Gaúcho largou cargo público para pilotar carrões e já dirigiu mais de 500
Bruno Aguirre pediu exoneração como funcionário público de um banco estatal para se tornar instrutor de esportivos e já contabiliza 513 modelos pilotados
Não será a primeira vez e nem a última que vamos contar na QUATRO RODAS a história de um apaixonado por carros. Mas esse personagem tem uma admiração especial por esportivos e foi essa paixão que o fez abandonar a carreira como funcionário público de um banco para tornar-se instrutor de direção de modelos de luxo.
O gaúcho Bruno Aguirre, 32 anos, natural de Porto Alegre, trabalha há pouco mais de dois anos na Super Carros, empresa que oferece passeios com modelos de luxo ou esportivos para turistas em Gramado (RS).
Aguirre acompanha os clientes e, em seus passeios de cerca de 20 minutos pela cidade, sugere os melhores momentos para acelerar ou frear e até dá dicas para melhorar a posição de dirigir.
Eu fui um desses clientes em férias recentes e foi assim que o conheci e fiquei sabendo da sua história, e também da sua admiração pela QUATRO RODAS – que começou a ler quando tinha 12 anos. Eu escolhi dirigir um Dodge Challenger R/T 2011, confessando aqui a minha paixão por muscle cars.
Para ocupar esse cargo de instrutor, Aguirre dirigiu como cliente todos os carros disponíveis na loja, abandonou uma carreira estável, sua profissão e cidade natal.
Como tudo começou?
“A minha paixão por carros começou aos seis anos após eu entrar no Chevrolet Vectra de um tio e ficar fascinado. Comecei a jogar jogos de corrida e aos 12 anos me tornei um leitor assíduo de QUATRO RODAS”, conta Aguirre.
Aos 19 anos comprou o seu primeiro carro: um Vectra. No caso, um Vectra 1997 GLS 2.0 manual com o qual ficou pouco mais de um ano. Em seguida comprou um Fiat Palio Adventure Weekend.
Bruno é formado em direito pela PUC-RS e, enquanto estava cursando, prestou um concurso público para o Banco do Estado do Rio Grande do Sul (Banrisul) e passou. “Foi uma grande conquista, pois era um emprego estável e com uma boa remuneração, e me permitiu comprar o meu primeiro carro zero km, um VW Up! TSI”, conta Aguirre.
Mas a paixão por esportivos continuava viva e sonhava em dirigir um BMW M3 que havia visto em uma reportagem em março de 2008 como pode conferir abaixo.
“Em 2014, vi no Instagram uma propaganda convidando pra dirigir um BMW M3 2008, igual ao da matéria, entrei em contato e descobri a existência da Super Carros”, afirma Aguirre.
Bruno deu um jeito de ir o quanto antes para Gramado, que fica a cerca de um hora de distância de Porto Alegre, e dirigiu três carros: BMW M3, Dodge Challenger R/T 2011 e Corvette C6 Targa Manual 2008.
“Ter essa oportunidade foi incrível e coloquei na cabeça que iria dirigir todos os carros disponíveis na loja, que na época, tinha por volta de 20 carros.” Ele levou quatro anos para dirigir todos os modelos disponíveis.
Aguirre já era conhecido pelo nome por todos os que trabalhavam na Super Carros e conseguia alguns descontos por ser um cliente tão constante e fiel. No começo de 2021, a administração do local o convidou para ficar um fim de semana como instrutor. E assim foi convidado para trabalhar na loja e se mudar de vez para Gramado.
“Para isso tive que pedir exoneração do cargo público que eu ocupava no Banrisul, mas não pensei duas vezes, afinal, é estar perto dos carros o que me faz feliz”, diz Aguirre, que também teve que diminuir o padrão de vida pois a remuneração como instrutor é menor. Ele garante que não se arrepende da decisão.
Questionado sobre qual é a sua marca preferida ele respondeu sem titubear: Porsche. “Tive a oportunidade de dirigir todos os modelos Porsche em novembro de 2020 no Porsche World Roadshow e fiquei ainda mais fascinado.” Bruno conseguiu a credencial do evento por ser frequentador semanal da concessionária Stuttgart de Porto Alegre.
E ele não esconde que o sonho da sua vida é um dia trabalhar na Porsche. Enquanto isso não acontece, ele contabiliza os carros que já andou: 513 no total. “Quero um dia poder escrever um livro contando a experiência que tive com cada um deles, como o Paulo Campo Grande fez em seu livro “O Homem que dirigiu tudo”, que me inspirou a contabilizar.”
A sua coragem de mudar de vida pra realizar o seu sonho chegou até inspirar outros amantes de carros a seguirem o mesmo caminho, como Kaylamy Jards. “Ele ficou inspirado na minha história e se mudou de São Francisco do Sul (SC) pra Gramado, morou comigo e trabalhou como instrutor durante um ano na Super Carros. Mas, como é bombeiro em sua cidade natal, teve que voltar após esse período.”