Novos motores 1.0 e 1.3 mudam comportamento do Uno para melhor
Ao volante, evolução é perceptível, apesar de algumas vibrações e do comportamento robótico do câmbio Dualogic
Ao girar a chave, a paz é interrompida por uma breve e perceptível vibração: é o sinal de que quem está ali não é o velho motor 1.0 Fire, mas sim o novo motor 1.0 Firefly, de três cilindros e 6 válvulas, que tem a missão de tirar do Uno a imagem de carro apático e colocá-lo no rol dos compactos mais eficientes do Brasil. Vejamos se ele conseguiu.
Uma particularidade do Uno é que você não precisa dar uma leve acelerada antes de soltar a embreagem (que, por sinal, passa a ser semi-hidráulica em vez de ser por cabo). O motor três cilindros tem boa força em baixas e médias rotações – afinal, são 10,9 mkgf a 3.250 rpm . Embora seu câmbio seja o mesmo de antes, inclusive com as mesmas relações de marcha, a relação de diferencial foi alongada. O resultado é uma condução mais relaxada, uma vez que o motorista não precisa fazer a troca tão imediata para a segunda e terceira marchas.
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A vibração característica dos três cilindros no momento da partida realmente é forte – talvez por isso o Uno com o novo motor 1.0 não tenha start-stop nem como opcional, enquanto as versões 1.3 de quatro cilindros agora trazem o equipamento de série -, mas em funcionamento é sereno. O ronco característico dos tricilíndricos ao menos se faz presente, talvez até um pouco mais do que deveria a partir dos 4.000 rpm.
No test-drive no entorno da lagoa da Pampulha, em Belo Horizonte, o Uno 1.0 mostrou-se bastante agradável para o uso urbano. O motor enche rápido e tem um fôlego para retomadas que não se percebia no antigo 1.0 Fire (que continuará vivo no Palio e Mobi). Nas ladeiras de BH, se por um lado ainda se faz necessário retornar à primeira marcha para encarar subidas mais íngremes, por outro é possível desfrutar as vantagans do Hill Holder, presente na unidade avaliada.
Trata-se do assistente de partida em rampa, que mantém os freios acionados por até cinco segundos ou até que o carro comece a entrar em movimento, vendido como opcional no pacote Tech, que também soma controles de estabilidade e tração, rádio com Bluetooth, retrovisores elétricos, vidros elétricos traseiros, chave canivete, alarme entre outros equipamentos. Preço do pacote: R$ 3.740.
A lista de equipamentos de série da versão Attractive não teve alterações. Por R$ 41.840, ele traz ar-condicionado, direção elétrica (com direito a função City, que alivia ainda mais a direção em velocidade de baliza), vidros dianteiros elétricos, faróis de neblina, travas elétricas e computador de bordo com comandos no volante. Segundo a Fiat, esta versão responderá por mais de 40% das vendas.
Way 1.3 Dualogic
Em substituição ao 1.4 Fire Evo, a Fiat criou o 1.3 8v Firefly. A grosso modo, é o motor 1.0 com um cilindro de mesmo tamanho a mais. Tem até 109 cv e até 14,2 mkgf queimando etanol. A diferença é que ele está sempre vinculado ao sistema start-stop, que antes estava presente apenas no raríssimo Uno Evolution 1.4. E apenas as versões com câmbio Dualogic têm controles de estabilidade e tração e Hill Holder como equipamentos de série.
O contato com um câmbio automatizado é sempre precedido de desconfiança: em geral, somos egoístas demais para dar o braço a torcer a um robô hidráulico que se presta a acionar a embreagem e trocar as marchas para nós. Mas a parceria entre o Dualogic e o Firefly evoluiu, e é suficientemente boa em condução suave, no trânsito urbano.
Quando se exige mais do motor vem a lembrança que o amigo robótico está ali e que você precisa ajudá-lo em seu trabalho aliviando o acelerador na hora das trocas para que a marcha seguinte entre em ação rapidamente, sem trancos. Um bom câmbio automático ou automatizado é aquele que permite que o motorista esqueça que o carro tem câmbio. Não é o caso do Dualogic, mas sem dúvidas o Uno é o melhor entre os equipados com o sistema.
O preço do Way 1.3 Dualogic é de R$ 51.990. Com câmbio manual – e sem controles de estabilidade e tração – sai por R$ 47. 640.
Sporting 1.3 manual
Desde 2010 o Fiat Uno Sporting sofre um certo bullying: design bacana, jeitão de pocket rocket e, desde a reestilização de 2014, escapamento central, mas com meros 88 cv. Agora com o 1.3 de 109 cv e 14,2 mkgf já dá para fazer uma graça, impor respeito. Mas com câmbio manual, por favor.
Tudo bem que o câmbio é aquele mesmo de todo Fiat, com curso longo da alavanca e engates borrachudos. Ainda assim, o Uno Sporting é um porto seguro de quem realmente gosta de dirigir. Sua suspensão é diferente, 1 cm mais baixa e com amortecedores de maior carga, que conseguem conter a rolagem da carroceria percebida nas demais versões – uma característica dos compactos Fiat.
O preço da diversão é R$ 49.340. Com o “inesquecível” câmbio Dualogic, sobe para R$ 53.690.
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