Ford Edge Titanium: o sniper americano
Mirando nos alemães e asiáticos, o novo Edge traz a pegada SUV da Ford numa geração maior e mais luxuosa
A vida da Ford no segmento de SUVs era bem mais fácil duas décadas atrás. Sem tantas opções à disposição no mercado, os americanos viraram referência em utilitários esportivos graças a modelos como a Explorer.
O tempo passou, a concorrência aumentou e agora a empresa precisa reconquistar seu território em um ambiente dominado por marcas europeias e asiáticas. Para essa missão árdua, a montadora recrutou um soldado: o novo Edge.
Lançado no Brasil em 2005, o modelo nunca escondeu o parentesco com o Fusion. Recentemente, eles se afastaram quando o sedã trocou o V6 pelo EcoBoost 2.0 de 230cv.
Se você esperava vê-lo no Edge, saiba que a Ford resolveu manter o 3.5 V6 – forte, mas beberrão – como única opção no país.
Levado à pista de testes, o SUV mostrou agilidade para um veículo de 2 toneladas (mesmo com uma transmissão que não acompanha a disposição do motor nas acelerações), precisando de 9 segundos para ir de 0 a 100 km/h.
Seu desempenho é praticamente idêntico ao do Jeep Grand Cherokee e do Hyundai Santa Fe, ambos com porte, conteúdo e motorização semelhantes.
Seguro nas curvas, o Edge é prazeroso de guiar e roda suavemente, principalmente em estradas sem muitas imperfeições – cenário difícil na maior parte do Brasil.
Nas vias esburacadas, a suspensão mole com calibragem priorizando o conforto maltrata os ocupantes. Dependendo do tamanho do obstáculo, não é raro os amortecedores chegarem ao fim do curso, acompanhados de uma pancada seca e audível a todos.
Diferentemente da antiga geração, o Edge não parece tão grande quanto realmente é. O modelo está 10 cm mais longo e 4 cm mais alto, sendo que a distância entre-eixos aumentou 3 cm. Essa falsa impressão é reforçada pelo design, que põe a esportividade acima da imponência.
A grade hexagonal frontal é a mesma que a Ford implementou no facelift do EcoSport. Alguns detalhes estéticos chamam muita atenção à noite, como os faróis de neblina com formato original e o filete de leds que preenche a traseira.
O interior lembra um pouco os modelos da Volvo, especialmente nas soluções criativas, como o console central mais fino. Como é de lei nos carrões americanos, há inúmeros porta-objetos (e porta-copos, claro) de vários tipos e tamanhos pela cabine.
Felizmente, a Ford substituiu os antigos comandos táteis de climatização e outras funções (que eram bonitos de ver e péssimos de usar) por botões convencionais.
Segurança topo de linha
Bem equipado, o Edge conta com oito airbags (incluindo dois frontais para joelhos), abertura elétrica do porta-malas por movimento do pé, alerta de colisão, assistência variável da direção (que a deixa macia em balizas, porém mole demais no meio de uma curva, em algumas ocasiões), cintos de segurança traseiros infláveis, bancos dianteiros com climatização e aquecimento, câmera frontal com visão de 180 graus, piloto automático adaptativo, vidros laterais frontais laminados, DVD e teto elétrico panorâmico.
Recentemente, o modelo ganhou a terceira geração da central multimídia Sync, compatível com os sistemas Apple CarPlay e Android Auto e com melhor usabilidade que a central do veículo importado para cá – aplicada em modelos como Fusion e Ranger.
Qualidades não faltam para o Edge se dar bem, mas o preço pode complicar suas pretensões por aqui. Importado do Canadá só na versão Titanium por R$ 249.800.
Ele custa tanto quanto um Jeep Grand Cherokee Limited, que tem “apenas” sete airbags, mas entrega a mais faróis bixenônio, tração 4×4 com seletor de modos off-road (funcionalidade indisponível no Edge) e DVD para os passageiros de trás.
Se o status não estiver em sua lista de prioridades e dinheiro não for problema, vale pensar no Edge. Tenho certeza de que sua família não vai achar ruim.
Veredicto
Bom de dirigir, bem equipado e caro, o Edge não traz a grife de alguns dos rivais, mas compensa com espaço e conforto de sobra para famílias abonadas.
Teste de pista (com gasolina)
Aceleração de 0 a 100 km/h | 9,0 s |
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Aceleração de 0 a 1.000 m | 29,9 s – 181 km/h |
Retomada de 40 a 80 km/h (em D) | 4,3 s |
Retomada de 60 a 100 km/h (em D) | 4,8 s |
Retomada de 80 a 120 km/h (em D) | 6,6 s |
Frenagem de 60 / 80 / 120 km/h a 0 | 16,8 / 28,6 / 66 m |
Consumo urbano | 6,8 km/l |
Consumo rodoviário | 10 km/l |
Ficha Técnica
Motor | gas., diant., longitud., V6, 3.496 cm³, 24V, 284 cv a 6.500 rpm, 34,6 a 4.000 rpm |
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Câmbio | automático, 6 marchas, tração integral |
Suspensão | McPherson (diant.) / multilink (tras.) |
Freios | a disco nas quatro rodas |
Direção | elétrica |
Rodas e pneus | liga leve, 245/50 R20 |
Dimensões | comprimento, 478,2 cm; altura, 174,4 cm; largura, 193,4 cm; entre-eixos, 285 cm; peso, 2.040 kg; tanque, 70 l; porta-malas, 1.000 l (segundo a Ford) |
Equipamentos de série | ar digital bizona, alerta de pontos cegos, bancos diant. elétricos, piloto automático adaptativo |
Preço | R$ 249.800 |