Os bons tempos da Mitsubishi na década de 90
Montadora contava com variadas opções de esportivos, além de modelos que fizeram história nas pistas
Apesar de ainda ter boa representatividade no mercado e uma linha de SUVs e picapes de respeito, a Mitsubishi de hoje não é nem sombra da montadora que marcou a década de 1990 com uma variedade incrível de sedãs, utilitários e, principalmente, esportivos ousados e inovadores que sobrevivem firme e fortes na memória dos entusiastas.
É o caso dos carros que lembraremos a seguir, todos eles comercializados entre o final da década de 80 e o início da década de 90 – não por coincidência, a época de ouro dos fabricantes japoneses, quando o país ainda era considerado um lugar do futuro, antes que o estouro da bolha econômica forçasse suas montadoras a adotarem políticas mais pragmáticas e conservadoras.
Eclipse
Lançado em 1990, o Eclipse foi fruto de uma parceria entre a Mitsubishi e Chrysler. Com tração dianteira, ele foi desenvolvido para ser um esportivo de baixo custo.
Contava com diversas opções de acabamento e, na primeira geração, um característico design em formato em cunha, com faróis escamoteáveis e lanternas interligadas na traseira. Havia até uma versão com tração integral e o motor 4G63 turbo nos modelos GSX.
No entanto, foi a segunda geração de 1995 – mais arredondada, e com direito a uma versão GSX com tração integral e 212 cv – que entrou para a história, principalmente entre os adeptos do estilo tuning após sua aparição no filme Velozes e Furiosos (2001).
Nas gerações seguintes, o Eclipse perdeu carisma e não fez o mesmo sucesso de outrora, sendo descontinuado em 2011.
Galant VR-4
O primeiro Galant surgiu em 1969, mas foi só com a sexta geração, lançada em 1987, que o modelo ganhou fama e sucesso no mundo.
A versão esportiva VR4 apareceu no ano seguinte, como exigência para homologação do modelo que disputou o Mundial de Rali entre 1988 e 1992. Com tração integral e um motor quatro cilindros 2.0 turbo que gerava 195 cv de potência, acelerava de 0 a 100 km/h em 7,3 segundos.
Moderníssimo, tinha suspensão independente semi-ativa, freios ABS e até um sistema de esterçamento das rodas traseiras, semelhante ao que equiparia o 3000 GT, do qual falamos abaixo.
3000 GT
O Mitsubishi 3000 GT fez parte de um tempo no qual os esportivos japoneses tiveram o seu auge: a década de 1990. Com concorrentes domésticos de peso como Honda NSX, Nissan Skyline, Toyota Supra e Mazda RX-7, o 3000 GT (ele se chamava GTO no Japão) não fazia feio.
Apresentado em 1990 com faróis escamoteáveis, ele tinha motor V6 3.0 aspirado de 223 cv ou biturbo de 280 cv, e contava com tecnologias como rodas traseiras esterçantes, suspensão com controle eletrônico e escape com ajuste de níveis de ruído.
Sua aerodinâmica pode ser considerada ativa, pois o defletor dianteiro ficava mais baixo e o aerofólio traseiro assumia novo ângulo quando o modelo atingia 80 km/h. Em 1994, ele atingiu seu auge com leves alterações visuais e um propulsor que agora atingia 324 cv e 43,1 mkgf de torque.
Pajero
Ao contrário dos pseudo-SUVs atuais, o Mitsubishi Pajero sempre foi ao longo de sua história um verdadeiro off-roader – que o diga o insuperável recorde de 12 vitórias no rali Dakar.
Na versão disponibilizada para o Brasil ele era vendido nas versões GLX, GLS e GLZ, com motores V6 3.0 a gasolina e um 2.8 turbodiesel.
A capacidade no fora-de-estrada era mais que garantida pela construção dividida entre chassi e carroceria e pela tração 4×4, com opções de configurações para tração integral permanente, tração 4×2 ou integral com diferencial central bloqueado.
O Pajero já foi um dos utilitários mais vendidos do mundo, e unidades feitas na década de 90 continuam firmes e fortes por aí, mas o modelo perdeu popularidade com o passar dos anos, cedendo espaço para SUVs menores usados 99% nas cidades.
Lancer Evolution I
Sucessor do Galant no Mundial de Rali, o primeiro Lancer Evolution utilizava o mesmo conjunto do Galant VR-4, ou seja, o motor 4G63 2.0 turbo recalibrado para oferecer 250 cv de potência e 31,4 mkgf de torque.
Dez gerações depois, o nome Lancer Evo tornou-se (junto com seu grande rival, o Impreza WRX) sinônimo de carro de rali liberado para as ruas, e um verdadeiro mito entre os entusiastas que sonhavam em transformar seus pacatos sedãs em automóveis de competição.
Sempre com tração integral e a característica – e enorme! – asa traseira, ele fez jus ao nome, e só evoluiu ao longo do tempo. Sua última encarnação, a série limitada John Easton, produzia 340 cavalos e 48 mkgf de torque, além de toda a parafernália eletrônica presente nos esportivos atuais – mas se você preferir, basta desligar tudo e derrapar como se o mundo fosse acabar amanhã.