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Can-Am Spyder RS-S

A mais recente geração do roadster resolve a incógnita da insegurança nas curvas

Por Marcelo Brettas
Atualizado em 9 nov 2016, 11h52 - Publicado em 8 jul 2011, 17h16
Can-Am Spyder RS-S

Há quase três anos testamos pela primeira vez um Can-Am Spyder – o “Y” de Spyder indicando a disposição das duas rodas dianteiras e uma traseira. Na época fui bastante duro na avaliação, afinal, tanto eu como os demais pilotos da equipe que o provaram passamos por reais situações de risco ao pilotá-lo de forma mais agressiva.

Voltando no tempo, relembro que antes daquela primeira prova eu era pura empolgação com o brinquedinho novo, que trazia ótimo pedigree e a assinatura da BRP (Bombardier Recreational Products). Predicados de engenharia e projeto não faltam à marca.

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Por ser um veículo diferenciado, resolvi andar mais com ele do que o que usualmente fazemos em nossos testes. Durante oito dias percorri quase 1500 km de ruas, estradas e pista.

O apelo visual do modelo segue vigoroso cinco anos após seu lançamento. As pessoas sorriem, acenam, as garotas do pedágio (pois é, ele paga como um carro) comentam. Sucesso de público – e de crítica?

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No visual – e não por acaso, pois a BRP os produz – ele lembra um jet-ski, com faróis e lanternas embutidos na carenagem, piscas dianteiros integrados ao retrovisor, 44 litros de capacidade no bagageiro frontal, painel misto com dois mostradores analógicos e uma tela de cristal multifuncional, tudo com um design agressivo e próprio.

O modelo testado, o roadster RS-S, é o esportivo, e tem no “S” extra a justificativa para a adoção de alguns mimos, como a pintura bicolor, bancos com costura e rodas dianteiras com seis raios duplos e pintura preta. Essa versão traz ainda um eficiente câmbio eletrônico semiautomático com cinco marchas, mais ré. A progressão de marchas é feita com o polegar esquerdo, através de um botão, sem a necessidade do uso de embreagem, enquanto a redução acontece automaticamente ou pode ser forçada acionando-se a borboleta de retorno com o indicador esquerdo. As reduções automáticas são extremamente lentas e uma condução mais esportiva exigirá sempre o uso desse botão.

Se por um lado não tem qualquer manete, já que o freio é acionado exclusivamente pelo pedal direito, ele ganha um pedal extra de freio de estacionamento no lado esquerdo, fundamental se considerada a impossibilidade de desligá-lo engrenado.

Daquela versão para esta, o Spyder passou por ajustes e recalibragens que alteraram completamente seu comportamento em curvas. A versão 2011 não tem nenhuma das reações descontroladas daquele nas curvas mais velozes, em que as rodas dianteiras tendiam a sair do solo e o piloto ficava com a sensação de que seria catapultado a qualquer momento.

Algumas das impressões daquele primeiro teste seguirão as mesmas: este não é, decididamente, um veículo urbano destinado ao uso no dia a dia. A largura de 150,6 cm (0,5 cm a mais que um automóvel Chery QQ, por exemplo) o obriga a se conformar em ocupar exatamente o mesmo espaço que os veículos de quatro rodas, só sofrendo com todas as intempéries e com a fumaça na cara. A distância do solo de apenas 11,5 cm também não contribui muito na transposição de lombadas ou no confronto com os buracos que teimam em se multiplicar por nossas ruas.

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JOGO DE CINTURA Antes de avançarmos, vale lembrar que o Spyder é um veículo particular e que sua pilotagem não deve ser feita como a de um carro e tampouco como a de uma moto. Neste triciclo, o condutor não pode brigar contra a eletrônica, portanto, nada de movimentos bruscos. Um bom curso e uma dose exagerada de treinamento são fundamentais antes de se aventurar por viagens mais velozes ou furiosas.

O modelo dispõe de um sistema de controle de estabilidade (SCS) que se encarrega de avaliar qual a direção desejada pelo piloto através da carga que este aplica ao guidão e, eletronicamente, determina qual é a resposta mais adequada para o veículo. Se necessário, o sistema chega a frear alguma das rodas que esteja desgarrando ou reduz a potência do motor até que se recupere o controle. Por esse motivo, aquele estilo de pilotagem dando “trancos” no volante, principalmente de carros esportivos, é completamente desaconselhado. O contorno de curva, principalmente em altas velocidades, deve ser feito com movimentos sutis e sem colocar demasiada carga no guidão.

Já em trechos mais travados, com curvas acentuadas e de baixa velocidade, se o objetivo ainda for uma pilotagem mais agressiva e esportiva, a estratégia deverá ser totalmente diferente. Será necessário sair com ple tamente para fora do triciclo – lembre-se de que ele não inclina como uma motocicleta -, em um estilo que lembra bastante o dos copilotos das competições de sidecar. Depois que se pega a mão – ou melhor, a cintura -, a brincadeira fica bastante divertida.

Ponto de destaque no modelo é seu sistema de freios antibloqueio, em que múltiplos sensores controlam a rotação das três rodas, atuando sobre os dois discos de 250 mm com pinças de quatro pistões da dianteira e sobre o disco simples, também de 250 mm, mas pistão simples, da traseira. Quando qualquer uma das rodas apresenta risco de se bloquear, o ABS reduz ligeiramente a pressão exclusivamente nela, de forma inteiramente independente entre as três rodas. As frenagens são suaves e eficientes: quesito nota 10!

O modelo conta ainda com um sistema de controle de tração (TCS) atuando sobre a portentosa roda traseira (pneu com medida 225/50 R15), tão automotiva e de perfil quadrado quanto as dianteiras. Porém, para alegria dos mais “brincalhões”, o controle não impede que nas arrancadas o Can-Am saia cantando pneu por longos trechos.

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No motor, nenhuma alteração. O Rotax de 998 cc, com seus dois cilindros em V, 106 cv a 8500 rpm e 10,4 mkgf de torque máximo a 6250 rpm, lhe cai feito luva. O torque é muito bom e permite pilotagens agressivas, enquanto a velocidade final beira os 200 km/h (na pista de testes, com comprimento limitado de reta, cravou 179,4 km/h).

Para aqueles que estão com dinheiro sobrando e gostam de sentir a emoção do vento na cara durante uma viagem, mas não se sentem à vontade sobre duas rodas ou querem mais conforto e espaço para a bagagem, o Spyder será um segundo veículo perfeito.

TOCADA A versão atual segue interessante na estrada e, depois de pegar a mão, fica divertida em uma tocada mais agressiva.

★★★★

DIA A DIA Esqueça, o cotidiano nunca será sua praia. Ruim no trânsito, ruim de estacionar, sofre com as intempéries…

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★★

ESTILO Tem estilo próprio e acabamento primoroso. Desperta curiosidade e por onde passa é o centro das atenções.

★★★★★

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MOTOR E TRANSMISSÃO O V2 da Rotax encaixa feito luva no modelo: arranca forte e tem ótimas retomadas. O câmbio semiautomático tem funcionamento perfeito.

★★★★★

SEGURANÇA Ótimos freios ABS, mas exige uma pilotagem diferenciada para usufruir de toda sua parafernália eletrônica, principalmente as do controle de tração.

★★★

MERCADO O preço atual de 63900 reais é quase 30% inferior ao de seu lançamento. Mas ninguém compra um Spyder como investimento.

★★★★

VEREDICTO

Apesar da redução, não é barato. Mas preço não é preocupação do público desse tipo de brinquedo.

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