeot se rendeu ao mercado e reposicionou o 208 na tabela de preços com novo motor (o mesmo 1.0 do Fiat Argo) e mais recursos. O que vimos agradou
A Peugeot apresentou o 208 de segunda geração, em outubro de 2020, como um compacto premium. Mesmo tendo design moderno e diferenciado e um pacote tecnológico sofisticado, não fez sucesso imediatamente, porém.
O Peugeot 208 só se tornou desejado, como é hoje, em julho de 2021, quando a Peugeot reposicionou seus preços, reduzindo a tabela de todas versões em consideráveis R$ 9.000. Aí, sim, a iniciativa levou o compacto a disparar em vendas.
O Peugoet 208 acumulou quase 8.000 unidades comercializadas, entre janeiro e abril de 2022, 150% de crescimento, na comparação com o mesmo período do ano passado. Por isso a expectativa é grande, agora que, integrada ao conglomerado Stellantis, a Peugeot equipou o 208 com o moderno motor 1.0 Firefly, o mesmo do Fiat Argo.
A novidade é apresentada em duas novas versões de entrada do carro, com o propulsor que rende até 75 cv e 10,7 kgfm de torque sempre combinado com o câmbio manual de cinco marchas. E o grande trunfo dessas versões é oferecer conteúdo e preço bem atrativos.
O Peugeot 208 Like 2023 tem preço de lançamento tentador: R$ 72.990. Ela é até mesmo mais barata que a opção de entrada do Fiat Argo 1.0, que custa R$ 73.690, com a vantagem de ser mais bem equipada. Ela traz a central multimídia de 10,3 polegadas com espelhamento sem fio de Android Auto e Apple CarPlay, e o DRL de led, que a marca chama de “dente de sabre”, também está presente de série. E, além disso, conta com quatro airbags, duas entradas USB, alarme, retrovisores externos elétricos e ar-condicionado digital.
A versão acima e inédita Style (a pronúncia, em francês, é stile) é ainda mais completa e sai por R$ 79.990. Ela tem equipamentos da versão topo de linha Griffe 1.6, como o teto solar panorâmico, faróis full-led, rodas de liga leve e capas dos retrovisores com acabamento em preto brilhante. Acrescenta ainda carregador sem fio, padronagem exclusiva dos bancos e câmera 180o.
Desempenho do Peugeot 208 1.0
De acordo com a Peugeot, o motor 1.0 6V Firefly recebeu uma série de modificações para se adequar à proposta do 208. Entre as peças que foram substituídas estão o motor de partida, o alternador, o compressor e a sonda lambda. O sistema de admissão foi aprimorado para melhorar os níveis de ruído, vibração e aspereza.
O cabeçote com duas válvulas por cilindro foi mantido, pois isso favorece a geração de torque em baixas rotações e, consequentemente, reduz o consumo de combustível no ciclo urbano – condição na qual o carro vai rodar a maior parte do tempo.
Trata-se de uma motorização menos potente que a 1.6, que rende até 120 cv, e nas primeiras acelerações isso é perceptível. Porém, por ser um modelo compacto e leve, o motor 1.0 mostrou que dá conta do recado. Inclusive o 208 1.0 está mesmo mais leve, a versão Style pesa 1.102 kg, enquanto os modelos 1.6 pesam 1.178 kg – 76 kg a menos.
Inclusive, a diferença de desempenho é menor do que imaginávamos. Em nosso teste de desempenho, o 208 Style 1.0 chegou aos 100 km/h após 14,2 s de aceleração, sendo 2 segundos mais lento que os Peugeot 208 1.6 com câmbio automático de seis marchas testados anteriormente.
O último Fiat Argo 1.0 testado (antes do Proconve L7), porém, fez 12,4 s na mesma passagem. Números de retomadas dos dois compactos são equivalentes, confira:
Retomadas | Fiat Argo 1.0 | Peugeot 208 1.0 |
40 a 80 km/h – 3°m | 7,8 s | 8,1 s |
60 a 100 km/h – 4°m | 12,5 s | 12,4 s |
80 a 120 km/h – 5°m | 21 s | 22,7 s |
O benefício das duas válvulas por cilindro é sentido, pois o máximo de torque (10,7 kgfm) é entregue relativamente cedo para um 1.0 aspirado, a 3.250 rpm. Mas isso não se traduziu em um consumo tão mais baixo. Pelo contrário: com médias de 11,2 km/l em ciclo urbano e 14,1 km/l em ciclo rodoviário, sempre com gasolina, o Peugeot 208 1.0 gasta mais que os 1.6 automáticos, cujas médias são 11,4 km/l e 15,8 km/l, respectivamente.
O Fiat Argo 1.0 fez 14,6 km/l na cidade e 16,8 km/l em estrada, e a tendência é que esses números sejam melhores nas unidades atuais após ajustes no motor.
Por sinal, os 208 1.0 aproveitam o mesmo câmbio manual de cinco marchas dos Fiat, mas com trambulador exclusivo. A ré ainda arranha. A relação mais curta da primeira e segunda marchas também contribui para o bom rendimento nas velocidades mais baixas e oferece saídas mais rápidas e suaves.
A posição de dirigir é superior à do seu “irmão postiço” Argo graças ao conceito “i-cockpit”, que faz com que o motorista fique em uma posição mais elevada e confortável, pois o painel de instrumentos está posicionado na altura do olhar. Esses atributos contribuem para a sensação de que está conduzindo um carro mais alto do que realmente é.
A ergonomia também é superior, pois os comandos estão acessíveis e a tela da multimídia é levemente inclinada para o condutor. Além disso, o volante tem regulagem de altura e profundidade. Os preços (que são exclusivos para negociações firmadas online) são atrativos, mas eles podem não durar muito, afinal foram anunciados como valores de lançamento e a qualquer momento podem ter reajustes.
A Peugeot aposta em um conteúdo rico mesmo para essas versões de entrada como forma de conquistar um público mais exigente, e a estratégia pode dar certo, pois a categoria dos hatches 1.0 está cada vez mais carente, especialmente em preços atrativos. Entre os rivais estão HB20, Argo, Polo, Onix e Sandero, cada vez mais próximos dos R$ 80.000.
Está tudo muito bom, tudo muito bem. Mas poderia ficar melhor ainda se o 208 ganhasse também uma versão equipada com a motorização ainda mais moderna da Fiat 1.0 GSE Turbo que equipa o SUV Fiat Pulse. Esse motor rende 130 cv e 20,4 kgfm combinado com o câmbio CVT.
Até agora isso é apenas um devaneio nosso. Mas um compacto com tantos atributos como o 208 bem que merecia ter essa opção sob o capô.
Veredicto: O 208 1.0 alia bom conteúdo e preço atrativo. Essa combinação pode consolidar seu sucesso no mercado.
Teste – Peugeot 208 Style 1.0
Aceleração
0 a 100 km/h: 14,2 s
0 a 1.000 m: 35,9 – 143,8 km/h
Retomadas
40 a 80 km/h em 3ª: 8 s
60 a 100 km/h em 4ª: 12,4 s
80 a 120 km/h em 5ª: 22,7 s
Frenagens
60/80/120 km/h a 0: 14/25,6/58,6 m
Consumo
Urbano: 11,2 km/l
Rodoviário: 14,1 km/l
Ruído interno
Neutro/RPM máx.: 40,8/71,3 dBA
80/120 km/h: 63/68,5 dBA
Aferição
Velocidade real a 100 km/h: 100 km/h
Rotação do motor a 100 km/h em 5a marcha: 3.000 rpm
Volante: 3 voltas
Ficha Técnica – Peugeot 208 Style 1.0
Preço: R$ 79.990
Motor: flex, diant., transv., 3 cil., 8V, 75/71 cv a 6.000 rpm, 10,7 kgfm a 3.250 rpm
Câmbio: manual, 5 marchas, tração dianteira
Direção: elétrica; diâmetro de giro, 10,4 m
Suspensão: McPherson (diant.), eixo de torção (tras.)
Freios: disco ventilado (diant.) e tambor (tras.)
Pneus: 195/55 R16
Dimensões: compr., 405,5 cm; larg., 196 cm; alt., 145,3 cm; entre-eixos, 253,8 cm; alt. do solo, 15 cm; porta-malas, 265 l, peso; 1.102 kg tanque, 47 l