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Comparativo: Fiat Cronos Precision 1.8 x VW Virtus Highline 1.0

A Fiat tentou evitar o encontro do seu Cronos com o VW Virtus, mas nós confrontamos a versão topo de linha de ambos

Por Péricles Malheiros Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 26 mar 2018, 19h33 - Publicado em 7 fev 2018, 10h01
Comparativo Fiat Cronos x Volkswagen Virtus
Cronos Precision x Virtus Highline: os topo de linha se enfrentam (Christian Castanho/Quatro Rodas)

Durante a apresentação do Cronos à imprensa, os executivos da Fiat deixaram claro: “Não vamos concorrer com o Virtus”. O aviso deixou transparecer o medo de um embate direto.

Não caímos no discurso italiano, driblamos o fato de os carros terem sido cedidos em locais diferentes – o Cronos na Argentina e o Virtus no interior de São Paulo – e montamos fotograficamente o inevitável comparativo dos estreantes.

O Argo, lançado em maio de 2017, foi uma grata surpresa. Faz pouco tempo, mas já dá para afirmar: o desenho e o acabamento são seus pontos fortes. O hatch também se destaca pela boa oferta de espaço na cabine, um pouco acima do que se encontra no segmento.

Com a chegada do Cronos, em março, começa o segundo capítulo dessa história.

Comparativo Fiat Cronos x Volkswagen Virtus
Capô, grade e para-choque são diferentes dos do Argo (Christian Castanho/Quatro Rodas)

Não é só o nome e o porta-malas destacado da carroceria que diferenciam o Cronos do Argo. Com um par de vincos extra, o capô é exclusivo, terminando um pouco mais avançado em relação à grade. Esta também é exclusiva, com a parte negra em formato de ondas senoidais.

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Um pouco mais abaixo, na linha inferior do para-choque, outra diferenciação: a grade é mais afilada e longa, pois não divide espaço com os faróis de neblina, estes reposicionados mais para as laterais, logo abaixo dos faróis principais.

Fiat Cronos Precision
A grade frontal em forma de ondas é outra exclusividade do Cronos (Christian Castanho/Quatro Rodas)

Como não poderia deixar de ser, a traseira é o destaque. Dentre os atuais sedãs compactos do mercado, o Cronos é dono de uma das mais equilibradas proporções de volumes. E o visual caprichado reforça essa impressão. As lanternas de led e bipartidas conferem um aspecto requintado. Visto pela traseira, o Cronos lembra muito o Audi A3.

Comparativo Fiat Cronos x Volkswagen Virtus
Mesmo menor, Cronos tem aspecto de carrão (Christian Castanho/Quatro Rodas)

Nosso primeiro contato foi com a versão top de linha, Precision 1.8 automática, aqui apresentada.

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Bem equipada, traz, de série, controles de estabilidade e tração e indicador de pressão dos pneus, e custa R$ 69.990. Mas os pacotes com rodas aro 17, ar digital, couro, chave presencial, retrovisor interno eletrocrômico, airbags laterais e câmera de ré são opcionais que podem levar o preço final do Cronos a cerca de R$ 80.000.

Versão Preço
Cronos 1.3 manual R$ 53.990
Cronos Drive 1.3 manual R$ 55.990
Cronos Drive 1.3 automatizado R$ 60.990
Cronos Precision 1.8 manual R$ 62.990
Cronos Precision 1.8 automático R$ 69.990

A cabine do Cronos é parecida com a do Argo. Se no hatch isso significa uma oferta de espaço um pouco acima da média, entre os sedãs a história muda. Ao manter os mesmos 2,52 metros de entre-eixos do Argo, o Cronos fica próximo de rivais como o Hyundai HB20S (2,50 metros) e Chevrolet Prisma (2,53).

Comparativo Fiat Cronos x Volkswagen Virtus
Faixa central do painel na cor vinho. No Argo, o aplique é o mesmo, mas em tom prateado (Christian Castanho/Quatro Rodas)

O comprimento, no entanto, explica o maior porte do Cronos: são 4,36 metros ante 4,23 do HB20S e 4,28 do Prisma. Estes números também explicam o enorme porta-malas do Cronos: 525 litros, maior até do que o do seu concorrente mais recente, o Volkswagen Virtus, com 521 litros.

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Internamente, apenas sutis mudanças diferenciam o Cronos do Argo. A superfície da faixa decorativa central do painel é fosca, na cor vinho – a do hatch é prateada. Para acompanhar o desenho das novas portas traseiras, mais alongadas, o banco também é exclusivo.

Comparativo Fiat Cronos x Volkswagen Virtus
Banco traseiro foi redesenhado para se adequar ao três volumes (Christian Castanho/Quatro Rodas)

A calibração macia da suspensão do Argo caiu bem para o Cronos, muito embora molas e amortecedores tenham sido ajustados para se adequar ao sedã.

Defasado, o motor 1.8 tem bloco de ferro fundido e comando de válvulas simples e sem variação. Até o seu ronco, mais abafado, foge do convencional. O Virtus, com quem vai brigar, tem uma receita mecânica oposta.

Aumente o volume

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As carrocerias hatch e sedã da geração anterior do Polo brasileiro (lançada em 2002) tinham os mesmos 2.460 mm entre os eixos e nenhuma jamais figurou entre os carros mais vendidos de seus respectivos segmentos.

Ainda que a duras penas, a Volkswagen parece ter aprendido a lição. Para começar, adotou uma estratégia diferente da Fiat ao esticar o seu hatch.

Até a coluna B, tudo igual ao Polo. Dalí para trás, tudo diferente (e maior)
Até a coluna B, tudo igual ao Polo. Dalí para trás, tudo diferente (e maior) (Christian Castanho/Quatro Rodas)

Em vez de manter o entre-eixos e adaptar portas traseiras, teto e porta-malas, engenheiros e designers alemães e brasileiros se valeram da modularidade da plataforma MQB e alteraram também o entre-eixos (de 2.565 mm para 2.651 mm).

Com 4.482 mm de comprimento, 1.751 mm de largura e 1.472 mm de altura, o Virtus impressiona pelo porte quando comparado a rivais veteranos, como Hyundai HB20S (4.230 x 1.680 x 1.470 mm) e Prisma (4.282 x 1.705 x 1.478 mm).

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Vinco lateral casou melhor com o Virtus do que com o Polo
Vinco lateral casou melhor com o Virtus do que com o Polo (Christian Castanho/Quatro Rodas)

O test-drive foi feito com a versão topo de linha, Highline, de R$ 79.990, que vem de série com motor 1.0 TSI e câmbio automático de seis marchas. Com o preço oficial, vem à tona o primeiro ponto fraco: ele revela um valor R$ 10.800 mais alto do que o Polo Highline – e ambos têm basicamente o mesmo conteúdo.

Na versão Comfortline, a diferença cai para ainda salgados R$ 8.300 e para aceitáveis R$ 5.000 na configuração de entrada, 1.6.

O nome oficial, 200 TSI, faz menção ao torque do motor 1.0 turbinado: 200 Nm, ou 20,4 mkgf, para usar a unidade de medida mais comum no Brasil
O nome oficial, 200 TSI, faz menção ao torque do motor 1.0 turbinado: 200 Nm, ou 20,4 mkgf, para usar a unidade de medida mais comum no Brasil (Christian Castanho/Quatro Rodas)

Se você se encantou pelo Virtus das fotos, vale o aviso: completo, com pintura metálica, painel digital, rodas aro 17, couro, tela de 8 polegadas e outros itens menores, o preço chega a R$ 87.040 – clique aqui para conferir os preços de todos os pacotes de opcionais.

Versão Preço
Virtus 1.6 manual R$ 59.990
Virtus Comfortline 1.0 automático R$ 73.490
Virtus Highline 1.0 automático R$ 79.990

Com medidas generosas, o Virtus é um carro de presença. E, especialmente na versão Highline completa, o interior também é de encher os olhos. Assim como no Polo, o acabamento tem aspecto simples, mas qualidade de construção elogiável.

O motorista tem a seu dispor volante, banco e retrovisores com grande amplitude e facilidade de ajuste, o que permite o uso compartilhado por pessoas de estaturas bem diferentes.

Comparativo Fiat Cronos x Volkswagen Virtus
No centro do painel do Virtus, tela incorporada e suporte para celular (Christian Castanho/Quatro Rodas)

Mas conforto de verdade tem quem viaja no banco traseiro. Ainda que os dianteiros estejam totalmente recuados, as pernas não são espremidas. O espaço para cabeça e na altura dos ombros e cotovelos também é bom.

Melhor que isso, só se o assoalho fosse plano na região central, como no Honda City – que também briga entre os sedãs compactos e acaba de receber um facelift e equipamentos extras.

Espaço interno traseiro é um dos pontos fortes do Virtus
Com longo entre-eixos, sobra espaço atrás para as pernas (Christian Castanho/Quatro Rodas)

O porta-malas, com 521 litros, está entre os maiores do segmento. Bastante ampla, a boca do compartimento facilita a acomodação de objetos volumosos. Se estiver equipado com a prancha (opcional), que permite a elevação do fundo, melhor ainda.

Comparativo Fiat Cronos x Volkswagen Virtus
No Virtus são 525 litros (4 a mais que no Cronos) (Christian Castanho/Quatro Rodas)

Ao volante, a maciez da suspensão notada no Polo se repete, muito embora a melhor distribuição de massa do sedã tenha atenuado a forte tendência de saídas de frente.

Feitas as apresentações dos mais novos sedãs compactos, fica a pergunta: qual das versões topo de linha é a melhor, Cronos Precision 1.8 ou Virtus Highline 1.0 TSI?

Guerra à vista

Ainda que tomadas em dias diferentes, algumas impressões foram tão claras que dispensaram anotações. O espaço no banco traseiro, por exemplo, é claramente maior no Virtus, sobretudo na área das pernas e cotovelos – o VW tem um entre-eixos 13 cm maior do que o sedã da Fiat.

Comparativo Fiat Cronos x Volkswagen Virtus
Portas traseiras do Cronos são alongadas em relação ao Argo (Christian Castanho/Quatro Rodas)

Da mesma maneira, é nítido o maior porte do Virtus, muito embora o Cronos, visto de traseira, também tenha ares de carrão.

No perfil traseiro, soluções distintas. A Volks optou por uma janela para aliviar o “peso visual” da coluna C. No Cronos, por conta da queda mais abrupta da coluna C, o novo desenho da porta traseira foi suficiente para disfarçar o excesso de lataria naquele ponto.

Perfil lembra o Jetta de nova geração
Perfil do Virtus lembra o Jetta de nova geração (Christian Castanho/Quatro Rodas)

Outra clara diferença está no motor. O do Cronos é um 1.8 quatro cilindros (na verdade, um 1.7, afinal são 1.747 cm³ de deslocamento volumétrico) obsoleto, com comando simples (apesar do cabeçote multiválvulas) e fixo, sem variação.

Comparativo Fiat Cronos x Volkswagen Virtus
Motor 1.8 aspirado do Cronos tem concepção antiga, mas rende bons 139/135 cv (Christian Castanho/Quatro Rodas)

O peso excessivo é outro ponto negativo. É por isso que, mesmo tendo uma cilindrada 75% maior, ele não consegue dar ao Cronos a mesma pegada do Virtus, com seu 1.0 três cilindros turbo, menos potente mas com melhor entrega de torque.

Comparativo Fiat Cronos x Volkswagen Virtus
Motor 1.0 TSI do Virtus é mais potente que o do Up! e Golf (Christian Castanho/Quatro Rodas)

Ao volante, os dois agradam à sua maneira. O Cronos, aspirado, é mais linear no fornecimento de força. O Virtus, turbinado, é mais nervoso. Ambos contam com câmbio automático com seis marchas, com trocas rápidas, mas sem solavancos.

Fiat Cronos
Cabine do Cronos mantém elementos da Jeep (Christian Castanho/Quatro Rodas)

Por se tratar de sedãs familiares, o ajuste da suspensão, claro, priorizou o conforto. No Cronos, as imperfeições do asfalto são sentidas com mais clareza, sobretudo quando se está no banco traseiro.

A posição de dirigir é confortável e a maciez da suspensão notada no Polo se repete
Couro é opcional nos dois modelos (Christian Castanho/Quatro Rodas)

Vale ressaltar que as avaliações foram feitas com as configurações máximas de opcionais, o que significa que a dupla estava calçada com pneus aro 17.

Em nossa pista de testes, sempre com gasolina, a motorização mais moderna do Virtus fez diferença, com números melhores em todas as provas de aceleração e retomada (veja tabela no final da matéria). De 0 a 100 km/h, por exemplo, o Volks cravou 10,1 s, contra 11,2 s do Fiat.

Nas frenagens, os freios a disco (sólidos) do Virtus só levaram a melhor sobre os tambores do Cronos na prova de 120 km/h a 0. Em velocidades menores (60 e 80 km/h), o Cronos surpreendentemente precisou de menos espaço até parar.

O consumo urbano de ambos foi parecido (12,0 km/l no Cronos e 12,7 km/l no Virtus). Já no rodoviário, a superioridade do 1.0 TSI ficou latente: foram 17,6 km/l, contra 14,2 km/l do veterano 1.8 EtorQ.

Painel da versão Precision tem tela central colorida
Painel da versão Precision tem tela central colorida (Christian Castanho/Quatro Rodas)

Na decoração da cabine, uma repetição do que se vê do lado de fora: um clima mais sóbrio no Virtus e mais jovial no Cronos.

O quadro de instrumentos do Fiat, por exemplo, tem grafismo mais dinâmico, enquanto o do VW, apesar de integralmente digital, tem apresentação discreta. No Virtus, a tela do sistema multimídia é incorporada ao painel, o que deixa o ambiente mais limpo.

Volkswagen Virtus
Painel digital do Virtus conta com detector de fadiga (Divulgação/Volkswagen)

No porta-malas, apesar do quase empate técnico em volume (525 litros no Cronos e 521 no Virtus), há algumas diferenças. Nenhum oferece o requinte da dobradiça pantográfica, mas ambos têm suas exclusividades.

O do Fiat tem um par de molas a gás. Com elas, a tampa se abre totalmente após ser destravada remotamente.

Comparativo Fiat Cronos x Volkswagen Virtus
Porta-malas do Cronos tem mola a gás para aliviar o peso (Christian Castanho/Quatro Rodas)

No Virtus, além do assoalho móvel (opcional) que permite dividir o bagageiro em dois níveis (abaixo e acima), há práticos porta-objetos laterais e uma alça de abertura de emergência, em plástico fosforescente, que pode ser útil em um caso de sequestro.

Comparativo Fiat Cronos x Volkswagen Virtus
Virtus conta com um assoalho móvel e sistema de abertura interna de emergência (Christian Castanho/Quatro Rodas)

Nas versões topo de linha em configuração básica, os preços serão de R$ 69.990 para o Cronos e R$ 79.990 para o Virtus. Tendo como referência as unidades avaliadas (com todos os opcionais), os valores seriam de R$ 80.000 e R$ 87.040, respectivamente.

No fim, o cenário é claro: o Virtus Highline, como produto, é superior ao Cronos Precision, com mais espaço e um motor bem mais moderno. Mas perde o comparativo por ser caro demais.

Fosse adotada no topo de linha a mesma diferença de preço em relação ao Polo na versão de entrada (R$ 5.000 e não R$ 10.800), o resultado seria outro. E vale esperar o teste das outras versões e motorizações de ambos os modelos para ver se a VW consegue virar o jogo.

Veredicto

A Volks pesou demais a mão no preço do Virtus. Ele até é superior ao Cronos, mas não a ponto de justificar uma diferença de cerca de R$ 10.000 do valor do carro a mais. Nas versões mais simples (e baratas) o Volks deve ganhar combatividade.

Teste de pista (com gasolina)

Cronos Precision 1.8 Virtus Highline 1.0
Aceleração de 0 a 100 km/h 11,2 s 10,1 s
Aceleração de 0 a 1.000 m 32,6 s – 160 km/h 31,5 s – 163,4 km/h
Retomada de 40 a 80 km/h (em 3ª) 5,0 s 4,8 s
Retomada de 60 a 100 km/h (em 4ª) 6,6 s 6,2 s
Retomada de 80 a 120 km/h (em 5ª) 8,3 s 7,3 s
Frenagem de 60 / 80 / 120 km/h a 0 em m 16,1/26,9/64,7 18,7/28,7/60,6
Consumo urbano e rodoviário 12,0 km/l e 14,2 km/l 12,7 km/l e 17,6 km/l

Ficha técnica

Cronos Precision 1.8
Virtus Highline 1.0
Preço R$ 69.990 R$ 79.990
Motor flex, diant., transv., quatro cilindros, 1.747 cm3, 16V, aspirado, 139/135 cv a 5.750 rpm, 19,3/18,8 mkgf a 3.750 rpm flex, diant., transv., três cilindros, 999 cm3, 12V, turbo, 128/116 cv a 5.500 rpm, 20,4 mkgf a 2.000/3.500 rpm
Câmbio automático, 6 marchas, tração dianteira automático, 6 marchas, tração dianteira
Suspensão McPherson (dianteiro)/ eixo de torção (traseiro) McPherson (dianteiro)/ eixo de torção (traseiro)
Freios discos ventilados (dianteiro)/ tambor (traseiro) discos ventilados (dianteiro)/ sólido (traseiro)
Direção elétrica. diâmetro de giro 10,5 m elétrica. diâmetro de giro 11 m
Rodas e pneus 205/45 R16 205/50 R17
Dimensões comprimento, 436,4 cm; largura, 172,6 cm; altura 151,6 cm; entre-eixos, 252,1 cm; peso, 1.271 kg; tanque, 48 l; porta-malas, 525 l comprimento, 448,2 cm; largura, 175,1 cm; altura 147,2 cm; entre-eixos, 265,1 cm; peso, 1.192 kg; tanque, 52 l; porta-malas, 521 l
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