Teste: Peugeot 308 Griffe 1.6 THP, um remédio caseiro
Enquanto a nova geração do modelo não vem, o Brasil vai se virando com um facelift do atual
A crise dos mercados brasileiro e argentino e a alta do dólar atingiram em cheio a Peugeot. E justo num período de arrumação da casa, com a apresentação de novos modelos ao mercado nacional. Primeiro, o 2008: chegou para colocar a marca no pujante segmento dos SUVs compactos, mas hoje sai das lojas à média mensal de apenas 700 unidades – os principais rivais têm média de 3.000 a 5.000 unidades.
Agora, quem está sofrendo é o 308. Tudo estava acertado: a Peugeot faria um facelift no atual, importado da Argentina, e ele conviveria com a nova geração, que seria trazida da Europa. O plano foi cortado pela metade e o 308 europeu não vem mais. “Ao menos por enquanto, o plano de importação foi cancelado. E só será retomado quando o cenário econômico melhorar”, diz Sergio Davico, gerente de produto da Peugeot.
Mas, como dizem os economistas, crise é o momento ideal para levantar a cabeça e trabalhar com o que se tem à mão. Então, vamos ao facelift do 308.
O facelift foi discreto, quase que limitado à dianteira do 308. Mas como é ela que mais define a personalidade de um carro, o resultado é percebido de imediato. A grade que ostenta o leão, os faróis afilados de contorno recortado e o capô que continua com volume evidente da base da coluna A até a dianteira não estão lá à toa: juntos, compõem a nova linguagem visual da marca.
No para-choque, a faixa horizontal de plástico preto une os faróis de neblina e causa um efeito que os designers chamam de alargamento da base — vide VW Golf e Renault Sandero. Essa moldura inferior também destaca os faróis de neblina e as barras diagonais com seis pontos de led cada um. Na traseira, as novas lanternas também contam com iluminação com leds.
Elogiada desde o 307, a cabine já sente o peso dos anos. O computador de bordo no centro dos intrumentos é simples, os comandos de áudio ficam numa alavanca atrás do volante e há um espaço vazio no topo do console, anteriormente ocupado pelo visor do rádio. O acabamento e a qualidade dos materiais estão dentro da média do segmento.
Por outro lado, os ocupantes têm à disposição um completíssimo pacote de equipamentos nas duas versões disponíveis, Allure 1.6 THP (R$ 90.590) e Griffe 1.6 THP (R$ 96.590), ambas com câmbio automático de seis marchas e sem opcionais – as versões mais baratas com os motores 1.6 e 2.0 aspirados foram recentemente descontinuadas.
A versão Allure sai de fábrica com airbags frontais, laterais e de cortina (num total de seis), controle de estabilidade, faróis e limpadores de para-brisa automáticos, ar-condicionado digital bizona, piloto automático, limitador de velocidade, assistente em rampas, câmera de ré, luzes DLR de leds, teto de vidro panorâmico, rodas aro 17, fixações Isofix e central multimídia de 7 polegadas compatível com celulares Android e iOS.
Já a Griffe adiciona rodas diamantadas, cintos de segurança dianteiros pirotécnico (que reforçam a tensão em caso de acidente), sensores de estacionamento dianteiro e traseiro (complementando a câmera da Allure), central com GPS e retrovisores rebatíveis eletricamente.
O espaço para ombros e cabeça é bom, tanto à frente quanto atrás, mas para pernas é um pouco reduzido. Por outro lado, o porta-malas traz 430 litros, um dos melhores da categoria.
Ao volante, o motor 1.6 THP faz bonito. Com o pé leve, ele é econômico. Com o acelerador exigido a fundo, a performance é convincente – o 308 acelera e cumpre retomadas mais rápido que o Ford Focus 2.0 e o Golf 1.4 TSI, só perdendo para o Chevrolet Cruze 1.4 turbo dentro do segmento.
Já a direção eletro-hidráulica é um pouco pesada nas manobras e fica devendo na filtragem das imperfeições do asfalto. Outro ponto que o deixa atrás de Golf e Focus é a suspensão (McPherson na frente, eixto de torção atrás), com trabalho um tanto ruidoso.
Os preços entre R$ 90.590 e R$ 96.590 estão um pouco abaixo dos concorrentes. O Cruze hatch LT 1.4 turbo, por exemplo, parte de R$ 91.790 e tem um pacote de equipamentos de série (sem opcionais) bem parecido. O Focus SE Plus 2.0 começa em R$ 96.400. E o Golf 1.4 TSI, sempre mais caro, é tabelado em R$ 101.960.
Com dirigibilidade inferior à dos rivais, o 308 usará a estratégia de tentar fisgar o consumidor com seu vistoso pacote de itens de série e bom custo-benefício. O europeu, mais moderno, conseguiria isso com mais facilidade. Pena que a crise e a alta do dólar jogaram água nos planos da Peugeot.
Teste de pista (com gasolina) – Peugeot 308 Griffe 1.6 THP
Aceleração de 0 a 100 km/h | 9,2 s |
Aceleração de 0 a 1.000 m | 30,7 s – 169,2 km/h |
Retomada de 40 a 80 km/h (em D) | 4 s |
Retomada de 60 a 100 km/h (em D) | 4,9 s |
Retomada de 80 a 120 km/h (em D) | 6,2 s |
Frenagens de 60 / 80 / 120 km/h a 0 | 14,2 / 25,7 / 59,8 m |
Consumo urbano | 10,8 km/l |
Consumo rodoviário | 14,4 km/l |
Ruído interno (neutro / RPM máximo) | 40,3 / 72,1 dBA |
Ruído interno (80 / 120 km/h) | 63,3 / 68,4 dBA |
Rotação do motor a 100 km/h em D | 2.000 rpm |
Ficha Técnica – Peugeot 308 Griffe 1.6 THP
Motor | flex, diant., transv., 4 cilindros, 1.598 cm³, 16V, 173/166 cv (gasolina/etanol) a 6.000 rpm, 24 mkgf a 1.400 rpm |
---|---|
Câmbio | automático, 6 marchas, tração dianteira |
Direção | eletro-hidráulica, 10,8 m (diâmetro de giro) |
Suspensão | McPherson (diant.), eixo de torção (tras.) |
Freios | disco ventilado (diant.), disco sólido (tras.) |
Pneus | 225/45 R17 |
Peso | 1.392 kg |
Peso/potência | 8/8,4 kg/cv (gasolina/etanol) |
Peso/torque | 58 kg/mkgf |
Dimensões | 429,2 cm (comprimento), 206,4 cm (largura), 151,8 cm (altura), 260,8 cm (entre-eixos), 430 l de porta-malas, 60 l de tanque de combustível |
Equipamentos de série | airbags frontais, laterais e de cortina, ar condicionado bizone, bancos de couro, controle de estabilidade (ESP), rodas de liga leve aro 17, retrovisores rebatidos eletricamente, teto panorâmico, central multimídia, senso de estacionamento traseiro e dianteiro, câmera de ré, Isofix e sensores de farol e chuva |