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Feira em SP tem suspensão para barcos e moto aquática com supercharger

Tecnologias expostas na São Paulo Boat Show mostram que os meios automotivos e náuticos têm muito mais coisa em comum do que parece

Por Eduardo Passos
26 set 2022, 15h58
Moto aquática RXP-X 300 Apex, da Sea-Doo, teve pitacos de Daniel Ricciardo na sua criação
Moto aquática RXP-X 300 Apex, da Sea-Doo, teve pitacos de Daniel Ricciardo na sua criação (Sea-Doo/Divulgação)
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Da última sexta-feira (23) à próxima quarta (28), a capital paulista recebe a 25ª edição do São Paulo Boat Show, o maior salão náutico da América Latina. Ainda que o pavilhão lotado de iates e embarcações já impressione por conta própria, entretanto, os fãs de carros também têm motivos para curtir as tecnologias exibidas no evento.

Seja por conta dos motores a combustão, soluções mecânicas ou até tecnologias de automação veicular, os barcos também vêm evoluindo a passos largos, e muitos dos avanços obtidos nas ruas são compartilhados com as águas e vice-versa.

Suspensão marítima

Os corpos d’água não sofrem com buracos e asfalto ruim, mas as ondulações provocam enjoo muito pior aos passageiros aquáticos do que aos ocupantes de um carro. De maneira análoga à suspensão automotiva, já existem tecnologias que conseguem, entretanto, reduzir radicalmente o balanço das ondas.

Equipamentos da Sao Paulo Boat Show-2
Essa caixa é capaz de anular boa parte do sacolejo do barco (Eduardo Passos/Quatro Rodas)

Uma das mais consolidadas envolve o uso de giroscópios: instrumentos que aproveitam conceitos físicos para, com simplicidade, compensar o balanço de equipamentos tão diversos quanto uma câmera de vídeo e um iate.

Tohmei ARG
Disco interno gira e cria efeito semelhante ao do vídeo abaixo (Tohmei/Divulgação)
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No caso do estabilizador da japonesa Tohmei, um disco gira em alta velocidade e altera sua inclinação, aplicando ao barco o mesmo conceito que professor de física demonstram na sala de aula: a conservação do momento angular.

É um equipamento efetivo para amenizar a rolagem de um barco ancorado ou em baixas velocidades. Mas suas desvantagens incluem a necessidade de arrefecimento do motor, isolamento acústico e instalação em pontos específicos tanto por termos estruturais, quanto pelo centro de gravidade do modelo.

Equipamentos da Sao Paulo Boat Show-3
Aletas ativas prometem ainda mais eficácia na contenção de balanços (Eduardo Passos/Quatro Rodas)

É por isso que a norueguesa Sleipner aposta numa alternativa diferente, com aletas que ficam direto na água. Elas funcionam ligadas a um atuador elétrico que detecta o balanço da embarcação e, em tempo real, gera uma força oposta através da superfície aerodinâmica, anulando o balanço.

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A tecnologia parte de US$ 50.000, mas suas vantagens incluem não roubar espaço interno do barco, agir silenciosamente e servir para os diversos tipos de ondulação, incluindo as que ocorrem em altas velocidades.

“Lamborghini das águas”

É assim que o engenheiro da canadense Sea-Doo chama o RXP-X Apex 300, a moto aquática mais brutal da marca. O uso de Daniel Ricciardo não apenas na divulgação, mas no desenvolvimento do esportivo, dá conta de seu apelo. Mas o destaque fica por conta do motor 1.6 do jet, que utiliza um supercharger para atingir 304 cv.

Sea-Doo RXP-X Apex 300 (4)
Nos Estados Unidos, modelo custa cerca de US$ 20.000. Unidades globais são limitadas (Sea-Doo/Divulgação)

A relação peso-potência é favorecida pelo uso de fibra de carbono na construção da máquina, que pesa meros 354 kg. O piloto conta com assentos esportivos de material premium e um quadro de instrumentos digital de 7,8’’, com conexão USB que emparelha o celular e o mantém bem protegido. Também há caixas de som e até launch control, para arrancada à moda da Fórmula 1.

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Guidão de modelos da Sea-Doo vem com controle de cruzeiro e seleção de modo de condução
Guidão de modelos da Sea-Doo vem com controle de cruzeiro e seleção de modo de condução (Eduardo Passos/Quatro Rodas)

Curiosamente, o RXP-X Apex 300 e outros produtos da Sea-Doo contam também com modo de condução: a fim de economizar combustível ou ganhar performance, é possível escolher as funções ECO e Sport direto no guidão, que conta com assistência hidráulica.

Quadro de instrumentos digital

Ao contrário dos carros, o “cockpit” de uma embarcação é mais personalizável. Na verdade, é possível instalar novas telas à medida que mais tecnologia é inserida: radares, sonares, GPS, etc. A Naviop, porém, criou um quadro de instrumentos digital com 1,5 m de comprimento, capaz de dar inveja ao Mercedes-Benz EQS.

Equipamentos da Sao Paulo Boat Show
Painel digital com 1,5 m de tela coloca todas as informações aos olhos do capitão (Eduardo Passos/Quatro Rodas)

Além de unir todo tipo de informação útil ao capitão, o display é, por si, uma demonstração da potência de sensores análogos aos de carros autônomos. Enquanto as primeiras fabricantes de carros começam a utilizar o lidar (equivalente a laser do radar), as náuticas apostam em sonares cada vez mais precisos. Através da reflexão de ondas ultrassônicas no fundo do corpo d’água, é possível ter uma imagem 3D que serve para identificar cardumes e evitar rochas, por exemplo.

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Equipamentos da Sao Paulo Boat Show-1
Sonar permite “ver” o fundo do oceano em três dimensões (Eduardo Passos/Quatro Rodas)

O Corpo de Bombeiros de São Paulo adquiriu um desses equipamentos para o resgaste de vítimas: através da tela sensível ao toque, é possível tocar no ponto de interesse e obter, imediatamente, informações como as coordenadas geográficas, temperatura da água e profundidade — dados úteis no resgaste de vítimas de afogamento.

V8 a diesel de 1.300 cv

Uma das tecnologias mais identificáveis aos fãs da indústria automotiva está nos motores, que são bem parecidos com os de veículos pesados. A MWM foi uma expositora que se destacou ao exibir o motor V8-1300 da MAN, fabricado para diferentes tipos de embarcação.

V8 de 1300 cv da MAN está à venda no Brasil através da MWM
V8 de 1300 cv da MAN está à venda no Brasil através da MWM (Eduardo Passos/Quatro Rodas)

A diferença mais visível está no arrefecimento do 18.0: como o motor fica em ambiente confinado, não é possível utilizar um radiador convencional. Desse modo, o líquido de arrefecimento é resfriado em um trocador de calor pelo qual passa água do mar ininterruptamente.

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Curiosamente, os motores marítimos têm vida útil mais curta por (pasmem) funcionarem menos. Afinal de contas, um V8 parado no meio do mar está extremamente sujeito à corrosão por conta da umidade e dos sais. Para mitigar esse problema, o V8-1300 conta com metais de sacrifício — placas de metal que “atraem” pra si a oxidação. Materiais mais resistentes à corrosão e peças plásticas também são usadas quanto possível.

Pensando em evitar incêndios, também há alterações como no alternador — que contam com sistemas que mitigam faíscas — e nas bombas de combustível — com reforço contra vazamentos, já que, ao contrário dos carros, que derramariam diesel no asfalto, uma falha nas bombas faria o óleo escorrer dentro da casa de máquinas.

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