Visitamos o espetacular museu da Honda nos EUA
Acervo focado no mercado americano tem primeiro Civic e NSX - o esportivo que Senna ajudou a fazer
Dentro de um condomínio de edifícios comerciais em Torrance, na Califórnia, fica um local paradisíaco para os fãs da Honda. Estamos no Honda Collection, um acervo com alguns dos veículos mais importantes que a marca japonesa comercializou no mercado norte-americano em quase seis décadas. Do primeiro modelo vendido por lá (o pequeno N600, exposto orgulhosamente na entrada do local) às criações mais emblemáticas da empresa fundada por Soichiro Honda – todos podem ser encontrados lá.
Os primeiros anos da Honda não foram fáceis no outro lado do Pacífico. Embora tenha se estabelecido nos EUA em 11 de junho de 1959, apenas 11 anos depois é que a marca começou a vender automóveis naquele país. Se os compactos N600 e Z600 não emplacaram, a história foi bem diferente com o Civic. Lançado em 1973, justamente o ano em que a Crise do Petróleo atingiu os Estados Unidos, o hatch (a única opção de carroceria disponível à época) fez sucesso pela economia de combustível. Nas décadas seguintes a Honda se firmaria como uma das montadoras preferidas dos americanos.
Pelos corredores do museu (na verdade, um galpão com diversos veículos em exposição) observamos três gerações do Accord, o modelo mais vendido da marca na terra do Tio Sam. Logo em seguida, as três gerações do belo Prelude, cupê que chegou a ser importado para cá em sua última geração nos anos 90. Mas a grande estrela tem um espaço especial: as cinco primeiras gerações do Civic estão bem representadas no acervo. Destaque para o primeiro Civic Si (de 1986) e a Civic Wagon 1984, que tinha o conceito de veículo familiar com teto alto e tração nas quatro rodas – qualquer semelhança com os SUVs atuais é mera coincidência…
A ala dos esportivos modernos tem o S2000. Fabricado por uma década (de 1999 a 2009), o modelo inicialmente veio ao mundo com um motor 2.0 VTEC de 240 cv, posteriormente substituído pelo 2.2 16V VTEC de mesma potência. O S2000 era um descendente direto do S600, que também marca presença no espaço em Torrance. Infelizmente, o roadster nunca foi vendido no Brasil.
Mas o principal destaque está em um canto do museu: o lendário NSX surgiu em 1990 com design inspirado nos caças F-16 e um motor 3.0 V6 naturalmente aspirado, entregando 273 cv a 7.100 rpm e torque máximo de 29 mkgf a 5.700 rpm. Com excelente aerodinâmica e apenas 1.370 kg, seu desempenho era impressionante para a época: 5,6 segundos para acelerar de 0 a 100 km/h e velocidade máxima de 270 km/h, números dignos de rivalizar com Ferrari e Porsche.
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Nos Estados Unidos, foi ele o responsável por alavancar a Acura, marca de luxo criada pela Honda em 1986 com foco no mercado norte-americano. Para nós, brasileiros, o NSX se tornou conhecido pela participação de Ayrton Senna nas fases finais do desenvolvimento do veículo. O tricampeão mundial de F-1, aliás, aparece em um raro registro pilotando o NSX-R sem dó diante da imprensa japonesa, trajando seu inconfundível par de sapatos marrons com meias brancas. Dois NSX estão expostos no museu da Honda: um exemplar de 1991 e outro de 2005.
Há também espaço para modelos menos badalados, como o CR-X, um hatch esportivo fabricado de 1983 a 1991, e veículos de competição, como protótipos de provas de longa duração e, claro, a Fórmula Indy. Entre os vários bólidos, chama atenção a Penske-Honda da temporada 2000, pilotada por ninguém menos do que Gil de Ferran – bicampeão da Indy e um dos brasileiros mais bem sucedidos da história da categoria, ao lado de Emerson Fittipaldi, Tony Kanaan e Helio Castroneves.
A visita termina no mezanino, onde estão expostas algumas motocicletas antigas produzidas pela empresa, que viu suas vendas explodirem após dois fatos terem marcado a história da companhia nos anos 60: a veiculação de uma bem-sucedida campanha publicitária chamada “You Meet the Nicest People on a Honda” (algo como “Você Conhece as Pessoas Mais Legais numa Honda”) e o lançamento de “Little Honda”, uma música dos Beach Boys que falava sobre as emoções de pilotar uma moto da marca japonesa.
Se você já está programando sua visita, precisamos te dar uma má notícia: apenas convidados da Honda podem conhecer o local. Quem quiser conhecer melhor a história da marca precisará ir ao Honda Collection Hall, um acervo com 300 automóveis e motocicletas de várias épocas localizado em Motegi, no Japão. Pensando bem, até que não é uma má ideia…