Impressões: Volvo S60 R Design dá adeus aos seis cilindros

O downsizing fez mais uma vítima. A Volvo aposentou seu último motor de seis cilindros em favor de um menor, com quatro cilindros e turbo. Foi o que aconteceu com a linha 2016 do S60 T6 R Design, versão esportiva do menor sedã da marca sueca, que também ficou mais caro: agora parte de R$ 215.950.

Visualmente, o modelo é o mesmo. Permaneceram as linhas elegantes e sóbrias que caracterizam os Volvo, a dianteira proeminente, a traseira com lanternas curvas e o perfil com linhas de cupê. A versão esportiva R Design adiciona para-choques exclusivos, com maiores aberturas dianteiras e extratores traseiros, rodas de 18 polegadas com desenho esportivo, grade com trama diferenciada e detalhes prateados. O teto solar elétrico é de série, assim como as luzes em leds.

O interior do S60 também deixa clara a identidade da marca. O acabamento é de boa qualidade e a aparência é de bom gosto, quase minimalista, mas as linhas já pedem atualizações. A porção central vazada do console, com inúmeros botões para os comandos de telefone, ar-condicionado, start-stop, entre outros, não causa mais surpresa. É preciso dizer que geram até certa confusão no início. Os bancos são revestidos em couro, enquanto o quadro de instrumentos digital configurável parece saído de um vídeo game.

Entre os equipamentos, a versão topo de linha oferece, de série, ar digital de duas zonas, sensores de estacionamento dianteiros e traseiros, câmera de ré, sistema automático de estacionamento, chave presencial com abertura do carro por aproximação e partida do motor por botão, freio de estacionamento elétrico, Volvo On Call, start-stop, função ECO e sensor de chuva e luminosidade.

A Volvo tradicionalmente foca em tecnologias voltadas à segurança — principal bandeira levantada pela marca, que afirma que, a partir de 2020, ninguém morrerá ou sairá gravemente ferido de um acidente envolvendo um Volvo. Os faróis, de xenônio com acendimento automático, são direcionais e têm luz alta adaptativa. O piloto automático também é adaptativo. Basta programar a velocidade e a distância pretendida do veículo à frente. O carro mantém a distância freando ou acelerando automaticamente e, se necessário, parando totalmente o veículo. Toda a programação pode ser feita com muita facilidade através dos botões dispostos no volante.

Há ainda freio de emergência automático, aviso para mudanças involuntárias de faixas e de colisão, airbags frontais, laterais e de cortina, detector de pedestres e ciclistas com frenagem automática e sistema de leitura de placas de velocidade máxima das vias, com reprodução das mesmas no quadro de instrumentos.

A vida a bordo do R Design não gera reclamações. Há espaço suficiente para cinco pessoas acomodadas de forma confortável, inclusive para quem vai atrás. O banco do motorista reforça a sensação de segurança pelas grandes abas laterais que apoiam o corpo.

Em movimento, o S60 frustra quem espera o barulho e a pegada esportiva que a versão R Design sugere: ele, definitivamente, nasceu para ser discreto. O único barulho ouvido pelos ocupantes (e apenas pelos mais atentos) vem da turbina do motor, e somente em acelerações bem vigorosas. A suspensão tem curso longo o suficiente para filtrar bem ondulações e valetas, e bom ajuste para que possa rodar confortavelmente. Quando mais exigida, porém, ela prova que pode dar a esportividade que o visual sugere por seu ajuste mais rígido. O único desconforto fica para os pneus de perfil baixo. No geral, o S60 passa grande sensação de solidez e segurança.

O motor 2.0 turbo de quatro cilindros com compressor da família Drive-E é a principal novidade e aposenta as motorizações de seis cilindros da Volvo. A unidade entrega 306 cv de potência a 5.700 rpm e 40,8 mkgf de torque entre 2.100 e 4.500 rpm – números bem parecidos com o do antigo seis cilindros, que oferecia respectivamente 304 cv e 44,9 mkgf. De acordo com a marca, o sedã vai de 0 a 100 km/h em 5,9 segundos, mesma marca do modelo anterior.

O câmbio é automático de oito velocidades com opção de trocas sequenciais. Já a tração deixou de ser integral para se tornar dianteira – uma perda considerável, e que fica ainda mais dura de engolir sabendo-se que o preço de tabela aumentou de R$ 201.950 para R$ 215.950. Por outro lado, os concorrentes alemães tiveram aumentos ainda maiores nos últimos meses, culpa da alta do dólar. E com o novo motor 4 cilindros mais a ausência do mecanismo de tração integral – representando uma redução de peso de 1.752 kg para 1.684 kg – é provável que o consumo tenha diminuído, apesar dos números não terem sido divulgados.

Veredicto

O Volvo S60 R Design é uma boa opção para quem que fugir da “mesmice” de Audi, BMW e Mercedes-Benz. Na mesma faixa de preço, estão BMW 328i Sport (245 cv) e Mercedes-Benz C 250 Turbo Sport (204 cv). Na comparação com os alemães, o sueco oferece mais sistemas de segurança e maior potência, mas dispõe apenas de tração dianteira. Questão de prioridades.

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