GWM Tank 300 é um jipão híbrido com 4×4 raiz e 400 cv a preço de Commander
Primeiro integrante da nova família não esconde a inspiração em Wrangler e Classe G, e vai tão bem quanto eles no off-road, mas custando bem menos

Anos após manter-se apenas com as famílias Haval e Ora, a GWM lança agora o primeiro integrante da Tank, uma linha de SUVs com apelo luxuoso e real capacidade off-road. Trata-se do Tank 300, um SUV 4×4 híbrido com declaradas inspirações em clássicos do fora-de-estrada, como Jeep Wrangler, Mercedes Classe G e Defender – mas custando muito menos.
Disponível em versão única, o Tank 300 sai por R$ 333.000 em preço promocional de lançamento, até o dia 30 de abril. Bem abaixo do esperado anteriormente e próximo aos R$ 324.000 pedidos pelo Haval H6 GT, e abaixo dos R$ 335.990 cobrados por um Jeep Commander Blackhawk.
As inspirações nos jipões clássicos ficam bastante claras no visual do Tank 300, especialmente pelos faróis redondos full led, que têm o diferencial de um “corte” horizontal no centro das peças, onde ficam as luzes diurnas e de indicação de direção. A grade em conjunto único e o para-choque sem pintura seguem a temática.

De lado, o modelo tem rodas de 18 polegadas com pneus 265/60, para-lamas pronunciados e sem pintura (mesmo acabamento de retrovisores e maçanetas), e um estribo fixo. A traseira tem lanternas verticais full led e estepe pendurado na tampa (cuja abertura é lateral), mas por questões funcionais, já que sua maior pretensão é a de enfrentar o fora-de-estrada.
O Tank 300 é grande: são 4,76 metros de comprimento, 1,93 m de largura, 1,90 de altura e 2,75 m de entre eixos. O vão livre do solo é de 222 mm e, a profundidade máxima de travessia em água, é de bons 700 mm (melhor do que em muitas picapes). Já a capacidade de reboque com freio é de 2.500 kg, enquanto a capacidade de carga do veículo é de 440 kg.

Inspirações e tecnologia em alta
Por dentro, o SUV tem mais “empréstimos” de elementos visuais: do Mercedes Classe G, as saídas de ar redondas com direito a iluminação (são 64 opções de cores); do Wrangler, a alça à frente do passageiro e o formato mais vertical do painel; do Defender, o volante e a alavanca de câmbio estilizada (embora, no Tank 300, a aparência futurista da peça não caia tão bem).
O acabamento remete ao do Haval, embora a marca queira dar um status mais luxuoso ao Tank. Há materiais emborrachados no topo do painel e nas portas, boa montagem e variedade de texturas, mas a porção central tem plásticos rígidos e os botões, grandes, têm aparência mais simples – assim como nos Haval.

No topo do painel destacam-se as duas telas de 12,3 polegadas cada, uma para o quadro de instrumentos, que tem diferentes visualizações, e outra para a central multimídia, com uma loja de aplicativos nativa, mas mantendo as opções de Apple CarPlay e Android Auto sem fio. Apesar de um sistema bastante completo, o modelo mantém uma boa quantidade de botões físicos em painel e console, um alívio nos dias atuais e, principalmente, em um carro com tantos recursos.
Por falar em recursos, a lista de itens de série do Tank 300 é extensa. Entre eles, há teto solar elétrico, faróis e lanterna de neblina, bancos dianteiros com ajustes elétricos, aquecimento e ventilação, banco do motorista com massagem e memória de posição, aquecimento de volante, carregador de celulares por indução de 50W, ar-condicionado digital dual zone e câmeras 360°.

No campo da segurança, seja ativa ou passiva, o jipão é equipado com 12 sensores de estacionamento, cinco câmeras e quatro radares que permitem tecnologias como sistema ativo de estacionamento (que dispensa qualquer ação do motorista), ACC, frenagem automática de emergência, manobra reversa automática, alerta de tráfego cruzado dianteiro e traseiro, alertas de pontos cegos, permanência e centralização em faixa, reconhecimento de placas de velocidade, entre outros. Há ainda seis airbags.

O espaço interno do Tank 300 é suficiente considerando seus 2,75 de entre-eixos, pouco maior do que os 2,70 m de um Toyota Corolla. Duas pessoas podem viajar sem qualquer incômodo para pernas e cabeça, enquanto um possível terceiro ocupante central só precisará, sem tanto esforço, acomodar os pés sobre o baixo túnel central. Há ainda saídas de ar-condicionado traseiras.
Mas, conforto mesmo, terão as bagagens: o amplo porta-malas tem capacidade de 863 litros, mais do que qualquer SUV médio à venda no Brasil. Porém, a tampa traseira, cuja abertura é lateral, é grande demais, especialmente considerando sua abertura para a direita – lado da calçada no Brasil.

Off-road de verdade que acelera como esportivo
O Tank 300 combina um motor 2.0 turbo a gasolina e outro elétrico, ambos posicionados na dianteira, que somam 394 cv e 76,5 kgfm, e são acompanhados por um câmbio automático de nove marchas. De acordo com a marca, o conjunto é capaz de levar o jipão de 2.630 kg de 0 a 100 km/h em apenas 6,8 segundos. Além disso, o consumo, segundo o Inmetro, é de 18,4 km/l na cidade e 18,7 km/l na estrada.

O motor elétrico é alimentado por uma bateria de 37,1 kWh, portanto, maior do que a presente nos Haval H6 PHEV34 e GT. Ela pode ser recarregada em carregadores lentos (AC) a até 6,6 kW ou em rápidos (DC) a até 50 kW, e fica posicionada acima do eixo traseiro, ou seja protegida não apenas pelo eixo, mas por longarinas. A autonomia elétrica declarada é de 75 km.
Diferente de outros híbridos que têm tração 4×4 elétrica, proporcionada pelo motor elétrico traseiro, o Tank 300 tem tração 4×4 mecânica – até porque, vale lembrar, o motor elétrico do GWM está na dianteira. Nele, que tem chassi com longarinas, a tração utiliza eixo cardã e tem três bloqueios de diferenciais, dianteiro, central e traseiro (como em um Mercedes Classe G). Ela pode ser 4×2, 4×4 ou 4×4 com reduzida.

Além das capacidades mecânicas, o modelo também conta com a ajuda da tecnologia, como o “Chassis Transparente”, que reúne imagens captadas das câmeras para projetar o que está abaixo do veículo, piloto automático off-road, assistente de manobra em curva fechada (que reduz em até 20% o giro para locais apertados), além de bússola, inclinômetro, indicação de pressão atmosférica e altitude.
Há, por fim, nove modos de condução distribuídos entre os modos de tração. Com tração 4×2 é possível utilizar o Normal e o Expert; com 4×4, o Normal, Neve e Expert; com 4×4 reduzida, o Normal, Montanha, Rocha Lama e Areia, e Estrada Acidentada.

O contato dinâmico com o Tank 300 foi breve e em circuitos fechados, mas suficientes para atestar alguns de seus pontos fortes. Ele tem boas acelerações e retomadas, embora não empolguem, e uma suspensão mais rígida ao gosto local – mérito da operação brasileira da GWM, que realiza ajustes exclusivos nos modelos vendidos por aqui. Em situações fora-de-estrada, como lama, descidas íngremes e acidentadas, e imersão em água, o Tank passa segurança e não demonstra qualquer esforço ou dificuldade.
Ficha Técnica – GWM Tank 300
Motor: gasolina, 4 cilindros, 2.0, turbo, potência e torque individuais não divulgados; elétrico dianteiro, potência e torque individuais não divulgados; potência combinada, 394 cv; torque combinado, 76,5 kgfm
Bateria: íons de lítio, 37,1 kWh; recarga máxima a 6,6 kW (AC) e 50 kW (DC); autonomia elétrica, 75 km (Inmetro)
Câmbio: 9 marchas, tração 4×4, bloqueios de diferenciais dianteiro, central e traseiro
Direção: elétrica
Suspensão: McPherson (diant.), eixo rígido five-link (tras.)
Freios: a disco nas quatro rodas
Pneus: 265/60 R18
Dimensões: compr., 476 cm; larg., 193 cm; alt., 190 cm; entre-eixos, 275 cm; peso, 2.630 kg; porta-malas, 863 l; tanque, 70 l; ângulo de ataque, 32°; ângulo de saída, 33°
Desempenho (dados de fábrica): 0 a 100 km/h, 6,8 segundos
Consumo (dados de fábrica): 18,4 km/l na cidade; 18,7 km/l na estrada