Assine QUATRO RODAS por R$2,00/semana
Continua após publicidade

Comparativo: sedãs médios líderes mudam juntos, mas qual mudou melhor?

Há vida além dos hatches e SUVs. Numa tacada só, Toyota Corolla, Honda Civic e Chevrolet se renovaram. E nós apontamos qual vale mais a compra

Por Péricles Malheiros
Atualizado em 26 set 2019, 10h43 - Publicado em 26 set 2019, 07h00
Heróis da resistência: Corolla, Civic e Cruze, chegou a hora de saber qual é o melhor (Fernando Pires/Quatro Rodas)

Dificilmente ocorrerá de novo uma renovação tão sincronizada dos líderes de um segmento. Mas é claro que esse efeito manada não aconteceu por acaso.

Honda e Chevrolet monitoraram a Toyota justamente para tentar ofuscar a chegada da nova geração do dono absoluto do pedaço: o Corolla.

Cientes do poder de fogo do líder supremo, as marcas promoveram até uma cirurgia plástica – bem sutil, é verdade – em Civic e Cruze. Também capricharam na maquiagem e nos acessórios. Tudo para tentar sair da sombra do gigante.

Mas será que vai dar certo?

No primeiro semestre, o ranking de emplacamentos dos CCC (Corolla, Civic e Cruze) ficou, respectivamente, assim: 26.084, 13.584 e 8.979.

Para definir as versões do comparativo, além do preço, consideramos a voz do povo. A XEi respondeu por 71,4% do Corolla, a EXL por 39,5% do Civic e a LTZ por 55% do Cruze.

Continua após a publicidade

No caso específico do Cruze, chamamos a versão Premier, que na linha 2020 ocupou o lugar da LTZ.

Quanto aos preços, os convocados se equivalem: R$ 110.990 o Corolla, R$ 112.600 o Civic e R$ 122.790 o Cruze.

Atuais e racionais, seriam os CCC a linha de frente para encarar a invasão SUV? Não importa, a briga agora é para ver se o Corolla segue na liderança da tropa.

3º Cruze Premier 1.4T

Com as mudanças de catálogo, a GM desistiu de brigar na faixa dos R$ 110.000 (Fernando Pires/Quatro Rodas)

Por fora, a linha 2020 exibe para-choque dianteiro redesenhado na área da grade e dos faróis de neblina, além de lanternas com novo layout interno de iluminação.

Na cabine, a grande novidade: Wi-Fi 4G. Uma ideia excelente, mas que pode desagradar a muitos: o pacote mensal é caro pelo que oferece (R$ 30 por pífios 2 GB) e não permite o compartilhamento de planos familiares e corporativos nem troca de operadora, pois o chip da Claro é soldado ao aparelho.

Continua após a publicidade

Se antes a referência em conforto era o Corolla, agora é o Cruze. E quem mudou foi o Toyota, como você vai ver mais adiante.

A opção da Chevrolet por atuar com apenas duas versões muito distantes uma da outra em preço e conteúdo na linha 2020 tirou do Cruze a condição de fazer frente aos sedãs intermediários japoneses (Arte/Quatro Rodas)

A suspensão é a mais macia, o que agrada muito no dia a dia, mas, na estrada, sob condução mais esportiva, o Cruze não tem a mesma competência no contorno de curva.

Pudera: é o único dos três com suspensão traseira com eixo de torção, bem menos versátil e eficiente do que o sistema multibraços dos rivais.

O motor 1.4 turbo e o câmbio automático de seis marchas mostraram força: o Cruze saiu da pista com os melhores números em aceleração, retomada e consumo urbano (veja números de teste no final da reportagem).

O porta-malas é o menor dos três: 440 litros (Fernando Pires/Quatro Rodas)

Em termos de equipamentos, o Cruze é o maioral. O problema é que o preço também é (bem) mais alto: R$ 122.790.

Continua após a publicidade

Até a linha 2019, a família Cruze tinha, na prática, três versões: a LT, de entrada, ainda à venda, e as LTZ1 e LTZ 2. Agora, a Premier substitui a LTZ 2, supercompleta, matando a LTZ 1 e criando um vácuo de cerca de R$ 25.000 entre as versões.

O pacote de equipamentos é excelente, mas o preço conversa com outra clientela. O motor é 1.4 turbo com injeção direta, 153/150 cv e comandos no cabeçote (Arte/Quatro Rodas)

É exatamente nessa zona intermediária, na faixa dos R$ 110.000, que brigam Corolla XEi e Civic EXL. O Cruze LT, indisponível para teste e muito mais simples, regula em preço com as versões de entrada dos japoneses.

  • Motor: Flex, dianteiro, transversal, 4 cilindros, 1.591 cm3, 16V, turbo, 153/150 cv (5.200/5.600 rpm) e 24,5/24,0 mkgf (2.000/2.100 rpm)
  • Câmbio: automático, 6 marchas, tração dianteira 
  • Direção: elétrica, 10,2 m de diâmetro de giro
  • Suspensão: McPherson (dianteira); eixo de torção (traseira)
  • Freios: disco ventilado (dianteira), disco sólido (traseira)
  • Pneus: 215/50 R17
  • Peso: 1.321 kg
  • Dimensões: Comprimento: 466,5 cm; largura: 180,7 cm; altura: 148,4 cm; entre-eixos: 270,0 cm; porta-malas: 440 litros; tanque de combustível: 52 litros

2º Civic EXL 2.0

Na pista de teste, o duro Civic perde para o Corolla em quase todas as avaliações (Fernando Pires/Quatro Rodas)

As mudanças estéticas da linha 2020 são quase invisíveis: nada muito além de frisos cromados na dianteira e na traseira. Seu caráter esportivo começa pela carroceria sedã-cupê.

Do chão ao teto, é o mais baixo, assim como seu ponto H (distância entre o assento do piloto e o asfalto). O console elevado isola o espaço do condutor e acentua a pegada jovial.

O Civic é o que mais economiza em material macio no revestimento do painel e nas laterais, mas é o único com botão central da trava nas duas portas dianteiras e saídas de ar para a traseira. (Arte/Quatro Rodas)

Porém, está na calibragem da suspensão o tempero mais quente do Honda. Ela é, de longe, a mais dura. Aliás, basta fazer uma pesquisa na internet: até quem tem Civic acha a suspensão um tanto desconfortável.

Continua após a publicidade

O “clima” esportivo na cabine é dado pelo tecido preto nas colunas e no teto. Por falar em clima, um ponto exclusivo do Civic que faz toda a diferença para quem viaja atrás: difusores dedicados do sistema de ar-condicionado.

O porta-malas abriga os gatilhos de rebatimento do encosto traseiro e tem boca grande, revestimento nas alças laterais e volume interno de 519 litros (Fernando Pires/Quatro Rodas)

O tal console central alto é o maior dos três sedãs. Tem espaço para colocar de tudo: latas, garrafas, celular.

Duro mesmo é acessar essas coisas, principalmente as que ficam na parte inferior dianteira – justamente onde ficam a tomada 12 V e a porta USB. Ainda no console, outro destaque do Civic: ele é o único com freio de estacionamento elétrico.

No duelo direto contra o Corolla, não deu para o Civic. O sedã da Toyota tirou proveito do conjunto mecânico superior e foi melhor em aceleração, retomadas de velocidade, frenagem e consumo rodoviário (veja no final de reportagem).

Civic: 2.0 aspirado com 155/150 cv e comando simples no cabeçote (Arte/Quatro Rodas)

Ao volante, o Civic se mostra tão competente quanto o Corolla nas curvas rápidas, mas passa longe do nível de suavidade da suspensão do rival no uso diário. O preço, ligeiramente mais alto, é outra desvantagem do Civic.

Continua após a publicidade

Com o caro Cruze em terceiro lugar e o duro Civic em segundo, é hora de conhecer melhor o líder.

  • Motor: Flex, dianteiro, transversal, 4 cilindros, 1.997 cm3, 16V, 155/150 cv (6.300 rpm) e 19,5/19,3 mkgf (4.800/4.700 rpm)
  • Câmbio: automático, CVT, 7 marchas, tração dianteira 
  • Direção: elétrica, 11,2 m de diâmetro de giro
  • Suspensão: McPherson (dianteira); multilink (traseira)
  • Freios: disco ventilado (dianteira), disco sólido (traseira)
  • Pneus: 215/50 R17
  • Peso: 1.291 kg
  • Dimensões: Comprimento: 464,1 cm; largura: 179,9 cm; altura: 143,3 cm; entre-eixos: 270,0 cm; porta-malas: 519 litros; tanque de combustível: 56 litros

1º Corolla XEi 2.0

A nova geração tem plataforma, conteúdo, motor e câmbio novos. E preço também: o XEi antigo se despediu custando R$ 105.990 e agora, na linha 2020, custa R$ 110.990.

Uma valeta, um buraco, uma saída de semáforo e uma curva de raio longo são mais do que suficientes para sentir a evolução do Corolla.

O acabamento evoluiu, mas há algumas involuções: a nova geração perdeu os apoios de cabeça retráteis e os botões de vidros iluminados nas quatro portas (Arte/Quatro Rodas)

Assim como a suspensão, agora com duplo A na traseira, em vez do velho eixo de torção, a carroceria está menos solta (a rigidez torcional aumentou em 60%, segundo a marca).

Isso confere maior estabilidade direcional, à medida que as interferências dinâmicas são mais rapidamente neutralizadas, permitindo que os sistemas recuperem a condição ideal de trabalho.

Na prática, dá ao motorista a sensação que muitos definem como a de um carro obediente.

A central multimídia é nova. Perdeu a função de TV, mas está mais intuitiva e fácil de usar e ainda tem Apple CarPlay e Android Auto. O motor é 2.0 aspirado com 177/169 cv e injeção direta e indireta de combustível (Arte/Quatro Rodas)

O motor 2.0 nada tem a ver com o anterior. Tem duplo sistema de injeção (direto e indireto), variador elétrico da fase das vávulas de admissão e hidráulico nas de escape e virabrequim e bielas de aço forjado.

São 177/169 cv, ante 155/150 cv do Civic. São números impressionantes como o do câmbio automático CVT, que além de uma primeira marcha convencional, com engrenagens, tem nada menos que dez marchas virtuais.

O porta-malas permaneceu com 470 litros (Fernando Pires/Quatro Rodas)

O acabamento, que já era bom, está ainda melhor, mas há alguns pontos a serem corrigidos. Toda a parte superior do painel é de material emborrachado, assim como o apoio de braço das portas.

Mas nelas faltam botões retroiluminados, como eram na antiga geração.

Por fim, o pós-venda ajudou o Corolla a se sagrar vencedor: o período de cobertura da garantia total aumentou de três para cinco anos.

  • Motor: Flex, dianteiro, transversal, 4 cilindros, injeção direta e indireta, 1.986 cm3, 16V, 177/169 cv (6.600 rpm) e 21,4/21,4 mkgf (4.400 rpm)
  • Câmbio: automático, CVT, 10 marchas, tração dianteira 
  • Direção: elétrica, 10,8m de diâmetro de giro
  • Suspensão: McPherson (dianteira); duploA (traseira)
  • Freios: disco ventilado (dianteira), disco sólido (traseira)
  • Pneus: 225/45 R17
  • Peso: 1.405 kg
  • Dimensões: Comprimento: 463,0 cm; largura: 178,0 cm; altura: 145,5 cm; entre-eixos: 270,0 cm; porta-malas: 470 litros; tanque de combustível: 50 litros

Veredicto

Até que a GM volte a colocar uma versão na faixa dos R$ 110.000, o Cruze está fora da briga. Um pequeno ajuste na tabela também faria bem ao Civic.

Enquanto nada disso acontece, o Corolla continua na rota da liderança – e segue melhor de dirigir do que nunca.

Ficha de testes Toyota Corolla XEi 2.0 Honda Civic EXL 2.0 Chevrolet Cruze Premier 1.4T
Aceleração
0 a 100 km/h 9,7 segundos 10,8 segundos 8,6 segundos
0 a 1.000 m 30,8 segundos – 173,9 km/h 31,8 segundos – 171,3 km/h 29,6 segundos – 178,4 km/h
Velocidade máxima n/d 195 km/h 214 km/h
Retomadas
D 40 a 80 km/h 4,5 segundos 4,9 segundos 3,7 segundos
D 60 a 100 km/h 5,3 segundos 5,9 segundos 4,6 segundos
D 80 a 120 km/h 6,4 segundos 7,2 segundos 5,9 segundos
Frenagens
60/80/120 km/h a 0 13,2/23,7/54,2 metros 13,9/25,1/57,1 metros 14,2/25,1/55,8 metros
Consumo
Urbano 11,9 km/l 12,4 km/l 11,7 km/l
Rodoviário 15,5 km/l 15,9 km/l 16,5 km/l
Ruído interno
Neutro/RPM máx. 38,0/65,6 dBA 38,4/63,7 dBA 39,4/64,0 dBA
80/120 km/h 63,6/69,1 dBA 62,0/68,5 dBA 62,2/69,5 dBA
Aferição
Velocidade real a 100 km/h 94 km/h 97 km/h 94 km/h
Rotação do motor a 100 km/h em Drive 1.600 rpm 1.700 rpm 1.800 rpm
Volante 2,5 voltas 2,2 voltas 3 voltas
Seu bolso
Preço R$ 110.000 (estimado) R$ 112.600 R$ 124.000 (estimado)
Garantia 5 anos 3 anos 3 anos
Concessionárias 219 219 600
Revisões até 60.000 km* R$ 3.353 R$ 5.127 R$ 3.188
Seguro** R4 2.861 R$ 3.074 R$ 2.713

*Dado de fábrica

**Informações baseadas nas versões de ano-modelo 2019. Cotações de seguro fornecidas pela TEx Teleport, no perfil QUATRO RODAS

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Quatro Rodas impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 12,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.