DuoExo é esportivo brasileiro criado por entusiastas para track days
Sete fãs de automobilismo projetaram, desenvolveram e estão construindo um carro esportivo para uso em pista e já pensam em comercializar esse veículo
Em 2017, o suíço Bob Lutz, um dos mais importantes dirigentes da indústria, previu que no futuro os automóveis, como os conhecemos hoje, terão uso restrito em competições e lazer, como os cavalos que durante séculos serviram ao homem como meio de transporte e hoje estão nos hipódromos e nas hípicas.
Segundo ele, nas ruas, os veículos serão limpos, autônomos e conectados, deslocando-se em bloco por redes coletivas. Não se sabe se as coisas serão exatamente assim, mas até agora o executivo acertou e já existem empresas dedicadas a construir carros para uso específico em locais fechados.
Nos Estados Unidos, isso é comum. No Brasil, sabe-se de iniciativas pessoais e, recentemente, um grupo de entusiastas criou um projeto que prevê a construção de sete carros, um para cada um da turma, podendo vir a produzir outras unidades para venda. Essa parte ainda não está bem definida.
“Nos juntamos para criar um veículo para cada integrante do grupo, caso o mercado demonstre interesse, podemos avaliar a abertura para pedidos”, diz um dos sócios do projeto, o engenheiro Delano Calixto.
A ideia do carro batizado de DuoExo surgiu durante um curso online sobre veículos especiais, que os entusiastas fizeram na época da pandemia (em março de 2020, mais precisamente). Ao final do curso, os alunos resolveram fazer uma sociedade para projetar, desenvolver e construir um carro especial.
A formação acadêmica e a experiência profissional de cada um ajudou. O líder do grupo, que foi o professor do curso, é o engenheiro Fábio Birolini, que, em 1999, foi um dos fundadores da Lobini, fábrica do esportivo Lobini H1. João Paulo Melo é designer, responsável pelo estilo das carrocerias dos carros da Stock Car 2025. Matheus Nolli é bacharel em design; Delano Calixto é engenheiro civil; e Victor Filgueiras e Tomas Almeida são engenheiros mecânicos.
O fato de estarem em cidades distantes não atrapalhou. Dois deles moram em São José dos Campos (SP). Os demais vivem em Caxias do Sul (RS), Florianópolis (SC), Goiânia (GO), Rio de Janeiro (RJ) e São Paulo (SP). O DuoExo está sendo feito em São Paulo.
O desenvolvimento virtual do carro foi feito pela empresa MOVEdot, que presta consultoria na área de engenharia, e também está participando dos testes físicos do carro na pista. A primeira unidade do DuoExo deve ficar pronta em meados deste ano. Atualmente, o esportivo está na fase de ajustes de chassi e da carroceria para montagem. “Nosso objetivo foi criar um veículo que oferecesse uma experiência de condução incomparável para os entusiastas de track day, e estamos confiantes de que alcançamos isso”, afirma Fábio.
O DuoExo é equipado com motor Ford Duratec 2.0 16V, central traseiro, com 160 cv e 18 kgfm. A transmissão tem câmbio manual de cinco marchas e tração traseira. Com seu peso estimado em 800 kg, a relação peso/potência estimada é de 5 kg/cv. Segundo os construtores, o esportivo é capaz de acelerar de 0 a 100 km/h em 5,4 segundos e chegar a 210 km/h de velocidade máxima.
O chassi tubular de aço e a carenagem de fibra de vidro ajudam a reduzir o peso. Seu design foi inspirado nas motos (assim como o britânico Ariel Atom), onde o chassi fica exposto. “Cada linha e cada detalhe deste veículo foi cuidadosamente pensado não apenas pela estética, mas para otimizar a aerodinâmica e a funcionalidade”, fala João Paulo.
As fotos do carro pronto mostradas aqui são imagens de computador, mas um protótipo, em uma das imagens, já rodou em testes no Autódromo de Interlagos, em São Paulo, e, de acordo com Matheus Nolli, que é o piloto da equipe, a avaliação foi muito positiva. “O DuoExo se revelou fácil de dirigir, sem sustos, e fez a volta em 2,03 minutos, sendo mais rápido que outros modelos de pista mais potentes”, afirma Matheus. “Ainda faltam melhorias na suspensão e no sistema de freio, que estão sendo providenciadas”, diz.
Apesar da cautela que os sócios usam para falar do futuro, eles já pensam em uma versão off-road, estilo baja. As primeiras sete unidades serão todas on-road (versão Track). E, caso seja comercializado, graças a sua estrutura simples, o DuoExo pode ser personalizado ao gosto do cliente, bem como ser vendido em kits, para serem montados pelo comprador, inclusive com diferente motorização. Mas isso é para uma segunda fase. Por enquanto, eles não sabem nem quanto o carro custaria, se fosse vendido hoje.
Ficha Técnica – DuoExo
Motor: gas., central tras. 2.0 16V, injeção FuelTech FT600, 160 cv, 18 kgfm
Câmbio: manual de 5 marchas, tração traseira
Direção: mecânica
Suspensão: duplo A, nos dois eixos
Freios: disco ventilado (diant.); sólido (tras.)
Pneus: 205/45 R17 (diant.), 225/45 R17 (tras.)
Carroceria: fibra de vidro sobre chassi tubular, dois lugares
Dimensões: compr., 396 cm; largura, 183,5 cm; altura, 119,5 cm; entre-eixos, 245 cm; peso (estimado), 800 kg (41%, diant.; 59%, tras.)
Desempenho*: 0 a 100 km/h em 5,4 segundos; velocidade máxima, 210 km/h
*Estimado pelos construtores