Teste: Novo VW Jetta se esforça para se desvencilhar do Virtus
Sem perder a identidade da marca, o Jetta 2019 abandona o visual bem-comportado, fica maior e ganha pacote de equipamentos sofisticado
O novo VW Jetta estreia agora no Brasil. Ao contrário do antecessor, dono de um visual bem-comportado, o modelo chega à sétima geração com estilo ousado.
Na dianteira, a grade antes horizontal e discreta cresceu e ficou trapezoidal – remete ao sedã Arteon, comercializado na Europa. E, na lateral, os balanços dianteiro e traseiro deixaram de ser proporcionais e equilibrados.
Agora o dianteiro é mais curto que o traseiro. De acordo com o chefe de design da VW, José Carlos Pavone, essa diferença cria a sensação de movimento.
O estilo da lateral e da traseira é o mesmo que se vê no sedã compacto Virtus. No trânsito, aliás, será difícil diferenciar um do outro, quando vistos de traseira.
Uma dica: as lanternas do Jetta são mais finas na parte que invade a tampa do porta-malas. E, à noite, a iluminação revela uma disposição interna com mais elementos.
Por dentro, o parentesco do Jetta com o Virtus também é inegável. Mas as semelhanças podem ser creditadas ao que os designers chamam de family feeling.
O Jetta tem um interior mais imponente, na forma e no conteúdo. Seu painel é mais elaborado, com variação de níveis (relevo) e mistura de materiais. Na parte superior, o revestimento é emborrachado.
O novo Jetta cresceu em todas as direções comparado ao antecessor. Ele aumentou 4,3 cm no comprimento, 2,1 cm na largura e 1 mm na altura. Ficou com 4,7 metros de comprimento por 1,8 de largura e 1,47 de altura.
A distância entre-eixos também foi ampliada: cresceu 3,7 cm, totalizando 2,69 metros. Cinco ocupantes viajam com conforto. O porta-malas manteve a capacidade de 510 litros.
Lançado em duas versões, Comfortline 250 TSI, vendida a R$ 109.990, e R-Line 250 TSI, R$ 119.990, o Jetta ficou mais caro. O antecessor saiu de cena custando R$ 96.870, na versão 1.4 TSI Comforline e R$ 111.770, na 2.0 TSI Highline.
O novo Jetta é equipado somente com motor 1.4 TSI de 150 cv de potência e 25,5 mkgf de torque e câmbio automático de seis marchas.
Visualmente, a versão R-Line mostrada aqui traz detalhes que a diferenciam da Confortline.
Por fora, a R-Line tem frisos na grade dianteira, capas de retrovisores e teto pretos. Suas rodas têm design exclusivo. E, por dentro, o revestimento do teto é preto e o volante tem base achatada.
Na pista de testes, a versão R-Line apresentou rendimento no mesmo patamar do Chevrolet Cruze, sedã médio equipado com motor 1.4 turbo (153 cv e 24,5 mkgf).
Nas provas de 0 a 100 km/h, o Jetta ficou com o tempo de 9,3 segundos (contra 9 segundos) e retomou de 60 a 100 km/h em 5 segundos (ante 4,9 segundos).
Na medição de consumo, o VW conseguiu as médias de 12,7 km/l na cidade e 17 km/l na estrada, enquanto o rival da GM obteve 11,8 km/l e 15,9 km/l, respectivamente (com gasolina).
Vindo a 80 km/h, o Jetta precisou de 26 metros para frear, diante da marca de 26,7 do Chevrolet.
No dia a dia, o Jetta se mostrou confortável. Sua suspensão parece de sedã do segmento superior, como o VW Passat, por exemplo. Em parte é resultado da plataforma MQB, que serve de base para o Jetta assim como para o Passat, entre outros VW.
A direção não acompanha a suspensão no que diz respeito ao conforto, mas sua firmeza e peso são suficientemente bem-vindos para o motorista interagir com o carro.
O silêncio a bordo também é digno de nota. Os projetistas da VW capricharam no isolamento acústico do motor e da cabine e também na aerodinâmica (responsável pelo ruído provocado pelo vento em contato com a carroceria).
O Jetta é bem equipado, desde a versão mais simples, Comfortline: não faltam ar-condicionado bizona, central multimídia, seletor de modos de condução (Eco, Normal, Sport e Individual), faróis e luzes diurnas com leds, sensor de estacionamento dianteiro e traseiro, seis airbags, bancos que imitam couro, rodas de liga leve e iluminação ambiente da cabine (com dez opções de cor).
Também traz um bom pacote de sistemas eletrônicos que inclui auxiliar de partidas em rampas, frenagem de emergência para manobras de ré (se o motorista desobedecer aos alertas do assistente de estacionamento, o sistema freia o carro antes de bater) e bloqueio eletrônico de diferencial (ajuda a contornar as curvas freando a roda interna à trajetória e jogando o torque para a roda externa).
A versão R-Line é ainda mais recheada, acrescentando recursos como quadro de instrumentos digital, piloto automático adaptativo, alerta de distância do carro à frente, freio de emergência, detector de fadiga, frenagem pós-colisão (para evitar que o veículo continue em movimento após uma batida e se choque novamente com outro obstáculo) e farol alto com regulagem automática (para evitar ofuscamento).
O único opcional para as duas versões é o teto solar panorâmico, oferecido por R$ 4.990.
Revisões grátis
Uma ausência sentida a bordo é o sistema de troca de marchas por meio de comandos no volante. O câmbio automático do Jetta permite mudanças no modo manual, apenas por meio da alavanca no console.
Perguntado pela falta desse recurso, disponível até mesmo no recém-lançado Gol automático, o gerente de engenharia da VW José Loureiro justifica dizendo que o Jetta foi projetado para o mercado americano, onde esse não é um item desejado.
Mantida a lógica, porém, o consumidor brasileiro poderia pleitear então o mesmo conteúdo das versões americanas, que possuem recursos exclusivos como detector de pontos cegos, aviso de mudança involuntária de faixa e sensor de tráfego traseiro (alerta sobre a passagem de outros veículos nas manobras de marcha a ré).
O Jetta brasileiro é produzido em Puebla, no México, de onde sai o Jetta americano. O motor 1.4 TSI flex é feito em São Carlos (SP) e enviado ao México para ser montado lá.
O Jetta chega com três anos de garantia (nos EUA a cobertura é de seis anos) e as três primeiras revisões (10.000, 20.000 e 30.000 km) são gratuitas.
Mesmo sendo mais comedida aqui do que nos EUA, a VW mostrou um pouco de ousadia no que diz respeito ao pós-venda do Jetta. Que outras marcas sigam esse caminho.
Veredicto:
O Jetta evoluiu em todos os sentidos. Ele ficou maior, mais confortável,
bonito e equipado. Além disso, o Jetta andou bem na pista de teste, conseguindo boas médias de consumo. Como seu preço está na mesma faixa do dos rivais, ele é uma (boa) alternativa a ser considerada por quem procura um sedã médio.
Teste de pista
- Aceleração de 0 a 100 km/h: 9,3 s
- Aceleração de 0 a 1.000 m: 30,2 s – 176,7 km/h
- Retomada de 40 a 80 km/h: 4 s
- Retomada de 60 a 100 km/h: 5 s
- Retomada de 80 a 120 km/h: 6,5 s
- Frenagens de 60/80/120 km/h a 0 m: 14,5/26/59,6 m
- Consumo urbano: 12,7 km/l
- Consumo rodoviário: 17 km/l
Ficha técnica – VW Jetta R-Line
- Preço: R$ 119.990
- Motor: flex, diant., transv., 4 cil., 16V, 1.395 cm³, 74,5 x 80 mm, injeção direta, 150 cv a 5.000 rpm, 25,5 mkgf de 1.400 a 3.500 rpm
- Câmbio:automático, 6 marchas, tração dianteira
- Direção: elétrica
- Suspensão: McPherson (diant.), eixo de torção (tras.)
- Freios: disco ventilado (diant.), disco sólido (tras.)
- Direção: elétrica
- Rodas e pneus: liga leve, 205/55 R17
- Peso: 1.331 kg
- Peso/potência: 8,9 kg/cv
- Peso/torque: 52,2 kg/mkgf
- Dimensões: comprimento, 470,2 cm; largura, 179,9 cm; altura, 147,4 cm; entre-eixos, 268,8 cm; porta-malas, 510 l; tanque, 50 l