Guia de usados: Kia Picanto (2ª geração)
Com fartura de equipamentos, acabamento acima da média e opção de câmbio automático, ele é perfeito para quem não precisa de muito espaço
A segunda geração do Kia Picanto chegou ao Brasil em meados de 2011, já como linha 2012. Apesar das dimensões continuarem diminutas, a evolução do modelo foi grande: ele ficou mais sofisticado, ganhou aparência mais atraente e adotou um conjunto mecânico mais moderno. Seu grande atrativo, na época, era o fato de ser o primeiro 1.0 a oferecer a opção de câmbio automático.
Os traços e volumes mais modernos e robustos finalmente atraíram os olhares do público masculino, ainda distante de modelos pequenos e com aparência delicada.
Na dianteira, por exemplo, ele ganhou faróis e grades com aspecto agressivo em relação à geração anterior. Atrás, as luzes da ré se separaram das lanternas e foram para o para-choque.
As rodas de liga leve, itens de série, eram sempre de 14 polegadas. No lançamento, os preços variavam entre R$ 34.900 (manual) e R$ 44.900 (automático).
Por dentro, o compacto também agrada com boa montagem e desenho atual. No entanto, fazem falta o marcador de temperatura do motor, o travamento automático das portas com o veículo em movimento (presente nas unidades norte-americanas e europeias) e o destravamento das portas com a retirada da chave da ignição.
Havia apenas uma opção de motor, mas com uma grata evolução para o mercado brasileiro. Debaixo do capô, ele estreava o 1.0 12V de três cilindros com 80/77 cv e 10,2/9,6 mkgf com etanol/gasolina. O câmbio poderia ser manual de cinco marchas ou automático de quatro, como o testado por QUATRO RODAS na ocasião do lançamento.
Na pista, ele foi de 0 a 100 km/h em 17,1 segundos e fez as médias de consumo de 9,6 e 12 km/l na cidade e na estrada, respectivamente, quando abastecido com etanol. Apesar da leveza em manobras e situações corriqueiras, ele sofre em retomadas e subidas muito íngremes (especialmente se estiver carregado e com ar-condicionado ligado).
Um dos principais trunfos do Picanto sempre foi a lista de equipamentos. Desde a configuração mais barata, ele trazia trio elétrico, rodas de liga leve, sistema de som, direção elétrica e ar-condicionado. São raras as configurações com airbags laterais e de cortina, teto solar e leds em lanternas e faróis, mas elas existem.
Espaço não é o forte do subcompacto. Quem vai atrás, porém, pode até não ir confortável, mas vai seguro: há cintos de três pontos para todos. O porta-malas leva 292 litros, pouco mais do que o VW Up!, que tem 285.
Com uma nova geração prestes a ser revelada, o atual modelo já passou por duas remodelações visuais – a última, em 2015. Entretanto, as mudanças foram tão discretas que o compacto oferece ainda outras vantagens: já ter passado pela temida desvalorização inicial, oferecer bom custo-benefício e ser confundido com um carro zero quilômetro.
A voz do dono
“Fiz test drive em Onix, HB20, Mobi e Up!. Todos me agradaram, mas bastou dar um pulo na Kia para ver onde o Picanto se destacava: acabamento impecável. Como somos somente minha noiva e eu, rebatendo os bancos traseiros ganhamos um porta malas digno de uma perua, com a comodidade de um carro minúsculo.”
O que eu gosto: “O carro me agradou pelo seu baixo consumo (comprei a versão manual) e por seu visual. Para quem gosta e precisa de carro pequeno, é uma sacada perfeita.”
O que eu odeio: “Para famílias com mais de duas pessoas, o porta malas não atenderá muito bem; outra coisa, não espere ultrapassar com muita facilidade na estrada caso esteja por volta dos 100 km/h. As retomadas são um pouco lentas (típico de qualquer carro 1.0).”
Leonardo Amoyr, 27 anos, empresário, Campos dos Goytacazes (RJ)
Onde o bicho pega
Barulho na partida – Inúmeros proprietários relatam barulhos, como arranhões, na partida do veículo – mesmo em unidades com menos de 10.000 km rodados. Na maior parte dos casos, dois componentes contribuem para o ruído: a bateria, que prejudica o motor de arranque, e o bendix do próprio motor de arranque.
Marcador de combustível – Este talvez seja o problema com maior número de reclamações. O marcador de combustível apresenta variações durante o uso do carro – podendo marcar como vazio um tanque cheio. A avaria acontece pela oxidação (ou até a queima) da boia de combustível, que perde a capacidade de reconhecer o nível real de combustível presente no reservatório.
Lote sem ABS – Por um erro de estratégia (assumido pela marca, na época), o primeiro lote importado da nova geração chegou ao país sem freios ABS. Atualmente obrigatório em modelos zero quilômetro, o item pode fazer diferença na hora da revenda.
Câmbio de quatro marchas – Apesar do benefício ao pé esquerdo e do pioneirismo no mercado brasileiro, o câmbio automático tem apenas quatro marchas. Além de limitar o desempenho do modelo, que já não apresenta bons números, prejudica também o consumo por trabalhar sempre em rotações mais elevadas do que em transmissões com cinco ou seis marchas.
Revisões não tabeladas – Uma das principais críticas no lançamento da atual geração do Picanto no Brasil foi a falta de preços fixos para as revisões. A ausência só foi resolvida pela Kia agora, em 2016, com a divulgação dos preços das manutenções em seu site. No entanto, os valores valem apenas para carros a partir do ano/modelo 2016. Os anteriores (de 2012 a 2015) continuam desamparados.
Preço médio dos usados (FIPE)
Modelo/Ano | 2012 | 2013 | 2014 | 2015 | 2016 |
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Picanto 1.0 manual | R$ 27.452 | R$ 28.514 | R$ 29.592 | – | R$ 35.415 |
Picanto 1.0 automático | R$ 29.816 | R$ 32.823 | R$ 34.997 | R$ 38.569 | R$ 45.095 |
Nós dissemos…
Setembro de 2011 – “O Picanto sempre foi completo de série. Ar-condicionado, direção com assistência elétrica, airbag duplo, rodas de liga leve, travas, vidros e retrovisores com acionamento elétrico e som completo fazem a alegria do comprador. Em nova geração, o urbano da Kia mantém o bom pacote de equipamentos e adiciona dois ingredientes a que o brasileiro não resiste: desenho atraente e motor flex.”