Peugeot 208 1.0 2025 melhora muito o consumo e piora bastante o desempenho
Novas normas de emissões dizimaram o desempenho do Peugeot 208 com 75 cv, mas seu consumo agora chega aos 16,3 km/l
A iminência do Proconve L8, mais nova fase do programa de redução de emissões dos carros brasileiros, já mostra seus efeitos. A nova regulação entrará em vigor a partir da virada para 2025, mas os carros que mudaram nos últimos meses já foram adequados às novas normas. O Peugeot 208 Style 2025 está entre eles.
Hoje o 208 Style representa a versão mais completa equipada com o motor três cilindros 1.0 aspirado de 75 cv e 10,7 kgfm. Tem teto solar, rodas aro 16 com acabamento preto, carregador por indução e faróis full-led com ajuste de altura automático, e custa R$ 99.990 (ou R$ 90.990 em venda direta on-line).
Essa versão ainda tem elementos estéticos como a barra em preto brilhante interligando as lanternas, aerofólio e os leds diurnos dianteiros, que evocam uma esportividade que, se antes era pouca, se perdeu com a atualização do motor 1.0 Firefly. Agora o Peugeot 208 1.0 está tão lento quanto o Citroën C3 1.0.
Havia uma distinção entre o desempenho dos compactos da Stellantis equipados com o motor 1.0 Firefly. O Peugeot 208 era o mais ágil equipado com esse motor, enquanto o Fiat Argo tinha um meio termo entre desempenho e consumo e o Citroën C3 1.0 era, de longe, o mais econômico graças ao câmbio com relações mais longas.
O Peugeot 208 nem precisou recorrer ao câmbio do C3. Manteve as mesmas relações mais curtas, mas isso deixou de fazer a diferença no seu desempenho. É possível sentir que a nova programação da injeção faz o motor responder ao acelerador de forma muito progressiva. O giro sobe devagar, aproveitando mais o torque e sem se preocupar com o ganho de velocidade.
E não foi apenas uma percepção nossa. Nosso teste acabou revelando que houve uma revolução nos números de desempenho e consumo, mesmo que tenha mantido a potência e o torque de antes, inclusive nos mesmos regimes de rotação.
Não é força de expressão, o desempenho realmente piorou bastante. Agora o 0 a 100 km/h é cumprido em 16,6 s, ou 2,3 s mais tarde que o modelo antigo. Um C3 faz o mesmo em 16,4 s. A velocidade ao fim dos 1.000 m de aceleração agora é 135,2 km/h, ante os honestos 143,8 km/h de antes.
O tempo passa ainda mais devagar nas retomadas: de 80 a 120 km/h em quinta marcha, o novo 208 precisou de 35,2 s. Antes levava 22,8 s e agora demora mais que um intervalo comercial.
É claro que o desempenho de um compacto 1.0 nunca é tão impressionante e também não pode ser prioridade. Quem quer desempenho pode comprar um 208 1.0 turbo de 130 cv e ser feliz. Quem busca baixo consumo de combustível, porém, estará melhor servido agora.
Na cidade, o novo 208 1.0 aspirado fez 14,5 km/l, mais do que o antigo fazia na estrada. E na estrada o hatch registrou impressionantes 16,3 km/l, um ganho de 2,2 km para cada litro de gasolina no tanque. Se antes a autonomia do tanque de 47 litros era de 690,9 km, agora é de 766,1 km.
A questão é que, até agora, o 208 1.0 se defendia muito bem antes de chegar às velocidades de via expressa. Hoje, é só mais um em termos de desempenho. Veja a comparação com o teste do modelo 2024:
Aceleração | Peugeot 208 Style 1.0 2024 | Peugeot 208 Style 1.0 2025 |
0 a 100 km/h | 14,3 s | 16,6 s |
0 a 1.000 m | 35,9 s – 143,8 km/h | 37,8 s – 135,2 km/h |
Velocidade máxima* | 164 km/h | 164 km/h |
Retomadas | ||
3a 40 a 80 km/h em | 8,1 s | 9,4 s |
4a 60 a 100 km/h em | 12,4 s | 16,8 s |
5a 80 a 120 km/h em | 22,8 s | 35,2 s |
Frenagens | ||
60/80/120 km/h a 0 | 14/25,6/58,6 m | 14,1/25,6/61,6 |
Consumo | ||
Urbano | 11,2 km/l | 14,5 km/l |
Rodoviário | 14,1 km/l | 16,3 km/l |
Ruído interno | ||
Neutro/RPM máx. | 40,8/71,3 dBA | 40,5/67,3 dBA |
80/120 km/h | 63/68,5 dBA | 63,2/67,2 dBA |
Aferição | ||
Velocidade real a 100 km/h | 100 km/h | 98 km/h |
Rotação do motor a 100 km/h | 3.000 rpm | 3.000 rpm |
Volante | 2,5 voltas | 2,5 voltas |
Isso quer dizer que todo carro está fadado a ter perda de desempenho após o Proconve L8? Não. Isso é uma escolha do fabricante, que precisa decidir onde aplicar seu investimento na adaptação do carro para cumprir essas novas normas. Pode ser uma melhoria na aerodinâmica (como a VW fez com o Nivus), um sistema que aumente a eficiência (como a Fiat fez com os Pulse e Fastback MHEV) ou uma troca de motor, como a Mercedes fez com o GLB. Todos eles também melhoraram o consumo, mas mantiveram ou melhoraram o desempenho.
O próprio Peugeot 208 2025 teve uma mudança importante: o motor 1.6 aspirado foi aposentado no Brasil devido às normas de emissões.
Todo esse contexto até faz lembrar a “malaise era”, ou “era do mal-estar”, em português, quando quando a indústria automotiva dos Estados Unidos se viu diante de novas exigências de segurança e regras de emissões que dizimaram a potência dos motores (havia V8 com cerca de 100 cv). Os carros ficaram mais fracos e feios, porque o investimento foi concentrado na segurança dos carros. Isso começou no início dos anos 1970 e se estendeu até meados de 1980, atravessando a crise do petróleo.
Vivemos isso no Brasil atualmente? Só se for em uma escala muito menor. Os carros ainda são bonitos, a segurança vem melhorando e a redução de potência dos motores para o Proconve L7, há três anos, foi tímida. Por enquanto, os resultados dos ajustes para o Proconve L8 não estão implicando na redução de potência.
Agora, porém, quando você pisar no acelerador do carro e perceber aquela preguiça de uma segunda-feira de manhã vindo do motor, já saberá de quem é a culpa.
Equipamentos do Peugeot 208 Style 1.0
Não é o 1.0 mais rápido, mas o 208 Style é o carro 1.0 mais equipado em sua faixa de preço. É o único com teto solar e faróis full-led com ajuste elétrico. Ainda tem ar digital, central multimídia de 10 polegadas, lanternas de leds, rodas de liga leve de 16″, carregador de celular por indução, câmera de estacionamento 180° e direção com ajuste de altura e profundidade.
Ficha Técnica – Peugeot 208 Style 1.0 2025
Preço: R$ 99.990
Motor: flex, diant., transv., 3 cil., 8V, 75/71 cv a 6.000 rpm, 10,7 kgfm a 3.250 rpm
Câmbio: manual, 5 marchas, tração dianteira
Direção: elétrica; diâmetro de giro, 10,4 m
Suspensão: McPherson (diant.), eixo de torção (tras.)
Freios: disco ventilado (diant.) e tambor (tras.)
Pneus: 195/55 R16
Dimensões: compr., 405,5 cm; larg., 196 cm; alt., 145,3 cm; entre-eixos, 253,8 cm; alt. do solo, 15 cm; porta-malas, 265 l, peso; 1.102 kg tanque, 47 l