Como a BMW levou um motor 2.0 a 620 cv e 50% de eficiência térmica
Três vezes mais potente e 66% mais eficiente que um 2.0 dos carros de passeio da marca, ele leva o M4 da DTM aos 100 km/h em 2,8 s
A nova temporada do Campeonato Alemão de Carros de Turismo – DTM – começa neste mês e marca o fim da era dos motores V8.
Se por um lado isso culminou no abandono da Mercedes-AMG, a BMW criou um motor 2.0 turbo três vezes mais potente que o usado nos BMW X1 e Mini Cooper S.
É um downsizing até mesmo para o BMW M4, que representará a fabricante bávara nesta temporada.
Os 431 cv gerados pelo seis cilindros biturbo da versão de rua parecem pouco perto dos mais de 620 cv (podendo chegar a 650 cv) gerados pelo novo 2.0 de quatro cilindros – cerca de 100 cv a mais que os antigos V8.
Na prática, são mais de 310 cv por litro de deslocamento. A eficiência térmica de 50% também impressiona: o normal, hoje, é ficar entre 25 e 32%.
O novo motor, batizado de P48, tem uma série de sistemas especiais para extrair o máximo desempenho possível.
Além de injeção direta de alta pressão, a lubrificação é do tipo cárter seco, onde o lubrificante é armazenado fora do motor (onde seu arrefecimento é mais fácil) e injetado por pressão.
Desta forma, também evita-se a perda de lubrificação causada por acelerações, frenagens e balanços extremos.
Também há menos agregados. O motor de partida e o alternador foram deslocados para o câmbio, e partes como a tampa do cabeçote e o coletor de admissão são de termoplásticos reforçados com fibra de carbono em vez de alumínio.
Isso explica os meros 85 kg declarados para este 2.0.
Mas nem tudo é tão fácil. Se no 330i o turbo precisa gerar até 1,5 bar para entregar 258 cv, no P48 a pressão máxima de trabalho é de 2,5 bar – chegando a 3,5 bar com overboost.
Seria pouco para um AP treiskilimei preparado, mas em um carro da DTM não é de bom tom largar bielas na pista.
Por isso, cárter e cabeçote são feitos em um processo especial de fundição de alumínio que dá mais resistência à pressão.
A BMW também trabalhou a resistência térmica dos componentes, o que aboliu a necessidade de injetar mais gasolina no motor apenas para refrigerar as peças – o que costuma acontecer em motores normais a partir dos 4.000 rpm.
Isso, junto do esforço para minimizar o atrito entre os componentes, ajudou a alcançar um consumo 10% melhor que o do antigo V8.
Os novos carros da DTM serão capazes de chegar aos 100 km/h em cerca de 2,8 s e passar dos 300 km/h. Se antes chegavam aos 100 km/h em 2,6 s, não passavam dos 280 km/h. E o pior: ainda usavam acelerador por cabo.
Agora o acelerador é eletrônico, como nos carros lançados nos últimos 20 anos. São os carros de rua emprestando tecnologias para os de pista. Resta esperar uma retribuição.
Vale ressaltar que o motor será compartilhado entre duas categorias automobilísticas: a DTM e o Super GT, campeonato japonês de Gran Turismo.