Passado brilhante – a história de um restaurador
Fernando Rossi restaurou o primeiro carro aos 18 anos. E não parou mais
O primeiro carro do empresário Fernando Rossi já era um clássico na época em que foi comprado, em 1963, quando ele tinha 18 anos. Era um Ford 1928, o primeiro a ser restaurado por ele, ofício adotado poucos anos depois, quando abriu sua oficina no bairro paulistano da Pompeia. “Demorei dois anos para deixá- lo como queria e assim passei a rodar com ele para todo lado. Já na época, chamava a atenção de todos”, diz. Rossi afirma ter recebido inúmeras propostas para vender o carro. “Ele tem valor histórico, não vendo.”
Depois que a restauradora Magneto abriu as portas, não demorou até que um local maior fosse necessário. Da Pompeia, o negócio passou para Itapecerica da Serra e depois para Cotia, cidade onde está instalado até hoje. Sua oficina se tornaria referência de restauração e chegou a ocupar uma área de 7 000 m2, empregando cerca de 70 funcionários. Hoje a operação pode ter ficado mais enxuta, mas não sua empolgação ao falar dos mais de 500 veículos que passaram pelas suas mãos.
Aos 67 anos, Rossi coleciona o material histórico de milhares de modelos. Em sua biblioteca particular, há cerca de 6 000 fotos e centenas de revistas de várias épocas e países, além de livros técnicos, um acervo reunido ao longo de uma vida dedicada à restauração automotiva. Espalhadas por quase todos os ambientes da oficina, aproximadamente 1 300 placas dos carros que foram restaurados ornamentam as paredes. “Guardo todas. Quando os carros ficam prontos, ganham novas licenças, então acabo ficando com as antigas”, afirma Rossi, olhando com orgulho para as peças que viraram parte da decoração do local.
Há seis anos, Rossi vendeu o galpão e mudou o foco de atuação da empresa. Ele deixou de realizar todas as etapas de restauro, do desmonte à recuperação das peças cromadas, como uma linha de montagem. “Decidi que não ia mais fazer restaurações completas. Hoje compro carros antigos, faço as pequenas reformas e os revendo”, diz.
O Ford 1928 continua com Fernando até hoje, mas já não é mais seu meio de locomoção, tarefa que cabe a um VW Jetta que o leva para o trabalho todos os dias. Mas, ao contrário do Fordinho, o restaurador não pensa em aposentadoria. E segue dando vida nova aos personagens do passado.