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Novo Corolla: confrontamos economia do híbrido e força do 2.0 na vida real

Um Corolla 1.8 híbrido e um 2.0 andando juntos, no trânsito paulistano. Nessa condição, não resta dúvida: o híbrido é, de longe, a opção mais racional

Por Péricles Malheiros
Atualizado em 22 out 2019, 20h50 - Publicado em 17 out 2019, 07h00
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  • Novo Corolla: confrontamos economia do híbrido e força do 2.0 na vida real
    Logo Toyota com contorno azul identifica os híbridos da marca (Fernando Pires/Quatro Rodas)

    A ideia inicial era juntar dois Corolla Altis, a única versão com as duas opções de motor – 2.0 e 1.8 híbrido –, mas a Toyota só tinha o Altis híbrido. Veio então o XEi 2.0. Mais tarde, após consulta com fontes ligadas à marca, a explicação.

    “Às vésperas do lançamento, a Toyota já havia decidido que apenas a versão Altis teria o motor 1.8 híbrido, mas não havia batido o martelo quanto à opção por entregar também o 2.0.

    Resultado: nos primeiros meses, Corolla Altis, só híbrido nas concessionárias, pois com motor 2.0 nem sequer foram fabricados para o mercado”, disse nossa fonte.

    Por ora, vamos jogar luz sobre um dilema ainda maior: vale a pena comprar o Corolla híbrido?

    Novo Corolla: confrontamos economia do híbrido e força do 2.0 na vida real
    Por fora, os Altis 2.0 e 1.8 híbrido são idênticos, mas, infelizmente, o Corolla com motor 2.0 só estava disponível na versão XEi (Fernando Pires/Quatro Rodas)

    Em nossos testes e comparativos, a medição de consumo é feita em um campo de provas, com ar-condicionado desligado quase sem variação topográfica.

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    Dessa vez, rodamos com os dois carros juntos por 28 km (em exatas duas horas) em meio ao trânsito caótico de São Paulo, no início da noite de uma sexta-feira, com ar–condicionado ligado. Ou seja, vida real.

    Ajustamos o ar em 22 oC, zeramos os indicadores de consumo e demos início ao roteiro entre a Editora Abril e a Avenida Paulista.

    Dividimos o teste em três medições: ida, passeio na região da Paulista e volta. No comando dos carros, nossos pilotos de teste, Leonardo Barboza (no 2.0) e Eduardo Campilongo (híbrido).

    Toyota Corolla híbrido 1
    No híbrido, quadro de instrumentos é digital e a central pode exibir uma página do fluxograma de energia em tempo real. Sistema conta com um motor a combustão 1.8 e duas unidades elétricas, batizadas MG1 e MG2 (Fernando Pires/Quatro Rodas)

    Localizada num ponto 95 metros mais alto que a Editora Abril (727 m de altitude), a Paulista (822 m) estava especialmente congestionada no dia do teste – teve até interdição de um trecho por conta de uma manifestação popular.

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    Ótima situação para quem buscava justamente a vida real de um paulistano típico.

    Os 12 km da ida foram cumpridos em 38 minutos, com média de 18,3 km/l do híbrido ante 8,2 km/l do 2.0, ou seja, 123% a favor do híbrido. Na volta (14 km em 45 minutos), a vantagem foi ainda maior: 27,4 frente 9,5 km/l, 188% melhor.

    “Boa parte do retorno foi feito em declive. Praticamente não acelerava o carro. Só pisava no freio e acompanhava no painel o nível de carga da bateria se mantendo estável”, conta Edu.

    Toyota Corolla 2.0 3
    Painel do 2.0 tem computador de bordo com tela colorida (Fernando Pires/Quatro Rodas)

    Os números mais impressionantes, no entanto, foram extraídos do trecho de apenas 2km no entorno da Paulista, cumpridos em 35 minutos – sim, para você que não é de São Paulo, saiba que isso acontece com certa frequência.

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    Enquanto o ritmo de tartaruga em câmera lenta deu ao Corolla híbrido uma média de 22,5 km/l, o computador do 2.0 indicou apenas 3,1 km/l! Isso mesmo, 626%.

    Vale reforçar que nesse segundo trecho o trânsito estava tão intenso que piorou a média do próprio híbrido.

    Para entender melhor como a intensidade do trânsito afeta o consumo, é preciso lembrar que o pico de demanda de força num carro – independentemente de sua matriz energética – ocorre no início de sua movimentação, seja ela para a frente ou para trás.

    Não à toa, a primeira marcha e a ré contam com os componentes mais robustos de um câmbio.

    Toyota Corolla 2.0 versus híbrido 2
    Amplo, o quadro digital do novo Corolla lembra bastante o do SUV RAV 4 (Fernando Pires/Quatro Rodas)
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    Nos híbridos, esse início de movimentação é feito prioritariamente pelo motor elétrico.

    Se você pisar forte no acelerador, o motor a combustão até liga e passa a ajudar no fornecimento de força, mas pode apostar: quem compra um híbrido automaticamente começa a dirigir com o pé mais leve – afinal, quem não gosta de ver o computador de bordo registrando médias de consumo acima dos 20 km/l?

    E assim, de pé leve, o motor a combustão só vai acordar se o nível de carga da bateria estiver baixo.

    A bateria de tração, aliás, é alimentada de duas maneiras: quando o motor a combustão é ativado e nas desacelerações, fase em que a rolagem inercial do carro faz com que a unidade de potência elétrica deixe de funcionar como motor e passe a atuar como um gerador.

    O monitoramento do nível de carga da bateria de tração é feito de modo automático pela central eletrônica do veículo.

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    Toyota Corolla 2.0 1
    Painel da versão XEi 2.0, cedida para o teste, tem computador de bordo incorporado, mas o layout é bastante simples (Fernando Pires/Quatro Rodas)

    Obviamente, a passagem dos dois Corolla por aqui também incluiu o teste de pista – veja os resultados no quadro ao lado.

    Muito mais vigoroso que o híbrido nas acelerações e retomadas, o 2.0 empolga bem mais ao volante – sobretudo nessa nova geração, cuja dirigibilidade como um todo evoluiu substancialmente.

    Grande novidade da linha 2020, a suspensão traseira independente é a mesma nos dois Corolla – o que muda é a calibragem de molas e amortecedores.

    Esqueça a moleza excessiva da geração anterior e fique tranquilo: o que o Corolla perdeu em suavidade é compensado, com sobra, em prazer ao dirigir: em piso irregular, balança menos e, na estrada, dá ao motorista uma sensação muito maior de segurança.

    Inicialmente, este nosso teste de vida real não tinha a intenção de cravar um vencedor.

    Mas os resultados foram tão descomunalmente a favor do híbrido que, dentro dessa lógica racional, o 2.0 só pode ser considerado a melhor indicação em dois casos: quando o comprador faz questão de desempenho superior – ao volante, ele é muito mais vivo que o híbrido – ou quando o orçamento impede chegar à versão Altis.

    Por fim, quanto aos equipamentos, fique atento: apesar de a tabela apresentar os dois Corolla Altis a R$ 124.990, é preciso pagar R$ 6.000 extras para deixar o híbrido com conteúdo equivalente ao do 2.0, adicionando painel bicolor, ar bizona, banco do motorista com ajustes elétricos e sensor de chuva.

    Veredicto

    Para consumidores com perfil pacato, urbano e racional, o híbrido mostrou que vale a pena. Melhor seria se a hibridez chegasse também às versões mais baratas. 

    O teste no trânsito pesado

    1.8 híbrido 2.0 a combustão
    Trecho Consumo (em km/l) Consumo (em km/l)
    Ida (12 km em 38 min.) 18,3 8,2
    Interm. (2 km 3m 35 min.) 22,5 3,1
    Volta (14 km em 45 min.) 27,4 9,5

    Ficha técnica – Corolla Altis 1.8 Híbrido

    Preço: R$ 124.990
    Motor a combustão: flex, diant., transv., 4 cil. em linha, 1.798 cm3, 16V, 80,5 x 88,3 mm, 13,0:1, 101/98 cv a 5.200 rpm, 14,5/14,5 mkgf a 3.600 rpm
    Motor elétrico: 72 cv e 16,6 mkgf
    Potência combinada: 122 cv
    Câmbio: automático, CVT planetário, tração dianteira
    Suspensão: McPherson (diant.) /duplo A (tras.)
    Freios: disco ventilado (diant.) / sólido (tras.)
    Direção: elétrica
    Pneus: 225/45 R17
    Dimensões: compr., 435 cm; larg., 177,5 cm; alt., 145,5 cm; entre-eixos, 270 cm; altura livre do solo, 14,8 cm; peso, 1.445 kg; tanque, 43 l; porta-malas, 470 l

    Ficha de teste – Corolla Altis 1.8 Híbrido

    Aceleração:
    0 a 100 km/h em 13,5 s /
    0 a 1.000 m em 34,6 s – 153,8 km/h

    Retomada (D)
    40 a 80 km/h: 5,9 s
    60 a 100 km/h: 7,6 s
    80 a 120 km/h: 9,9 s

    Frenagens
    60/80/120 km/h – 0 m: 14,2/25,5/58 m

    Consumo
    Urbano: 20 km/l
    Rodoviário: 18,4 km/l

    Ficha técnica – Corolla XEI 2.0

    Preço: R$ 110.990
    Motor: flex, diant., transv., 4 cil. em linha, 1.986 cm3, 16V, 80,5 x 97,6 mm, 177/169 cv a 6.600 rpm, 21,4/21,4 mkgf a 4.400 rpm
    Câmbio: automático, CVT, 10 marchas, tração dianteira
    Suspensão: McPherson (diant.) /duplo A (tras.)
    Freios: disco ventilado (diant.) / disco sólido (tras.)
    Direção: elétrica, diâm. de giro 10,8 m
    Pneus: 225/45 R17
    Dimensões: compr., 463 cm; lar., 178 cm; alt., 145,5 cm; entre-eixos, 270 cm; altura livre do solo, 14,8 cm; peso, 1.405 kg; tanque, 50 l; porta-malas, 470 l

    Ficha de teste – Corolla XEI 2.0

    Aceleração
    0 a 100 km/h em 9,7 s /
    0 a 1.000 m em 30,8 s – 173,9 km/h

    Retomada (D)
    40 a 80 km/h: 4,5 s
    60 a 100 km/h: 5,3 s
    80 a 120 km/h: 6,4 s

    Frenagens
    60/80/120 km/h – 0 m: 13,2/23,7/54,2 m

    Consumo
    Urbano: 11,9 km/l
    Rodoviário: 15,5 km/l

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