SUVs compactos e motores turbo são praticamente a receita do sucesso. Basta as marcas misturarem o segmento da moda com uma das motorizações mais desejadas pelos brasileiros e terão uma ótima opção para agradar o mercado.
Assine Quatro Rodas por apenas R$ 12,90
Entre os SUVs mais vendidos do país até agosto deste ano, apenas o líder Jeep Renegade não oferece um motor turbo flex – porém isso deve mudar no ano que vem, com o lançamento da linha 2023. Na vice-liderança está o Jeep Compass, que se rendeu recentemente ao “downsizing” dos motores. Está disponível com o novo 1.3 16V GSE Turbo flex. Em seguida no ranking, estão Hyundai Creta, Volkswagen T-Cross e Chevrolet Tracker.
O VW e a nova geração do Chevrolet, lançados em março de 2019 e março de 2020, respectivamente, já nasceram com propulsores 1.0 turbo. O recém-lançado Hyundai Creta em sua linha 2022 abandona o motor aspirado 1.6 e o substitui pela modernidade do três-cilindros 1.0 TGDI, turbo com injeção direta de combustível.
Essa motorização está presente em três das quatro versões do SUV e essas, segundo a marca, irão responder pela maioria das vendas. A versão topo de linha Platinum com a nova motorização, que deverá ser uma das mais procuradas, está alinhada tanto em preço quanto em conteúdo com o T-Cross Comfortline e o Tracker Premier. Com tanto em comum, reunimos aqui os SUVs 1.0 turbo mais vendidos no Brasil.
O novo Creta é o mais caro entre os três, mas para compensar apresenta um bom nível de equipamentos e traz tecnologias inéditas. Será o suficiente para vencer os rivais?
3º – Chevrolet Tracker
O Chevrolet Tracker completa um ano e meio no mercado em sua nova geração. Isso mesmo, ele foi lançado no início da pandemia. Porém, mesmo com toda a turbulência, ele se mantém no acumulado de 2021 como quinto SUV mais vendido do país.
Esse sucesso pode ser atribuído à combinação de preço atrativo (R$ 128.650) – o menor do comparativo – com um bom nível de equipamentos de segurança e conectividade. O modelo é de longe um dos SUVs mais conectados do segmento.
Entre os diferenciais, o Wi-Fi nativo e a central multimídia MyLink com conexão com Apple CarPlay e Android Auto sem fio. E o carregador por indução completa uma experiência livre de cabos. A cabine privilegia o conforto do motorista, e a tela da central de 8” está 7° inclinada para ele. A ergonomia também é favorecida por um volante de boa empunhadura e os ajustes de profundidade e altura. O acabamento interno é esmerado, mas o plástico rígido predomina.
Só o Tracker traz de série itens de segurança ativa como alerta de colisão frontal e frenagem automática de emergência, além de ser o único a contar com faróis full-led.
Com tantos atributos, você deve estar se perguntando o motivo do Chevrolet ter ficado em terceiro lugar. A explicação é simples. Seu motor é o menos potente, por isso teve o pior desempenho de 0 a 100 km/h. O motor do Tracker tem uma diferença mecânica.
Também é um 1.0 de três cilindros com turbo, mas sua injeção é indireta, uma multiponto convencional. Isso explica números mais modestos: 116 cv e 16,8 kgfm. Na pista, fez de 0 a 100 km/h em 11,8 segundos, enquanto os rivais cumpriram em 11,2 segundos. Nas retomadas ele obteve um desempenho melhor e na convivência diária é possível observar que suas acelerações são prontas e o torque é entregue cedo aos 2.000 rpm – proporcionando conforto e segurança nas ultrapassagens.
Além do rendimento, porém, em espaço o Tracker fica bem atrás dos rivais, principalmente quanto ao conforto dos ocupantes traseiros. Eles contam com apenas 88 cm de espaço para pernas, enquanto o Creta tem 96 cm e o T-Cross tem 97 cm. Contribui para sua colocação a menor autonomia, de cerca de 500 km, o menor vão livre do solo de 15,7 cm, e, por último mas importante, seu custo de manutenção é o mais alto entre os concorrentes.
Ficha técnica – Chevrolet Tracker Premier 1.0 turbo
Motor: 3 cil., 12V, injeção indireta, 999 cm³, 116 cv a 5.500 rpm, 16,8/16,3 kgfm a 2.000 rpm
Câmbio: automático, 6 m.
Suspensão: McPherson/eixo de torção
Freios: disco ventilado (diant.), tambor (tras.)
Pneus: 215/60 R16
Dimensões: compr., 427 cm; largura, 179,1 cm; altura, 162,6 cm; entre-eixos, 257 cm; peso, 1.228 kg; tanque, 44 l; porta-malas, 393 l
Teste – Chevrolet Tracker Premier 1.0 turbo
Aceleração
0 a 100 km/h: 11,8 s
0 a 1.000 m: 33,6 – 155,7 km/h
Velocidade máxima*: 185 km/h (dado de fábrica
Retomadas
D 40 a 80 km/h: 5,01 s
D 60 a 100 km/h: 6,09 s
D 80 a 120 km/h: 8,2 s
Frenagens
60/80/120 km/h a 0: 14,1/25,1/55,2 m
Consumo
Urbano: 12,1 km/l
Rodoviário: 15,5 km/l
Ruído interno
Neutro/RPM máx.38,8/65,1 dBA
80/120 km/h: 62,3/68,9 dBA
Aferição
Velocidade real a 100 km/h: 98 km/h
Rotação do motor a 100 km/h em 5a marcha: 2.200 rpm
Seu Bolso
Preço: R$ 128.650
Garantia: 3 anos
Concessionárias: 540
Revisões: R$ 4.118
Seguro**: R$ 1.923
2º – Hyundai Creta
Recém-lançado, o Hyundai Creta mudou tanto na linha 2022 que é apontado pela própria marca como nova geração. Porém, como a plataforma é a mesma do modelo anterior e houve alterações de dimensões e design, adotamos a mudança como um facelift profundo.
O estilo é polêmico e a diferença gritante do Creta 2021 faz com que ele chame atenção nas ruas. Na nossa experiência com o SUV, os olhares curiosos acompanharam o Creta.
Bonito ou não, o Hyundai ficou melhor. Ele adotou uma motorização mais moderna, ficou maior e mais tecnológico. Recebeu as melhorias que precisava para seguir disputando com os SUVs mais vendidos do país.
O Creta Platinum é o mais caro do comparativo (R$ 137.990), mas traz itens inéditos no segmento e teto solar panorâmico – que só está disponível como opcional no T-Cross, que aumenta a conta em R$ 5.920.
Entre os atributos exclusivos estão a câmera de ponto cego – que exibe no quadro de instrumentos as imagens laterais do SUV quando a seta é acionada. Esse recurso mostrou-se bem útil tanto no tráfego urbano quanto em rodovias, inclusive à noite. A câmera 360° também é um bom auxílio nas manobras.
A central multimídia BlueNAV tem tela de 10,25 polegadas com operação intuitiva, navegador GPS nativo e espelhamento com celular por cabo.
O Creta parece que foi projetado para auxiliar aqueles condutores mais distraídos, pois o GPS, mesmo sem estar ativo, avisa por voz dos radares e o painel de instrumentos informa se há objetos ou pessoas no banco de trás ao se desligar o carro.
Para ficar completo mesmo, faltou oferecer o pacote de tecnologias de auxílio à condução (frenagem autônoma de emergência, piloto automático adaptativo e sensor de permanência em faixa), que só está disponível na Ultimate 2.0, de R$ 146.990.
Em nossa avaliação, o motor se mostrou eficiente nas acelerações e é perceptível a boa convivência com o câmbio automático – as trocas são suaves e quase imperceptíveis.
Mas foi na comparação do desempenho e consumo com os rivais que o Creta perdeu este comparativo. Ele teve os piores números de retomada e frenagem (confira tabela na pág. 29) – seu motor oferece 120 cv e 17,5 kgfm, enquanto o T-Cross rende até 128 cv e 20,4 kgfm. O consumo foi inferior, com médias de 11,5 km/l (cidade) e 14,4 km/l (estrada).
Ficha técnica – Hyundai Creta Platinum 1.0 TGDI
Motor: 3 cil., 12V, injeção direta, 998 cm³, 120 cv a 6.000 rpm, 17,5 kgfm a 1.500 rpm
Câmbio: automático, 6 m.
Suspensão: McPherson/eixo de torção
Freios: disco ventilado (diant.), sólido (tras.)
Pneus: 215/60 R17
Dimensões: compr., 430 cm; largura, 179 cm; altura, 163,5 cm; entre-eixos, 261 cm; peso, 1.270 kg; tanque de combustível, 50 litros; porta-malas, 422 l
Teste – Hyundai Creta Platinum 1.0 TGDI
Aceleração
0 a 100 km/h: 11,2
0 a 1.000 m: 33,1 s – 152,5 km/h
Velocidade máxima*: N/D
Retomadas
D 40 a 80 km/h: 5,2 s
D 60 a 100 km/h: 7 s
D 80 a 120 km/h: 8,9 s
Frenagens
60/80/120 km/h a 0: 17,8/25,4/59,2 m
Consumo
Urbano: 11,5 km/l
Rodoviário: 14,4 km/l
Ruído interno
Neutro/RPM máx.: 41,8/62,2 dBA
80/120 km/h: 63,3/69,5 dBA
Aferição
Velocidade real a 100 km/h: 97 km/h
Rotação do motor a 100 km/h em 5a marcha: 2.250 rpm
Seu Bolso
Preço: R$ 137.990
Garantia: 5 anos
Concessionárias: 240
Revisões: R$ 3.791
Seguro**: R$ 2.086
1º – Volkswagen T-Cross
O T-Cross Comfortline foi campeão na categoria de SUVs até R$ 130.000 do Melhor Compra 2021 e ele vence esse comparativo pelo mesmo motivo que lhe rendeu o título de Melhor Compra: custo/benefício.
A tríade de motor moderno e com o melhor desempenho, bom conteúdo e baixo custo de manutenção torna o T-Cross forte diante dos rivais.
O motor tricilíndrico é o mais potente por aqui, embora longe de ser a referência do segmento. A carta na manga são os 20,4 kgfm entregues entre 2.000 e 3.500 rpm, para os pouco mais de 1.200 kg de peso do carro.
Assim, arrancadas e retomadas são ótimas e a elasticidade é suficiente para encarar qualquer subida.
Em nossas provas de retomada o VW se saiu melhor na de 40 a 80 km/h, com 4,8 s, e na de 80 a 120, km/h, com 7,7 s. Também foi superior nas frenagens de 80 km/h a 0 e 120 km/h a 0, percorrendo 23,5 e 52,1 metros, respectivamente. Essa eficiência dos freios a disco nas quatro rodas também foi sentida no dia a dia.
Por R$ 134.900 a versão Comfort-line traz de série seis airbags, controles de estabilidade e tração, assistente de partida em rampas, bloqueio eletrônico do diferencial, câmera de ré, sensores dianteiros de estacionamento e frenagem automática pós-colisão – o único item de segurança ativa. Nesse ponto seu irmão menor, VW Nivus, sai na frente, pois oferece mais equipamentos de tecnologia de segurança por menos.
Desde a linha 2021, o T-Cross passou a contar com a central multimídia VW Play – reconhecida pela sua interface funcional e com ótima usabilidade. Possui integração de celulares via Android Auto e Apple CarPlay (sem fio) e tem à disposição uma plataforma própria de aplicativos com armazenamento de até 10 GB. A questão é que tanta funcionalidade merecia vir acompanhada de um Wi-Fi nativo, mesmo que uma mensalidade fosse cobrada para isso.
Embora o T-Cross tenha as menores dimensões (comprimento, largura e altura), o seu entre-eixos (265,1 cm) é o maior entre os três e isso o qualifica a proporcionar o melhor espaço interno.
Os passageiros traseiros desfrutam de 148 cm de espaço para ombros, 96 cm para a cabeça e 97 cm para as pernas. Porém, o porta-malas é o menor, com 373 litros na posição padrão – mas é possível chegar a 420 litros ao mudar a angulação do encosto lombar na fileira do banco de trás.
Ficha técnica – Volkswagen T-Cross Comfortline
Motor: 3 cil., 12V, injeção direta, 999 cm3, 115/128 cv a 5.500 rpm (G/E), 20,4 kgfm entre 2.000 e 3.500 rpm (G/E)
Câmbio: automático, 6 m.
Suspensão: McPherson/eixo de torção
Freios: disco ventilado (diant.), sólido (tras.)
Pneus: 205/55 R17
Dimensões: compr., 419,9 cm; largura, 175,1 cm; altura, 156,8 cm; entre-eixos, 265,1 cm; peso, 1.252 kg; tanque, 50 l; porta-malas, 373 l
Teste – Volkswagen T-Cross Comfortline
Aceleração
0 a 100 km/h: 11,2
0 a 1.000 m: 32,7 s – 160,2 km/h
Velocidade máxima*: 184 km/h (dado de fábrica)
Retomadas
D 40 a 80 km/h: 4,8 s
D 60 a 100 km/h: 6,1 s
D 80 a 120 km/h: 7,7 s
Frenagens
60/80/120 km/h a 0: 13,5/23,5/52,1 m
Consumo
Urbano: 11,7 km/l
Rodoviário: 16,9 km/l
Ruído interno
Neutro/RPM máx.: 36,8/63,4 dBA
80/120 km/h: 63/66,8 dBA
Aferição
Velocidade real a 100 km/h: 99 km/h
Rotação do motor a 100 km/h em 5a marcha: 1.900 rpm
Seu Bolso
Preço: R$ 134.900
Garantia: 3 anos
Concessionárias: 500
Revisões: R$ 2.450
Seguro**: R$ 1.702