Honda Civic Type R perde até ar-condicionado para recorde em Nürburgring
Em discreta nota de rodapé, fabricante revela que o recorde, na verdade, é de uma misteriosa versão pelada, com modificações essenciais para obter sucesso
Depois de Suzuka, o novo Honda Civic Type R segue batendo recordes. A variante esportiva do sedã chega em breve ao Brasil e, antes disso, conquistou uma marca de prestígio: o melhor tempo de todos em Nürburgring entre os carros de tração dianteira com produção em série.
No Inferno Verde, o novo Type R cravou uma volta de 7min44s881, superando os 7min45s389 marcados pelo Renault Mégane RS Trophy-R em 2019, já no traçado revisado de 20,8 km (200 m a mais do que antes). Mas há um pequeno detalhes aí.
No comunicado de imprensa da Honda europeia, há uma discreta nota de rodapé (inexistente no comunicado brasileiro e norte-americano) que destaca: o recorde é do Civic Type R S, e a letra extra aqui não é mero acaso. A versão misteriosa conta com algo imprescindível para a quebra do recorde, intencionalmente omitido em diversas peças de comunicação da fabricante.
O site Carscoops entrou em contato com a Honda europeia, conseguindo decifrar as diferenças dessa versão. No Type R S, o foco é total na economia de peso, e até o GPS da central multimídia foi retirado na “dieta”.
Entre outros itens removidos para torná-lo mais leve, o sedã perdeu ar-condicionado, divisória interna do porta-malas, sensores de estacionamento e ganchos de fixação de redes de carga. A Honda também removeu retrovisores elétricos e eletrocrômicos, luzes de cortesia e funções de aquecimento dos vidros.
Com tantas renúncias, estima-se que o Type R S seja até cerca de 45 kg mais leve do que a versão normal do esportivo. Além disso, o carro utilizado traz uma versão mais forte do motor 2.0 turbo, com 330 cv, exclusiva da Europa — nos EUA, o 2.0 rende apenas 319 cv. No Brasil, também poderá ser mais fraco.
O “jeitinho” da Honda também se fez presente no jogo de pneus; papel ocupado pelos prestigiados Michelin Pilot Sport Cup 2 Connect, próprios para as pistas mas de uso legal em vias públicas. Eles não vêm de fábrica e, para obtê-los, é necessário um contato com concessionários da Ásia. Na teoria, se encaixam nas regras.
A mais importante das regras, claro, é que o carro detentor do recorde seja produzido em série. O Honda Civic Type R S de fato será, mas limitado a um número desconhecido de poucas unidades, provavelmente exclusivas da Europa. Se essa produção ocorrerá somente para manter o recorde vivo, talvez nunca saibamos com plena certeza.