Teste: Chery Tiggo 2, um chinês sob o guarda-chuva da CAOA
SUV compacto apresenta evolução, mas ainda pode melhorar mais. Unidade apresentou quebra em prova de retomada
A primeira geração do Tiggo marcou a chegada da Chery no Brasil, em 2009. Agora, coube ao Tiggo 2 estrear a nova fase da marca com a Caoa como sócia da operação brasileira.
Lançado em abril, o SUV compacto parece ser um bom cartão de visitas: tem design maduro, que atrai atenção nas ruas e está alinhado com a atual linguagem da Chery.
Por dentro, não desaponta os olhos. Além do design interessante, os plásticos, embora duros, estão bem montados.
Bancos dianteiros são bonitos , porém posicionados alto demais e só com ajuste de inclinação do assento. Efeito disso é que adultos com mais de 1,70 m ficam com a cabeça rente ao teto e o trambulador fica distante da mão do motorista.
Atrás, se o espaço para a cabeça é correto, para as pernas nem tanto. O banco é avançado, o que, por outro lado, contribui para o ótimo porta-malas com 420 litrosde capacidade.
O motor é o 1.5 16V flex de 115/110 cv e 14,9/13,8 mkgf de torque, que mostrou pouca disposição em baixos giros.
Por outro lado, o câmbio manual de cinco marchas do SUV continua com relações longas, que podem ter culpa no desempenho fraco nos testes de aceleração: precisou de 14,1 s para chegar aos 100 km/h, 0,8 s a menos que um VW Up! 1.0 MPI.
Isso teria valido a pena se o consumo fosse melhor, pois ele só fez 10,1 km/l em ciclo urbano e 12,4 km/l no rodoviário com gasolina.
O Chery Tiggo 2 parte dos R$ 59.990, mas a versão Act testada custa R$ 66.490.
É caro, embora tenha piloto automático, central com câmera de ré, teto solar e controle de estabilidade, que mostrou reação incomum nas curvas inclinadas de nossa pista: a 60 km/h, assustou ao atuar forte na roda dianteira externa até reduzir para 25 km/h.
A Chery diz que o sistema tem calibração global, validada na Europa e verificada no Brasil.
Fratura exposta
O acelerador do Tiggo 2 quebrou no nosso teste, durante a medição de retomada de 40 a 80 km/h.
O pedal foi substituído no dia seguinte por engenheiros da Caoa Chery e levado para análise.
Segundo a fabricante, não se trata de problema de qualidade. “A quebra foi no ponto de indução de fratura para proteção dos pés do motorista em caso de colisão”, diz.
A Chery afirma que a peça de plástico foi projetada para resistir a mais de 900 Newton (91,8 kgf), mais que os 550 N exigidos pela legislação chinesa, e que seria raro ultrapassar os 350 N em uso normal.
Houve um caso semelhante a esse com a imprensa russa em 2017: outro Tiggo 2 sofreu quebra no mesmo pedal e no mesmo ponto.
Nos últimos 20 anos da QUATRO RODAS, o único caso parecido foi o entortamento do pedal de freio de um Chery S18, em 2011.
Teste de pista (com gasolina)
Aceleração de 0 a 100 km/h: 14,1 s
Aceleração de 0 a 1.000 m: 35,4 s – 145,2 km/h
Retomada de 40 a 80 km/h: 9,1 s (em 3ª)
Retomada de 60 a 100 km/h: 15,9 s (em 4º)
Retomada de 80 a 120 km/h: 30,1 s (em 5º)
Frenagens de 60/80/120 km/h a 0: 17,7/30,8/67,6 m
Consumo urbano: 10,1 km/l
Consumo rodoviário: 12,4 km/l
Ficha Técnica – Chery Tiggo 2 ACT
Preços: R$ 59.990 a R$ 66.490
Motor: flex, dianteiro, transversal, 4 cilindros, 16V, 1.496 cm³, 115/110 cv a 6.000 rpm, 14,9/13,8 mkgf a 2.700 rpm
Câmbio: manual, cinco marchas
Suspensão: McPherson (dianteiro)/eixo de torção (traseiro)
Freios: a disco nas quatro rodas
Direção: hidráulica
Rodas e pneus: liga leve, 205/55 R16
Dimensões: comprimento, 420 cm; largura, 176 cm; altura, 157 cm; entre-eixos, 255,5 cm; peso, 1.240 kg; tanque, 50 l; porta-malas, 420 l