Fiat Toro, Ford Maverick ou Ram Rampage: qual a melhor picape intermediária?

A Ford Maverick completou três anos no Brasil e está longe de figurar no topo das vendas. No acumulado de janeiro a agosto de 2025, ela somou 2.066 emplacamentos, ficando na quinta posição entre as picapes intermediárias mais vendidas – atrás da líder Fiat Toro, que é seguida por Ram Rampage e Chevrolet Montana, e também atrás da Renault Oroch, que será substituída pela Niagara em 2027. Mas o lançamento da linha 2026 da Maverick pode lhe trazer uma nova sorte.

Agora, a menor picape da Ford tem novos equipamentos de tecnologia e de segurança e está até mais acessível. A nova versão de entrada Black custa R$ 219.900 (R$ 20.000 a menos que a antiga Lariat FX4). É um preço agressivo que a leva para perto da Fiat Toro, enquanto os novos equipamentos esquentam a rivalidade com a Rampage.

Para este comparativo, convocamos as versões topo de linha de ambas as picapes. A Ram enxugou sua gama de versões e, para 2026, só a Rampage R/T, de R$ 269.690, usa o motor 2.0 Hurricane a gasolina (272 cv/40,8 kgfm). As outras versões usam o mesmo motor da Fiat Toro Ranch (R$ 228.490), o 2.2 turbo diesel de 200 cv e 45,9 kgfm, que ainda é novidade – estreou na virada deste ano. Essas versões foram escolhidas por terem um nível de equipamentos e conjunto mecânico mais compatíveis com a Maverick Black. A picape da Ford segue equipada com o motor 2.0 turbo Ecoboost, a gasolina (253 cv/38,7 kgfm). A Toro é a única diesel, pois a tração integral está vinculada a ele. Além do mais, as Toro com motor 1.3 turbo flex (176 cv/27,5 kgfm) são significativamente menos potentes e custam muito menos.

A força do conteúdo 

Se ter a dinâmica próxima à de um SUV nunca foi entrave para a Maverick, ela tinha de lidar com a falta de um pacote de equipamentos mais completo. Perto do conteúdo das rivais e, principalmente, da Rampage, parecia ainda mais cara. Mas a Ford reagiu e a Maverick 2026 venceu as limitações. Antes, ela só tinha frenagem automática de emergência e uma câmera de ré, e nem havia sensor de estacionamento traseiro – mesmo sendo uma picape com 5,07 metros de comprimento, a maior das três. Agora, a lista de recursos ADAS (tecnologias de condução semiautônoma) contempla quatro câmeras com visão 360^o, sensor de pontos cegos, alerta de tráfego cruzado, assistente de permanência em faixa e piloto automático adaptativo.

O antigo quadro de instrumentos, com uma pequena tela de TFT e mostradores analógicos, foi substituído por um novo display de 8” configurável. A antiga multimídia de 7” dá lugar ao bem mais moderno sistema Sync 4, com tela de 13,2”, que tem operação fácil e intuitiva. Além do mais, passa a ter conexão com Android Auto e Apple CarPlay sem fio, fazendo valer a adição do carregador por indução. Outra novidade bem-vinda é o sistema de som premium Bang & Olufsen com oito alto-falantes.

Mesmo que seja uma versão de entrada, a Ford Maverick Black até consegue superar o conteúdo da Rampage R/T, que tem as mesmas assistências eletrônicas e semiautônomas, mas não as câmeras de visão 360^o e o assistente de manobra evasiva (que fornece torque adicional ao volante para ajudar a desviar de um obstáculo, quando a frenagem autônoma não é suficiente).

A Ford também tem o assistente de frenagem autônoma em marcha a ré. A Rampage traz como item de segurança ativo exclusivo o sistema eletrônico de mitigação de rolagem da carroceria, que atua em tempo real para reduzir a rolagem em curvas e manobras.

A Rampage pode ser considerada uma versão mais sofisticada da Toro. Tem central multimídia com 12,3”, com conexões sem fio, e quadro de instrumentos digital de 10,3”, além do sistema de som premium Harman Kardon, com dez alto-falantes e subwoofer, que é item de série na R/T.

Entre os equipamentos únicos da Ram, destacam-se o ajuste elétrico no banco do passageiro e também as rodas aro 19” revestidas com pneus Pirelli com Seal Inside – a tecnologia aplica um selante interno em caso de perfurações de até 5 mm, evitando a perda de pressão e a troca do pneu.

A linha 2026 da Toro pode ser reconhecida pelas barras verticais na grade e por um volume arredondado na base da caçamba, mas também há novidades nos equipamentos. Agora, seu freio de estacionamento é eletrônico e os freios a tambor traseiros foram trocados por freios a disco, como nas outras duas. Mas a Toro sai perdendo pela ausência de itens como piloto automático adaptativo e monitor de pontos cegos. Entre as tecnologias de auxílio à condução, a Toro Ranch tem apenas frenagem automática de emergência, faróis altos automáticos e assistente de permanência em faixa. A central multimídia é de 10,1” e o quadro de instrumentos de 7”, que até passou a ter novos grafismos.

Desempenho vs. carga

A Rampage R/T não só tem o motor mais potente como se diferencia de suas outras versões (e também das rivais) por ter proposta voltada à esportividade. É o que explica as rodas aro 19” e a suspensão ligeiramente mais baixa e firme – mas que, para 2026, foi levemente ajustada em prol do conforto. Os pneus de perfil mais fino e próprio para asfalto ainda lhe garantem uma velocidade máxima de 220 km/h (10 km/h acima das demais). Em nosso teste, porém, foi a mais rápida por pouco: cravou 7,1 segundos no 0 a 100 km/h, contra 7,2 s da Maverick Black e 10,3 s da Toro Ranch.

Quem mais chamou a atenção pelo desempenho, porém, foi a picape da Ford, que chegou perto da Rampage até nas medições de retomadas, mesmo com 19 cv e 2,1 kgfm a menos em seu 2.0 Ecoboost. Esse motor, inclusive, foi retrabalhado para a linha 2026, com o objetivo de melhorar o desempenho e obter respostas mais rápidas do acelerador, especialmente em baixa rotação. Isso também explica a melhora na performance, pois a Maverick FX4 cumpria o 0 a 100 km/h em 8 segundos.

Desempenho é bom, mas é o consumo que faz diferença na vida do comprador o tempo todo. Nisso, foi a Maverick que se saiu melhor: tanto ela quanto a Rampage cravaram o mesmo consumo urbano, de 8,5 km/l, mas, na estrada, a picape da Ford registrou 12,1 km/l e a Ram, 11,8 km/l. As duas, aliás, só podem usar gasolina. Porém, se o foco for economia de combustível, quem se defende melhor é a Toro Ranch, que teve médias de 12,1 km/l e 16,1 km/l (cidade/estrada). O diesel também é um combustível mais barato, ainda que seja necessário estar cada vez mais atento à sua qualidade.

A proposta esportiva da Rampage se sobressai bastante em estradas sinuosas, mas seu acerto de suspensão mais firme gera solavancos em asfaltos irregulares, ainda mais intensos ao andar devagar. O modo de condução R/T traz o grande diferencial da versão, que é o motor 2.0 mais presente na cabine (graças ao escape esportivo e ao funcionamento do motor em giros mais altos) e a direção mais pesada.

Feita no México, de olho no mercado norte-americano, a Ford Maverick não se propõe a ser esportiva, apela mesmo é para o conforto. Nela, os ocupantes não sentem vibrações e nem solavancos. A carroceria se mantém estável como em um carro de passeio e sua altura livre em relação ao solo é menor que as demais (21,8 cm), o que favorece a estabilidade. Mas é preciso estar atento a rampas e valetas, para não raspar a frente.

A Toro foca na versatilidade e oferece um rodar confortável, mas a calibração da suspensão traseira multilink é mais firme, até para aguentar a capacidade de carga de 1.000 kg. É a maior capacidade do trio e a mesma de muita picape média, mas, exatamente por ser mais pesada e ser equipada com motor a diesel, ela não é tão ágil.

Em termos de espaço interno, é a Maverick que trata melhor os passageiros de trás, afinal, tem o maior entre-eixos (3,07 m). O espaço traseiro é 8 cm mais largo que o da Rampage e da Toro; e o vão para pernas é 5 cm maior que o da Toro. Ainda tem um compartimento secreto sob o banco de trás.

As cabines da Toro e da Rampage são praticamente idênticas em termos de dimensões, pois compartilham a mesma plataforma. O acabamento da Rampage, porém, é muito superior.

Levando-se em consideração o custo/benefício, quem ganha este comparativo é a Ford Maverick. Custa R$ 8.500 a menos que a Toro Ranch e ainda é R$ 49.700 mais barata que uma Rampage R/T. A Maverick também não fica devendo equipamentos desejados nessa faixa de preço, além de ter o maior espaço interno, um bom comportamento dinâmico e praticamente o mesmo desempenho da Rampage.

Na segunda colocação está a Ram-page, apesar do preço elevado. Ela tem a seu favor o desempenho superior, um bom pacote de tecnologias e uma cabine que, além de ser mais vistosa, tem acabamento superior ao das rivais. Ainda vale considerar que seus custos de manutenção são os mais baixos até os 60.000 km e ela tem o custo de seguro mais baixo entre as três.

A terceira posição fica com a Toro Ranch, que tem vantagens como maior capacidade de carga e motor 2.2 turbo diesel (mais econômico e com o maior torque), mas também desvantagens como a ausência de tecnologias como piloto automático adaptativo e alertas de ponto cego. Seu desempenho é inferior nas acelerações e retomadas, mas isso pode importar menos para quem faz questão de uma picape a diesel.

Essa atualização da Ford Maverick pode ser reconhecida por seus novos faróis com prolongamento da assinatura de led e pela grade em forma de colmeia, mas sua evolução mais relevante está mesmo na entrega de equipamentos a um preço competitivo. É isso que poderá ajudá-la a ser mais do que uma mera coadjuvante no andar de cima do segmento das picapes intermediárias.

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Veredicto

A Maverick Black ganha o comparativo graças às mudanças que recebeu na linha 2026. Novos equipamentos combinados ao preço reduzido em R$ 20.000 garantem o bom custo/benefício, mesmo sendo a única importada de seu segmento.

 Ficha Técnica

Teste comparativo de desempenho e consumo – Maverick x Rampage x Toro

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