3 portas, 4 portas, Toro, Plus: as inovações e sacadas das picapes Fiat
A marca italiana foi a precursora no segmento de picapes compactas. De lá, para cá, os modelos inseriram uma série de novidades na categoria
A nova Fiat Strada teve os preços revelados na última sexta-feira (26). A picapinha finalmente trocou de geração após 22 anos utilizando a mesma plataforma do Palio I.
Uma das maiores novidades do modelo é a configuração cabine dupla, que agora passa a ser homologada para cinco passageiros e a ter quatro portas, algo inédito no segmento.
Mas não é a primeira vez que a Fiat inovou quando o assunto é picape no Brasil.
QUATRO RODAS buscou nos arquivos todas as novidades que melhoraram (ou não) os veículos do segmento e que foram trazidas pela marca italiana.
Fiat 147 Pickup
É fato que tudo foi iniciado com a picape derivada do Fiat 147. O projeto da picapinha foi apresentado em 1978, dois anos após a chegada do hatch ao Brasil.
A Fiat 147 Pickup foi a primeira compacta produzida no Brasil e também o primeiro veículo utilitário derivado de um carro de passeio no país.
O modelo foi produzido pela equipe da Fiat na fábrica de Betim (MG), fábrica que segue produzindo os modelos nacionais da marca.
O balanço dianteiro era compartilhado com o 147, assim como os motores 1.05 de 55 cv e 1.3 de 72 cv.
Já a traseira abandonava os bancos dos passageiros da segunda fila para dar espaço a uma caçamba, que tinha capacidade para carregar 389 kg.
As lanternas foram mantidas iguais às do 147 e a porta traseira era aberta lateralmente, e não tombadas para baixo como a maioria das picapes atualmente.
A 147 Pickup reinou no mercado nacional por quatro anos, até que VW Saveiro, Ford Pampa e Chevrolet Chevy 500 chegassem para concorrer na categoria, a partir de 1982.
Naquele ano, o veículo já respondia pelo nome City – mudança realizada em 1981, ano que marcou também a atualização da picape, que passava adotar estrutura e balanço dianteiro da Panorama, perua derivada do 147 Europa.
Dessa forma, o modelo passou a contar com maior espaço útil para carga na caçamba, além de ter a abertura de porta alterada para o método convencional (abrindo para baixo) e itens de conforto.
O modelo seguiu no mercado até 1988, quando deu espaço para a sucessora Fiat Fiorino Pickup.
Fiat Fiorino Pickup
A Fiat Fiorino Pickup era derivada do Fiat Uno, que chegou ao mercado em 1986 para substituir o 147 na linhagem dos hatches compactos da empresa.
O modelo manteve a opção comercial, mas acrescentou uma versão esportiva e outra aventureira, denominadas LX e Trekking, respectivamente.
A plataforma do Uno aumentou a capacidade de carga da picape para 620 kg e deu maior espaço interno ao habitáculo.
As versões ganharam um novo motor, o Fiasa 1.5, com injeção eletrônica que gerava 76 cv de potência e 12,1 kgfm de torque. A configuração esportiva se diferenciava pelas faixas laterais e faróis de longo alcance.
No entanto, a principal novidade estava na opção Trekking, que foi a precursora da versão “fora de estrada”, e que cairia nas graças do mercado com a sucessora Strada Adventure nos anos 2000.
A Trekking vinha com suspensão elevada e pneus maiores para aumentar o vão livre do solo, suspensão no formato ômega, para livrar o componente de atritos, santantônio com faróis auxiliares acima da cabine e capota marítima.
Assim com a 147 Pickup, o modelo ficou dez anos no mercado nacional e deu espaço para a picape compacta de maior longevidade da Fiat, a Strada, que estreou em 1998.
Fiat Strada
A Fiat Strada – picape derivada do Palio – surgiu em 1998 como sucessora da Fiat Fiorino Pick-up. Um ano após sua chegada, acrescentou à sua gama de opções a versão cabine estendida.
A Strada foi a primeira picape a oferecer este tipo de carroceria em produção de larga escala para a categoria das compactas.
A VW Saveiro até apresentou uma versão parecida como esta no início dos anos 1990, porém, a produção era feita por concessionárias.
Percebendo que condutor e passageiro sofriam com o espaço interno limitado da cabine, a Fiat optou por perder 30 centímetros de caçamba e ganhar em espaço interno atrás dos bancos.
Em 2001, foi lançada a versão Adventure. A opção aventureira era ainda mais apelativa que a Trekking: usava pneus de uso misto, suspensão elevada, quebra-mato com faróis auxiliares, apliques sobre a caixa de rodas, estribos, santantônio e barras longitudinais no teto – sem abandonar a cabina estendida.
Sete anos após a sua chegada ao mercado, a Adventure foi equipada com sistema eletrônico de bloqueio do diferencial (Locker), que em teoria aumentava a capacidade de tração da picape – novidade entre as compactas.
Mas ela nunca foi uma 4×4: sua tração continuava apenas dianteira, o que deu ao sistema mais um ar de perfumaria para impressionar clientes do que um auxílio efetivo à condução.
A inédita configuração cabine dupla chegou em 2009. Com ela, a cabine passou a ter uma segunda fileira de bancos, homologada para levar até quatro ocupantes.
Era a primeira vez que uma picape daquele porte passava a ser capaz de carregar mais de dois ocupantes. Mas a inovação cobrou seu preço.
Ela deixou o habitáculo apertado e o acesso para a fileira de trás só era possível se motorista ou passageiro levantassem e articulassem um dos bancos dianteiros, um procedimento pouco prático.
Por isso, em 2013, a Fiat deu à Strada uma terceira porta na versão cabine dupla. O objetivo da novidade era melhorar o acesso a segunda fileira, mas na prática o problema não foi resolvido em sua totalidade.
A terceira porta tinha abertura do tipo suicida – inversa à convencional –, que melhorava, de fato, o acesso para terceiro e quarto ocupantes.
Mas, para que ela fosse aberta, era necessária a abertura da porta do passageiro da primeira fileira, já que a maçaneta de abertura da terceira porta fica escamoteada dentro da falsa coluna B.
Isso sem falar na chance de a perna enroscar no cinto traseiro direito na hora de descer.
A abertura da porta e o acesso à segunda fileira da picapinha cabine dupla parecem enfim ter sido resolvidos neste ano, com a marca italiana substituindo a versão três-portas por uma inédita quatro-portas para a linha 2021.
A novidade foi trazida na primeira troca de geração da Strada, após 22 anos de mercado.
A picape trocou a plataforma do Palio por uma mescla entre Uno, Mobi Argo e Fiorino, porém adotando linhas semelhantes às da irmã maior Toro.
A configuração quatro-portas estará disponível em todas as versões da picape em sua nova linha – para saber preços e itens de série, acesse aqui.
Outra novidade, é a aposentadoria de cabine simples e cabine estendida para adoção da “Cabine Plus”, uma espécie de meio-termo entre ambas.
Embora a Fiat tenha anunciado esta novidade como mais uma inovação, o formato já é conhecido da Chevrolet Montana, sob o nome max cab.
Nada mais é do que uma cabine com menos espaço que a estendida e mais espaço que a simples.
A nova Strada também estreará uma central multimídia com tela de sete polegadas que projeta Android Auto e Apple CarPlay, este último sem fio.
O sistema virá de série na versão de topo, Volcano, e como opcional no pacote Pack Tech das versões Endurance (de entrada) e Freedom (intermediária).
Além disso, substituirá o velho motor E.torQ 1.8 de 132/130 cv e 18,9/18,4 kgfm pelo Firefly 1.3 de 109/101 cv e 14,2/13,7 kgfm, herdado do Argo.
A versão Endurance manterá o já manjadíssimo 1.4 Fire Evo de 88/85 cv e 12,5/12,4 kgfm.
Fiat Toro
Entre a troca de gerações da Strada, a Fiat apresentou uma novidade no mercado de picapes: a Toro.
A empresa adotou o conceito SUP (Sport Utility Pickup) – uma mistura de picape com SUV, que já podíamos ver no início dos anos 2000, com Chevrolet S10, Toyota Hilux e Ford Ranger de cabine dupla e caçamba para carga.
O diferencial da Toro para as concorrentes citadas acima – que estão até hoje concorrendo na categoria – é a estrutura.
Enquanto, Hilux, Ranger e S10, utilizam chassi de longarina, a picape da Fiat utiliza chassi de monobloco – mesma estrutura usada em carros de passeio.
Essa novidade já havia sido apresentada pela Renault com a Oroch – picape derivada do Duster – em 2015, mas esta jamais passou perto de fazer o mesmo sucesso.
Diferentemente do modelo da marca francesa, cujas capacidades estão próximas às dos modelos compactos, a Toro possuía porte muito mais robusto e capacidade de carga de 1 tonelada na configuração 4×4 turbodiesel.
Assim, logo ganhou espaço e protagonismo no mercado de utilitários, reinando até hoje sozinha em um segmento criado por si mesma.
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