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Visitamos o incrível museu das 24h de Le Mans

Acervo permanente em La Sarthe reúne carros e protótipos que escreveram a história da mítica prova

Por Vitor Matsubara Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 28 jun 2017, 13h36 - Publicado em 28 jun 2017, 13h29
O mítico Porsche 917 nas cores da Martini Racing (Vitor Matsubara/Quatro Rodas)

Assistir as 24 Horas de Le Mans ao vivo é um programa obrigatório para qualquer fã de automobilismo. Se um dia você tiver essa sorte, não esqueça deste precioso conselho: não volte para casa sem visitar o Musée des 24 Heures du Mans – até porque esse espaço cultural fica junto ao circuito. E é tão interessante quanto a corrida em si. Ou até mais.

Aberto das 10h às 18h em dias normais, o local funciona até a meia-noite no mágico final de semana em que Le Mans vira o centro das atenções do esporte a motor. É verdade que os corredores ficam abarrotados de visitantes, mas conhecer o acervo ao som dos carros é uma experiência inesquecível.

A visita começa por um corredor pouco iluminado preenchido pelas personalidades que fizeram história em Le Mans. Sobram nomes de peso, como Tazio Nuvolari, Ettore Bugatti, Enzo Ferrari, Jacky Ickx e Tom Kristensen – este último o atual recordista de vitórias em Le Mans com nove títulos.

Macacão de Tom Kristensen, recordista de Le Mans com 9 vitórias (Vitor Matsubara/Quatro Rodas)

De lá o visitante cai em uma enorme sala preenchida por milhares de miniaturas de bólidos antigos e dioramas das principais edições. No meio do salão há uma gigantesca maquete do Circuit de la Sarthe, detalhando cada uma das 38 curvas da pista com 13,65 km de extensão.

A maior ala do museu guarda também as maiores preciosidades. Das décadas “românticas” de Le Mans estão jóias como o Bugatti Type 30 Torpédo de 1927. Equipado com um motor de oito cilindros com menos de 2-litros de deslocamento, o carro tinha 75 cv (um absurdo para a época).

O Type 30 Torpédo extraía 75 cv de um motor com menos de 2-litros (Vitor Matsubara/Quatro Rodas)

A poucos metros dali está o Rolls-Royce Silver Ghost Type J141 Coupé-chauffeur Décapotable Muhlbacher. Seu nome ultralongo só não impressiona mais do que a potência: o motor 7.4 com seis cilindros em linha entregava 45 cv e atingia a velocidade máxima de 90 km/h. Parece pouco para os tempos atuais, mas eram números espantosos para 1919.

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O gigantesco motor de 7,4 litros entregava 45 cv, um absurdo para 1919 (Vitor Matsubara/Quatro Rodas)

A ala de veículos pesados inclui um caminhão Citroën HY Le Bastard 1964 utilizado para fazer propaganda dos faróis Marchal (atualmente Valeo), e o Delahaye Type 85 Citerne 1924, adquirido pela Desmarais Oil para abastecer os veículos da prova durante 24 anos.

Caminhão da Citroen fazia propaganda para uma marca de faróis (Vitor Matsubara/Quatro Rodas)

Partindo dos carros de apoio para os bólidos de competição, esta bela Ferrari 166 Mille Miglia Barchetta Touring reproduz o grande vencedor de Le Mans em 1949. Movida por um motor 2.0 V12 de 140 cv, ela levou Luigi Chinetti e Lord Selsdon ao topo do pódio após 3.178 km percorridos em 24 horas.

Réplica da vencedora de 1949, esta Ferrari tinha um V12 de 140 cv (Vitor Matsubara/Quatro Rodas)

Outro símbolo da baixa relação peso/potência é o Panhard HBR4 Barquette. Mesmo com um pequeno motor de 744 cm3 dois-cilindros, conseguia atingir 190 km/h na Hunaudières, a reta mais longa de Le Mans.

(Vitor Matsubara/Quatro Rodas)

Nas proximidades surge um dos grandes ícones de Le Mans: o Ford GT40 se consagrou por quebrar a série de seis vitórias consecutivas da Ferrari, reinando em Sarthe entre 1966 e 1969.

O mito: GT40 quebrou a hegemonia da Ferrari no fim dos anos 60 (Vitor Matsubara/Quatro Rodas)
A Ford só voltaria a Le Mans cinco décadas depois com um novo GT (Vitor Matsubara/Quatro Rodas)

A Renault está bem representada com o Alpine A 442 B Turbo 1978. O carro venceu as 24 Horas de Le Mans de 1978, sendo que a unidade exposta terminou a corrida em quarto lugar.

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Avançando algumas décadas no tempo, o visitante entra na ala dos carros dos anos 90, onde sobram mitos das pistas. Embora seja o único carro japonês a ter vencido em Le Mans até hoje, o mítico Mazda 787 B ficou famoso pelo som produzido pelo motor 4.7 Wankel de 700 cv.

Estridente e inebriante como poucos, o ronco faz qualquer Fórmula 1 moderno corar de vergonha.

Vencedor de 1991, o Mazda 787 B tinha um motor 4.7 Wankel de 600 cv – e um dos roncos mais altos da história da prova (Vitor Matsubara/Quatro Rodas)

Ao seu lado estava o Jaguar XJR 9 1988. Desenvolvido pela Tom Walkingshaw Racing (ou simplesmente TWR), o protótipo dominou a prova de 1988 graças à usina de potência desenvolvida pelo motor V12 de 7-litros com 700 cv.

A velocidade máxima do XJR era estimada em 390 km/h.

O XJR 9 venceu a prova de 1988 com um motor V12 de 700 cv (Vitor Matsubara/Quatro Rodas)

Se a Mazda até hoje é a única marca japonesa a ter triunfado em Le Mans, a “culpa” se deve em parte pelo azar da Toyota. Antes das recentes decepções em 2016 e 2017, a marca esteve muito próxima de eternizar seu nome na história de Sarthe com o 94CV. Movido por um motor V8 biturbo de 3576 cm3, o carro de 600 cv alcançava facilmente os 330 km/h.

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A Toyota liderava com tranquilidade a corrida de 1994 quando um problema na transmissão tirou a vitória de suas mãos. Ironicamente, o primeiro lugar ficou justamente com a… Porsche.

O 94CV poderia ter dado a primeira vitória da história da Toyota em Le Mans, mas… (Vitor Matsubara/Quatro Rodas)

O Peugeot 908 HDi entrou para a história de Le Mans por quebrar a hegemonia da Audi em 2009. A marca alemã vinha de uma sequência de cinco vitórias consecutivas quando foi derrotada pelos franceses.

A arma secreta era um protótipo de carroceria fechada com um motor V12 de 5,5 litros movido a diesel e sobrealimentado por dois turbocompressores.

Com 735 cv e 122,4 mkgf de torque máximo, o 908 número 9, pilotado por David Brabham, Marc Gené e Alexander Wurz, venceram com uma volta de vantagem sobre o outro Peugeot número 8.

O 908 HDi quebrou a hegemonia da Audi ao vencer a prova em 2009 (Vitor Matsubara/Quatro Rodas)

A vitória, porém, custaria caro para a marca: além de não ter vencido mais nos anos seguintes, a Peugeot descontinuou seu programa de endurance em 2012. Já a Audi retomou a supremacia perdida momentaneamente e venceu todas as edições seguintes até 2014.

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A dinastia da Audi começou em 2000, quando a marca de Ingolstadt desenvolveu o R8. Além de dar quatro vitórias em cinco anos, o bólido ainda deu origem ao superesportivo de mesmo nome, que incorporou diversas tecnologias das pistas e atualmente está em sua segunda geração.

Impulsionado por um motor V8 biturbo de 3,6 litros, o R8 ganhou as provas de 2000, 2001, 2002, 2004 e 2005. A sequência só foi quebrada pela Bentley, que, curiosamente, competiu (e venceu) a corrida de 2003 com motor… Audi.

Em 2006, a marca das quatro argolas foi a primeira fabricante a vencer uma edição de Le Mans com um carro movido a diesel. O R10 TDI tinha um motor V12 biturbo de 5,5 litros, despejando 650 cv e 112,1 mkgf no asfalto.

Com ele a empresa venceu três edições seguidas, sendo batido apenas pela Peugeot.

O R10 se tornou o primeiro carro movido a diesel a vencer em Le Mans (Vitor Matsubara/Quatro Rodas)

A partir daí, a marca alemã desenvolveu o R15 TDI Plus, resolvendo os problemas de durabilidade do R15 lançado em 2009 e conquistando os três primeiros lugares da prova de 2010 com relativa facilidade.

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Em 2011, as mudanças nas regras fizeram a Audi projetar um motor menor (de 3,7 litros) com seis cilindros em “V”. Embora fosse menor e menos potente, o conjunto precisava mover um veículo mais leve.

A fórmula deu certo e o R18 iniciou uma nova fase de domínio em Le Mans, que duraria até 2014. Desde então, a coroa é da Porsche, que emplacou três vitórias – a última delas neste ano.

O R18 e-tron foi responsável pela última vitória da Audi em Le Mans (Vitor Matsubara/Quatro Rodas)

Por enquanto, o exemplar mais recente do acervo é o Nissan GT-R LM Nismo. Desenvolvido para marcar a entrada triunfal da Nissan na LMP1, o protótipo tinha uma estranha configuração de motor 3.0 V6 dianteiro e tração dianteira – diferente dos protótipos que competiam na categoria.

Além de apenas um dos três veículos terem conseguido terminar a prova de 2015, o solitário GT-R viu a bandeira quadriculada anos-luz de distância do Porsche 919 Hybrid.

Resultado: a Nissan abortou subitamente seu programa de endurance e nunca mais se aventurou na principal categoria de Le Mans.

O GT-R LM Nismo tinha motor frontal e tração dianteira, mas seu desempenho pífio em Le Mans fez a Nissan se retirar da WEC (Vitor Matsubara/Quatro Rodas)

 

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