Teste: novo Citroën C4 Lounge, mudanças discretas
Apesar da leve alteração visual, o novo C4 Lounge chega em grande estilo com status de embaixador da Citroën
Em tempos difíceis como os atuais, as fábricas evitam fazer grandes eventos para anunciar a chegada de simples versões reestilizadas.
Esse, porém, não foi o caso da Citroën, que apresentou o novo C4 Lounge com toda a pompa e circunstância em março, no requintado hotel Faena, um dos mais caros de Buenos Aires, na Argentina.
Perguntado sobre a importância da ocasião, o gerente de produto Fábio Alves explicou que o C4 Lounge é como um embaixador para a ofensiva da marca no mercado brasileiro, que incluirá não só a atualização dos modelos já oferecidos como também a chegada dos novos.
Entre as atualizações, além do próprio C4, que chega em abril, pode-se incluir o C3, que passará por mudanças até a chegada de uma nova geração (o que só deve acontecer na linha 2022).
Entre as novidades estão o crossover Cactus, o furgão Jumpy na versão de passageiros e os comerciais Jumper e Berlingo, todos com chegada prevista para o segundo semestre de 2018.
Segundo a Citroën, a mexida no C4 Lounge se concentrou em três pilares: estilo, tecnologia e conforto.
O primeiro é claro: o sedã ganhou nova frente, em linha com os últimos lançamentos da marca no mundo, com frisos paralelos como extensões do emblema (o duplo chevron), invadindo a área dos faróis, e, na parte inferior ao para-choque, os faróis de neblina envolvidos por parênteses estilizados.
Na lateral, as rodas exibem o design desenvolvido para o show car C4 Lounge Sport White, mostrado no Salão de São Paulo de 2014. E, na traseira, as lanternas incorporam o efeito 3D inaugurado pelo DS3, em 2009.
Por dentro, não houve alterações visuais e – o mais importante – nos materiais. É comum as fábricas economizarem no acabamento nos momentos em que ocorrem as reestilizações. O painel do C4, porém, continua emborrachado e com apliques que imitam alumínio.
Os outros dois aspectos (tecnologia e conforto) andam juntos, uma vez que as inovações beneficiam a vida a bordo – e a segurança também.
Começa pelo painel de instrumentos digital, que concentra informações como velocidade, marcha utilizada, nível do reservatório, parciais do computador de bordo e um indicador de modo de condução econômico.
O grafismo todo branco no fundo escuro tem aspecto simplório, mas sua leitura é fácil e rápida. A exceção fica com o conta-
-giros representado por uma barra horizontal discreta no alto do visor. E quem espera um painel configurável como o da linha VW vai se decepcionar.
A central multimídia também é nova. Igual à que está presente no C4 Picasso (e também nos primos Peugeot 3004 e 5004), ela é mais completa, tem tela touch e compatibilidade com os sistemas Android Auto (com acesso a aplicativos como Google Maps, Waze e SMS) e Apple CarPlay.
Boa parte dos botões físicos de climatização também migraram para a central, o que ajuda a deixar o visual do console mais limpo, mas também complica ações simples, como mudar a temperatura do ar-condicionado.
O equipamento em que a Citroën pesou mais a mão, no entanto, foi o conjunto de faróis full-led (recurso disponível nas versões mais caras de rivais como Civic e Corolla, mas ausente em outros como o Cruze), com seção de luzes diurnas e refletores, alto e baixo, e função direcional.
No mais, o C4 Lounge é o mesmo (bom) sedã de sempre. A posição de dirigir é correta, sua direção (elétrica) é precisa e a suspensão (McPherson/eixo de torção) privilegia o conforto.
Em algumas horas, estimulado pelas respostas do seu 1.6 turbo de 173 cv, fica o desejo de um pouco mais de firmeza no sistema. Mas a calibragem do conjunto é a ideal para o dia a dia.
Nosso test-drive foi feito na região de Buenos Aires, com direito a trechos urbanos e rodoviários (lá o limite é de 130 km/h), mas também levamos o C4 para nossa pista, em Limeira (SP), onde apresentou o rendimento esperado.
Na prova de 0 a 100 km/h, ele cravou 9 segundos nas medições de consumo, terminou com a média de 10,7 km/l na cidade e 14,2 km/l na estrada.
Comparando com o Corolla 2.0 XEi, que vai de 0 a 100 km/h em 10,2 segundos e faz 11,5 km/l no ciclo urbano e 15,6 no rodoviário, o C4 foi mais rápido, mas consumiu mais.
Na linha 2019, a Citroën mudou o nome das versões. Em vez de Tendance, S e Exclusive, o C4 passa a ser oferecido com Live, Feel e Shine.
Desde a versão de entrada (Live), o sedã conta com câmbio automático de seis marchas, central multimídia, painel digital e rodas com novo design (aro 16).
A Feel acrescenta à lista de equipamentos bancos que imitam couro, câmera de ré, GPS e airbags laterais.
E a Shine inclui faróis full-led, teto solar, rodas aro 17 e abertura e travamento remoto das portas.
Os preços tiveram cerca de 5% de aumento médio. A Live, que é vendida apenas a portadores de deficiência, chega por R$ 69.990. A Feel custa R$ 93.920. E a Shine sai por R$ 102.790, porém sem opcionais. A fábrica vai oferecer acessórios, entre eles um aerofólio traseiro.
No lançamento, a Citroën oferece o C4 em um plano de financiamento em 30 meses com certificado de recompra ao final do período.
A garantia de fábrica é de três anos, com plano de oito anos de assistência 24 horas e revisões com preços programados.
A fábrica não divulgou os novos valores, mas diz que, ao contrário dos preços de venda, os serviços devem ficar cerca de 5% mais baratos que os cobrados até agora.
Com os ajustes feitos no carro e nas condições de comercialização, a Citroën espera dobrar o volume de vendas do modelo, subindo aproximadamente de 250 para 500 unidades/mês – o líder Corolla vendeu 3.869 em fevereiro, seguido por Civic (1.893), Cruze (1.754) e Jetta (450).
Só esse objetivo já seria suficiente para justificar todo o barulho feito no lançamento.
Veredicto
Ele vende menos que os líderes do segmento, mas o C4 é um sedã honesto. É gostoso de dirigir, tem ótimo desempenho e na linha 2019 ganhou nova central e faróis full-led.
Teste de pista
- Aceleração de 0 a 100 km/h: 9 s
- Aceleração de 0 a 1.000 m: 30,1 s – 175,5 km/h
- Retomada de 40 a 80 km/h: 3,9 s
- Retomada de 60 a 100 km/h: 4,8 s
- Retomada de 80 a 120 km/h: 6,1 s
- Frenagens de 60/80/120 km/h a 0 m: 15,9/27,7/66 m
- Consumo urbano: 10,7 km/l
- Consumo rodoviário: 14,2 km/l
Ficha técnica – Citroën C4 Lounge
- Preço: R$ 102,790
- Motor: gasolina, dianteiro, longitude, 4 cilindros, 16V, 1.598 cm³, 173/166 cv a 6.000 rpm, 24,5 mkgf a 1.400 rpm
- Câmbio: automático, 6 marchas, tração dianteira
- Suspensão: McPherson (diant.) /eixo de torção (tras.)
- Freios: disco ventilado (diant.), sólidos (tras.)
- Direção: elétrica
- Rodas e pneus: 225/45 R17
- Dimensões: comprimento, 462,1 cm; largura, 178,9 cm; altura, 150,5 cm; entre-eixos, 271 cm; peso, 1.790 kg; peso/potência, 10,3/10,8 kg/cv; peso/torque, 73,1 kg/mkgf; tanque, 60 l; porta-malas, 450 l