De subcompacto a recordista: os principais carros de Anísio Campos
Foram mais de 60 anos dedicados ao ramo automobilístico. Além de piloto, Anísio Campos foi designer de pelos menos 15 veículos
No último sábado (14), morreu José Anísio Barbosa de Campos, designer brasileiro de automóveis de maior reconhecimento. Foram cerca de 60 anos dedicados ao mundo automobilístico e mais de 15 veículos projetados durante a vida.
Para homenagear Anísio Campos, nós da QUATRO RODAS separamos os principais modelos que fazem parte do legado deixado pelo designer. Confira:
1- Puma GT DKW
O Puma GT foi o precursor da marca no país e surgiu em 1967.
Era uma evolução do GT Malzoni, criado por Rino Malzoni as pistas e que posteriormente ganhou uma versão de rua. Essa versão de rua seria o ponto de partida para o Puma GT, que receberia traços de Anísio Campos, mas mantinha o chassi e o motor 1.0 de três cilindros em dois tempos com 60 cv e 9 mkgf dos DKW. A velocidade máxima era de 142,86 km/h.
Porém, em 1968, após a venda de cerca de 170 unidades, a Vemag (responsável pela DKW) encerrou as operações, deixando o Puma sem motor e sem chassis.
Os Puma passariam a usar os motores boxer 1.500 da Volkswagen e chassis fornecidos pela Karmann-Ghia. Mas o design dos chamados P2 era outro – o que acompanhou o modelo até seu fim.
2- Carcará
Junto com o também projetista Rino Malzoni, Anísio Campos começou a projetar veículos para competição. O Carcará, de 1966, foi mais além. Sua aerodinâmica o ajudou a alcançar a incrível marca de 213,9 km/h, obtendo o recorde de maior velocidade atingida por um veículo mil na época. O teste foi feito na Rio-Santos.
O veículo tinha carroceria leve, de alumínio rebatido, e chassi da Fórmula Júnior. O motor traseiro 1.0 três cilindros da DKW foi preparado por Miguel Crispim, e chegou aos 104 cv (o Up TSI, com turbo e injeção direta, tem 105 cv!)
3- AC biposto de corrida
O sonho de produzir um veículo de competição nacional não ficou apenas no Carcará. Em 1968, um novo corredor entrou em cena: AC biposto de corrida.
Criado como um carro de competição para ser construído em série, o veículo teve apenas cinco exemplares produzidos e foi apresentado durante o VI Salão do Automóvel brasileiro, no estande da Puma – responsável por sua fabricação.
Em 1970, Anísio preparou uma versão mais potente, com motor de dois litros: podia ser o Porsche com 198 cv ou o Volkswagen com 146 cv.
4- Tropi Kadron
O Tropi foi o primeiro bugue registrado no Brasil. Criado por Anísio em 1969, o veículo tinha sua carroceria fabricada pela Puma e depois enviada à Kadron (tradicional fabricante de escapamentos e acessórios.), que reduzia o chassi VW em 35 cm.
Do Fusca também vinha o velho quatro-cilindros boxer – o favorito era o 1.3.
Seu design se destacava pelos grandes faróis acoplados a lataria e epla barra traseira para proteção do motorista em caso de capotamento. Os primeiros usavam as lanternas do Fusca e o motor era protegido só pela placa traseira, num suporte basculante.
Como isso dificultava a manutenção e inviabilizava a dupla carburação, Anisio redesenhou a traseira, adotando tampa articulada, para-lamas mais retos e lanternas da Variant. Na dianteira, só um retoque: os piscas inseridos nos para-lamas.
5- Corcel Hatch
Entre 1976 e 1990, um movimento de transformação de veículos estava acontecendo, tendo como principal transformadora a concessionária Souza Ramos. Anísio, junto com a Souza Ramos criou uma nova versão do Corcel II: o Corcel Hatch.
O veículo mantinha a mesma plataforma Ford e até o mesmo motor 1.6 em linha de 46 cv e 11,9 mkgf de torque. As modificações projetadas pelo designer brasileiro estavam na carroceria, com redução do balanço traseiro, alongamento dos vidros traseiros e para-choques de plástico.
6 – P.A.G. Nick
Em 1987, junto com Paulo Goulart, Anísio criou um subcompacto: o Nick.
Produzido na Projets d’AvantGarde Ltda (PAG), divisão da Dacon, tinha como base a Saveiro. O entre-eixos era encurtado em 34 cm e os balanços dianteiro e traseiro eram reduzidos ao máximo. A redução de peso era de apenas 40 kg, o que não era ruim para o motor AP 1.6 de 90 cv.
O zero a a 100 km/h em 11,7 segundos e a máxima de 160 km/h eram interessantes. Dois anos depois nasceria o Nick L, com base de Voyage e motor 2.0 de Santana.
7- P.A.G. Dacon 928
O P.A.G Dacon 928 é uma réplica do Porsche 928 do dos anos 1980. O carro tinha carroceria de fibra de vidro e levava até quatro pessoas. A base é o Gol GT 1.8, mas o motor era traseiro e a tração, dianteira!
O motor tinha deslocamento aumentado para 2.100 cm³, mas os mesmos 99 cv. O carro ainda possuía faróis de Passat, lanternas de Kombi e freios dianteiros a disco.
8 – Topazzio
Projetado em 1988 para a Engerauto, o Topazzio tinha como base a Ford Pampa.
Era estranho, mas com motivo: sua carroceria podia ser modificada trocando a traseira. Com a tampa de vidro, parecia um fastback. Caso esta tampa fosse retirada virava uma picape três volumes de cabine dupla.
9 – Mini Dacon 828
Criado em 1982, o pequeno 828 também usava chassi Volkswagen, mas com entre-eixos encurtado e menos de três metros de comprimento total.
O motor Volkswagen 1.6 era oferecido em versões a gasolina e álcool, com 65/68 cv e 11,7/12,5 mkgf respectivamente. Seu melhor desempenho era com etanol, alcançando máxima de 136 km/h e chegando aos 100km/h em 16,3 segundos.
10 – Puma GT 4R
Criado sob encomenda da QUATRO RODAS, o Puma GT 4R teve três unidades produzidas em 1969 e nenhuma delas foi vendida: eles foram sorteados para os leitores.
O desenvolvimento do carro foi feito em Araraquara (SP) por Rino Malzoni e Anísio Campos. O carro seguia com motor Volkswagen, mas um 1.6 com carburação dupla Solex 32/34 e comando do Puma P2.
O GT 4R tinha interior impecável, com volante F-1 e cinto três pontos (raros na época). Além disso, para concretizar o design das pistas, o carro tinha ainda medidores de temperatura e de pressão do óleo, que ficavam na parte superior do console.
11 – Óbvio! 828 Elétrico
Desenhado por Anisio Campos, o Obvio 828 é a releitura do Dacon 828 de 1982.
Surgiu em 2002 e seria vendido pela internet e receberia motores 1.6 Tritec, plano que foi por água abaixo quando a Fiat comprou a Tritec. Depois, o projeto ensaiou um retorno com motor elétrico, mas nunca foi para a frente.
12 – Engerauto Scorpion
Outra criação de Anísio para a Engerauto, o Scorpion foi criado em 1990 e era baseado na Ford F-100.
A picape transformada em SUV leva até nove pessoas com conforto. Os passageiros ainda podiam acessar a cabine por uma terceira porta, instalada na lateral direita. Outra sacada era o teto desnivelado, que aumentava o vão útil da cabine. Para completar, tinha quadro de instrumentos eletrônico.